Top Ten do FBI

Lista dos dez mais procurados tem agora oito nomes

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29 de junho de 2011, 16h29

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James FBI - 29/06/2011 - FBI

Quem entrar, esta semana, na página dos dez foragidos mais procurados pelo FBI, no website da agência, irá constatar que 2011 entrará para a história da célebre lista. Depois de anos sem mudanças significativas, eis que restam oito dos dez criminosos que ilustram o singular ranking. Tudo porque, depois da morte do terrorista Osama Bin Laden, no início de maio, o FBI prendeu, aos 81 anos, em Santa Mônica, Califórnia, em uma operação secreta realizada na semana passada, uma lenda da máfia irlandesa de Boston, que agiu entre as décadas de 1950 e 70.

A prisão do "uma vez temido" gangster James (Whitey) Bulger ocorreu sob sigilo na quarta-feira (22/6) e foi divulgada na quinta-feira (23/6) com a aparição de Bulger e sua namorada de 60 anos em um tribunal de Los Angeles. Os detalhes da ação estão sendo revelados esta semana. O FBI alterou o perfil do mafioso e também do líder da Al Qaeda na sua famigerada lista, com direito a uma tarja vermelha sobre a foto de Bulger, dizendo “capturado” (Bin Laden foi identificado como “morto”). De acordo com o The New York Times, vai levar alguns meses até que o FBI decida que nomes irão substituir Whitey Bulger e Bin Laden. A lista dos "Most Wanted" não é atualizada desde outubro de 2009.

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Osama FBI - 29/06/2011 - FBI

A relação dos nomes com os Dez Mais Procurados é um símbolo da cultura penal norte-americana. Ridicularizada por alguns que a enxergam como uma reminiscência da lei dos povoados do Velho Oeste, ela surgiu em 1950 por conta do pedido de um jornalista, que perguntou ao bureau sobre quem eram os toughest guys, os “caras mais durões”, os quais a agência se ocupava em capturar.

O fato é que James (Withey) Bulger é em si outro ícone da cultura penal dos Estados Unidos. Sua imagem, até então, aparecia em cartazes e informativos com a palavra “procurado”. O FBI contabilizava uma série de trotes com pessoas que afirmavam o terem visto. Suposições sobre sua morte só eram menos populares do que as sobre Elvis Presley.

James Bulger foi preso em um pacato condomínio no subúrbio de Santa Mônica. Vivendo sob identidade falsa, era chamado de Charlie Gasko e morava com a namorada sem levantar suspeitas entre os vizinhos. De acordo com moradores da área, eles eram reclusos. Bulger, ou Charlie, era considerado mal-humorado e afirmava sofrer de enfisema. O que a vizinhança desconhecia era que o casal de velhinhos, Charlie e Carol Gasko, eram na verdade James (Whitey) Bulger e Catherine Graig, ele, o mais temido chefão da máfia irlandesa em Massachussetts há mais de 50 anos. Os dois eram considerados foragidos, e a presença de Bulger na lista dos dez mais procurados era tida como folclórica para alguns críticos. Contudo, não para os agentes que coordenaram a investigação por anos e o prenderam na última semana.

O mafioso e Bin Laden eram os que tinham os maiores valores de recompensa pela captura ou fornecimento de informações verídicas (US$ 27 milhões para o terrorista, US$ 2 milhões para Bulger), e eram, de longe, os nomes mais conhecidos do ranking.

Diante do juiz em Los Angeles, Bulger e Catherine concordaram em ser julgados em Boston, onde as acusações de assassinato e por inúmeros crimes (extorsão, roubo de bancos, sequestro entre outros) são sustentadas até hoje. É naquela cidade que Bulger é mais conhecido do que em qualquer outro lugar dos Estados Unidos. Relatos sobre sua frieza e crueldade são notórios, e seus crimes são lembrados nas escolas em classes sobre a história local. O diretor de cinema Martin Scorcese e o ator Jack Nicholson se inspiraram nele para compor o personagem interpretado por este último no filme Os Infiltrados, de 2006, onde Nicholson faz o papel de um temido chefão da máfia irlandesa na cidade.

Bulger chegou a ser recrutado como informante do FBI nos anos 1970. Mas não durou muito até que a agência se escandalizasse com a série de crimes que o “informante” seguia cometendo, até decidir prendê-lo. O que não ocorreu porque ele escapou e desapareceu, não deixando rastro para as autoridades. A despeito das críticas por tê-lo deixado escapar, o FBI nunca desistiu de prendê-lo e seguiu com a caçada pelas décadas de 1980, 1990 e 2000, encerrada neste mês. Os detalhes sobre a rede de informações que levou à prisão serão formalmente apresentados durante o julgamento do casal de criminosos.

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