Ideias do Milênio

"O próximo ciclo de crescimento será da África"

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2 de junho de 2011, 22h10

Reprodução/Globo News
Entrevista da ativista africana Graça Machel,  ao jornalista Tonico Ferreira para o programa Milênio, transmitido originalmente no dia 5 de janeiro. O Milênio é  um programa de entrevistas do canal de televisão por assinatura Globo News, que vai ao ar às 23h30 de segunda-feira, com repetições às 3h30, 11h30 e 17h30 de terça; 5h30 de quarta; e 7h05 de domingo.

Leia, a seguir, a transcrição da entrevista:

Graça Machel é uma mulher ativa, vibrante e aparenta ter menos do que os seus 65 anos. Nasceu no interior pobre de Moçambique e hoje é reconhecida internacionalmente pela defesa dos direitos das mulheres e das crianças. Foi guerrilheira, lutou contra o colonialismo na África e, agora, participa de conselho de diversas organizações sociais.

Na vida particular, Graça Machel também se sobressai. Casou-se com dois presidentes, de duas nações diferentes, caso único registrado pela História. É viúva de Samora Machel, que presidiu Moçambique depois da Independência, de 1975 até sua morte em 1986. E hoje, está casada com Nelson Mandela, que governou a África do Sul de 1994 a 1999.

Graça estudou em escola Metodista, em Moçambique, e foi universitária, em Portugal. Depois entrou pata a Frelimo, a Frente de Libertação de Moçambique. Com a independência de Mocambique, assumiu o Ministério da Educação e Cultura. Graça perdeu o primeiro marido em um desastre aéreo, que até hoje está mal esclarecido. Nessa entrevista, feita no Centro Ruth Cardoso, em São Paulo, Graça Machel fala de seus amores, de seu continente, a África, e de suas lutas políticas.

Tonico Ferreira – De qual o período de sua vida são as suas lembranças mais fortes?
Graça Machel – É difícil referir a um só período.

Tonico Ferreira – Sua vida é muito cheia, né?
Graça Machel – Porque, eu acredito que eu estou a viver muitas vidas em uma só. Então, direi que o período de maior realização para mim, foram os primeiros anos de independência de Moçambique, quando eu fui ministra da Educação. Era um período de uma grande generosidade, de uma grande entrega social. Todos nós irmanados no grande diálogo de fazer o país crescer, transformar-se. E nós conseguimos resultados, particularmente, no setor de Educação, que eu dirigia, espetaculares. Isso deu um grande sentido de realização. Eu sinto que, talvez, seja o melhor período da minha vida.

Tonico Ferreira – Foi na Europa que a senhora teve os primeiros contatos com o socialismo, com a luta pela independência de Moçambique? Como foi esse processo?
Graça Machel – Eu tinha o contato com a luta pela libertação de Moçambique, em Moçambique. Mas era extremamente difícil, lá era um ambiente muito perigoso, muitos jovens tinham sido presos. Mas agora, exercer uma atividade com uma relativa liberdade foi em Portugal, de fato. É quando eu me junto ao Marcelo, na clandestinidade, e nós trabalhamos para fazer a ligação com a nossa sede internacional. Nós tínhamos um elemento de ligação que estava baseado na Argélia, que regularmente ia a Paris, e de lá, nós fazíamos, então, o envio das informações que nós colhíamos em Portugal.

Tonico Ferreira – E nesse período, como foi o seu encontro com o comandante guerrilheiro Samora Machel? Foi uma admiração que virou paixão?
Graça Machel – Francamente, não foi amor à primeira vista. Nós desencadeamos uma relação de comunicação intelectual que nos fascinou um com o outro, não é verdade? E depois, o resto é história, o que aconteceu. Mas, eu quando chego, Samora já era presidente da Frelimo. E ficou muito interessado de saber diretamente de uma pessoa que tinha estado a relativamente curto espaço de tempo em Moçambique e em Portugal. Como é que era o desenvolvimento dessa impressão em Portugal. Na minha célula clandestina, nós tínhamos acesso até às lições que eram dadas, nós chamados Centro de Estudos Estratégicos.

Tonico Ferreira – Vocês tinham um espião dentro desse centro?
Graça Machel – Tínhamos, um jovem.

Tonico Ferreira – Que era um moçambicano branco?
Graça Machel – Exato.Era um moçambicano branco e, por isso, eles não desconfiavam dele, julgavam-no português automaticamente. Então, esse entendimento de como os portugueses pensavam, como eles estrategizavam o desenvolvimento da luta, foram as primeiras discussões que nós tivemos. Depois, entramos nas discussões de como a juventude em Moçambique via a luta de libertação, as dificuldades, a questão da alienação, não alienação. Nós tivemos discussões muito intensas. E foi nesse processo que começamos a ter admiração um pelo outro e depois, pronto, o resto aconteceu.

Tonico Ferreira – E depois já da Independência, casada com o presidente Machel, a senhora se tronou ministra da Educação e da Cultura. A senhora que escolheu esse cargo? Por quê?

Graça Machel – Não. Ninguém escolhia cargos naquela altura. Eu devo dizer que chorei, porque ligaram para mim e disseram: “Faz o favor de ouvir o noticiário das 19 horas". Eu disse: “O que que se passa?” Disseram: “Escuta anunciar.”. E foi assim que eu fui informada que eu era a ministra o ouvir pelo noticiário.

Tonico Ferreira – Seu marido, em casa, não falou nada?
Graça Machel – Nós não éramos casados ainda. E Samora me conhecia muito bem, se ele começasse a tentar me informar, eu haveria de argumentar. E ele decidiu não me informar e colocar como fato consumado. Eu, claro, fiquei muito perturbada, porque não me sentia suficientemente preparada para assumir um cargo de tamanha responsabilidade. Mas todos nós éramos chamados a fazer aquilo que era necessário. Quando falei com o presidente, eu disse: “Eu não posso ser ministra da educação.”  Ele disse: “Por que?” Eu disse: “Eu não sei o que fazer.” Ele disse: “Mas, eu alguma vez fui presidente? Algum de nós, de todos os nossos camaradas, já exercemos as funções a que somos chamados? Se cada um de nós se der ao luxo de escolher, tenho a impressão que nós não poderemos fazer esse país andar para frente.” Portanto, tínhamos que aprender, tínhamos que encontrar as formas mais justas de galvanizar as forças vivas dos nossos ministérios, para realizar as tarefas que se impunham, né?

Tonico Ferreira – Foram anos difíceis, porque havia uma guerra civil, que durou 16 anos, havia problemas econômicos grandes. Houve desespero em algum momento?
Graça Machel – Os primeiros sete anos foram os tais momentos áureos de que eu estou a falar. Foram momentos realmente muito, muito bons. Mas depois quando a guerra cai sobre nós, vimos aquilo que estávamos a construir a desmoronar-se pouco a pouco. No meu caso, eram as escolas a serem destruídas, eram os professores que eram raptados e alguns mortos. Eram as minhas crianças que eram mortas, outras movidas para campos de refugiados. Foi um momento extremamente difícil. Mas também foi nesse momento, no meu caso pessoal, que comecei a procurar alternativas para crianças que tinham sido traumatizadas, crianças que tinham perdido, às vezes, seus próprios pais. Como lhes dar uma segunda oportunidade de serem crianças outra vez, voltarem a aprender e terem vontade de aprender e se sentirem confiantes com o apoio das comunidades. Porque as nossas famílias e comunidades eram muitos solidárias naquele tempo.

Tonico Ferreira – Vou entrar agora em um assunto delicado. O que realmente aconteceu na noite de 19 de outubro de 1986, quando o avião Tupolev, com tripulação da, então, União Soviética caiu, causando a morte de seu marido, Samora Machel, e de outras 33 pessoas?
Graça Machel – Ainda hoje tenho dificuldade de falar dessa noite. O que eu sei é que eles partiram de Zâmbia de regresso a Moçambique. E o avião foi desviado, seguiu um VOR [Very High Frequency Omnidirectional Range, equipamento eletrônico de navegação aérea] que era falso. Houve uma interferência no voo, que suprimiu um VOR de Maputo e introduziu um VOR mais potente e que o avião seguiu esse VOR, segundo dizem…

Tonico Ferreira – Uma espécie de rádio farol?
Graça Machel – Exatamente. Dizem que esta é uma regra de ouro dos pilotos. Eles seguem o VOR, é aquilo que lhes permite no ar saber qual a direção que devem seguir. Portanto, esse mais potente é que os orientou para a direção das montanhas, onde o avião, depois…

Tonico Ferreira – E quem teria feito isso?
Graça Machel – Os sul africanos. Mas não estavam sozinhos. Os sul africanos foram o instrumento…

Tonico Ferreira – O governo do apartheid?
Graça Machel – O governo do apartheid, na altura, foi a mão que executou. Tinham motivações para fazer isso. Mas há muitas outras forças por detrás disso. E eu, francamente, não gostaria de entrar nisso agora.

Tonico Ferreira – Mudou sua vida?
Graça Machel – Profundamente. Nunca mais fui a mesma pessoa. Tive um momento difícil de me reorganizar, mas tinha razões muito fortes, muito fortes para continuar a viver. E aqui estou.

Tonico Ferreira – Aí é que a senhora talvez tenha conseguido essa força muito grande para lutar por essas causas internacionais das crianças, da educação, das comunidades. Esses são os grandes temas da África de hoje ainda?
Graça Machel – A África celebrou os 50 anos de libertação do colonialismo. E a África está em um processo de se redefinir, de se reencontrar e estabelecer as suas próprias opções profundas, menos influenciada pela herança colonial, que nós, naturalmente, tivemos que viver com ela durante os primeiros anos, primeiras décadas, assim posso dizer. A África está a crescer economicamente, deve saber…

Tonico Ferreira – Mesmo no ano da crise, cresceu…
Graça Machel – Mesmo no ano da crise, a África continua a crescer. Portanto, há sinais muito positivos, quer dizer, que as tais políticas macroeconômicas e as reformas, dão uma certa estabilidade aos países africanos. Mas os países africanos têm desafios muito grandes ainda. Com, por exemplo, resolver o problema do crescimento econômico sem reduzir a pobreza. Nós temos esse desafio. Em qualquer país africano há realmente um desequilíbrio entre aquilo que é o índice de desenvolvimento econômico e o bem estar das pessoas. Temos muitas lições a aprender aqui do Brasil. Por sinal, temos que vir cá aprender. Mas a África, também, já produziu grupos significativos daquilo que se pode chamar de classe média. Em países, há diferenças, uns mais do que outros, mas essa classe média começa a assumir já responsabilidade. População jovem com uns 40 e mesmo aqueles que estão perto dos 50 anos, não são os jovens do colonialismo, não, não, não. Na altura da proclamação da independência, se calhar, tinham um ano, dois anos de idade. Eles cresceram em uma África livre, independente, e formaram-se em uma realidade em que há muito mais foco no interesse dos africanos, não no interesse do colonial. É esta classe que está a transformar o nosso continente, são esses grupos de jovens, formados nas nossas universidades em África, muitos deles formados na Europa, formados nos Estados Unidos. Esses jovens é que começam. E o que é muito importante é que já tem redes de comunicação, África Oriental, Ocidental, Austral. E comunicam, pensam o futuro juntos. Essa é a grande esperança da África.

Tonico Ferreira – Em meio a toda a sua atividade internacional, deixa eu entrar mais uma vez nas questões mais pessoais. A senhora teve um encontro com outro grande herói da África, que é Nelson Mandela. Como foi isso?
Graça Machel – Eu não gosto de falar dessas coisas… (risos) Fico sempre muito embaraçada, porque são questões privadas, não são questões para o público. Sim, nós somos figuras públicas, temos responsabilidades sociais muito grandes e acabamos por decidir que “pronto, é melhor nós nos juntarmos”. Mas devo dizer que foi um encontro de dois corações que tinham sofrido muito e que tinham grande necessidade de ternura. Mas para dizer, honestamente, o grande amor de Nelson não é Graça, é Winnie. E, provavelmente, o grande amor de Graça não é Nelson, é Samora. Mas nós temos uma grande ternura um pelo outro e dedicamo-nos. Portanto, é uma relação de adultos, é uma relação de duas pessoas adultas, como disse, com uma grande ternura um pelo outro. Mas não é aquela paixão da juventude, em que enche seus olhos com amor, não, não, não. Nós temos também uma grande comunicação intelectual, partilhamos de muitas das causas que eu abracei antes de eu o conhecer e ele já era o que era quando eu o conheci. Há muito que nós partilhamos, mas também, mantemos até hoje uma vida independente um do outro. Do ponto de vista de nossas atividades, nós temos o respeito de deixar que cada um se realize. E isso, tenho que reconhecer, quer Samora, quer Nelson permitiram que eu fosse eu própria, apesar deles serem aquelas figuras que são, dominadoras. São figuras dominadoras do espaço político, até no mundo e tudo. Não é muito fácil você estar sob essas asas e continuar igual a si próprio, não é?

Tonico Ferreira – E como a senhora avalia a integração étnica na África, de hoje, tendo em vista eu muitos países ali, tiveram suas fronteira traçadas na Europa, por potências coloniais? Hoje, como se faz isso? Que é um problema que surgiu e que ficou lá, né?

Graça Machel – Aliás, umas das reflexões que agora está a surgir em termos de reinventar o nosso próprio desenvolvimento e nosso próprio futuro é, precisamente, olhar para os povos que nós somos e olhar menos para as fronteiras políticas que nos foram impostas. E, portanto, os tais chamados grupos étnicos, alguns deles estão sediados, estão em uma região, em três, quatro países. É isso que nós temos que tentar compreender, como é que essas pessoas têm as dinâmicas internas, as suas redes sociais, as suas crenças, os rituais que realizam. Como eles se definem, como indivíduos, como cidadãos. E no contexto africano, eu sou porque tu és. E tem sempre uma grande rede de solidariedade que existe entre eles. É nessa base que devemos construir o nosso país, o nosso futuro. E não, necessariamente, nas fronteiras que dividem, que são as fronteiras políticas que nos foram impostas, sem ignorar que essas fronteiras políticas existem, mas não lhes dar demasiada importância, porque não são elas que vão definir quem nós realmente somos.

Tonico Ferreira – Vamos falar de um problema muito grave da África Austral, que é a AIDS. Vocês chamam SIDA, né?
Graça Machel – Chamamos SIDA [Aids é a sigla em inglês para Sindrome de ImunoDeficiência Adquirida], sim.

Tonico Ferreira – A África do Sul e Moçambique têm altos índices de pessoas adultas infectadas pelo HIV, 18 e 12%, respectivamente. O que fazer para mudar esse quadro?
Graça Machel – Muito complexo. Esta é uma pandemia que já marcou profundamente o nosso tecido social. E nós vamos levar algumas décadas para transformar o AIDS em uma doença crônica, tão crônica quanto o cancro ou diabetes e outras coisas. Vamos levar muito tempo para chegar lá. Por quê? Porque temos que ganhar a batalha da prevenção, as pessoas tem que internalizar que eles têm que prevenir para fazer baixar drasticamente os índices de infecção. Isso não está a acontecer no ritmo que nós desejamos, apesar dos grandes investimentos que estão a ser feitos em campanhas de sensibilização e conscientização das pessoas. Segundo, nós precisamos expandir muito mais, muito mais, não sei quantas vezes mais, o serviço que permita acesso ao tratamento. Já há um grande esforço feito nisso, mas ainda há pessoas que precisam de tratamento e ainda não têm acesso. Porque com acesso ao tratamento, as pessoas têm uma vida produtiva longa e realizam-se, quer dizer, já não é um grande problema, já não é uma sentença de morte, assim, diríamos. Mas os serviços de tratamento são muito, muito, muito aquém das necessidades. Em terceiro lugar, nós temos a grande herança de crianças órfãs, são milhões, que nós temos que aprender o que quer dizer educar, criar as gerações de crianças que não vivem em uma família tradicionalmente estruturada, com pai e mãe. Famílias em que muitas vezes, é o irmão ou a irmã mais velha que é o chefe de família. Famílias até que, por vezes, estão forçadas a estarem distribuídas entre irmãos mais velhos e, às vezes, até tios, primos, etc. Então, há todo um problema social de dimensões enormes, que nós ainda estamos a tentar compreender, para lidar com ele e para podermos controla-lo, sentir que está realmente sob nosso controle.

Tonico Ferreira – No campo da prevenção, qual é o impacto de declarações como a do presidente da África do Sul, Jacob Zuma, que certa vez disse que uma ducha, após uma relação sexual diminui o risco da infecção?
Graça Machel – Não, isso foi, foi uma declaração desastrosa, eu diria, desastrosa. Mas, pronto. A África do Sul já lidou com isso e pertence, portanto, a um passado recente. Agora, o mérito que ele tem, é de que em relação à AIDS o governo dele tem uma política muito mais aberta. Aceita o problema, com as suas dimensões, com as suas repercussões e há uma tentativa. A comissão nacional, que trata desses assuntos, conseguiu agregar inclusive as organizações da sociedade civil, incluindo instituições de pesquisa. Portanto, o movimento nacional para lidar com a AIDS na África do Sul, hoje, é muito mais construtivo, do que era antes. E talvez seja uma forma de dizer que Jacob Zuma está a se redimir dessa declaração desastrosa que ele fez há anos, não é verdade? Ele, agora, é considerado um elemento agregador das forças que estão a confrontar a pandemia.

Tonico Ferreira – Nós vamos encerrar a nossa entrevista, com uma pergunta mais sobre a África de hoje e o futuro. Como é que a senhora vê o futuro desse continente?
Graça Machel – Eu disse há pouco que a África se está a transformar. Aos olhos de uma pessoa pouco atenta, pode-se pensar que a África é aquela só da pobreza, do AIDS, da malária, etc. Mas há, realmente, uma transformação profunda que está vindo debaixo. É um continente grande, é um continente velho, que se está a rodar e, portanto, é uma rodagem lenta. Mas eu acredito, para sumarizar, hoje, o mundo olha para a Ásia como um continente que está a emergir com grande força. Amanhã, é a África. Quem for atento, deve começar a olhar para a África como destino daquilo que, nas próximas duas ou três décadas, a África vai ser o centro de atração para investimento, para crescimento. Já está a começar e vai ser, sem dúvida nenhuma. Portanto, o ciclo, pode ter saído do Ocidente para a Ásia. Mas volta para o território velho, a África.

Tonico Ferreira – De onde surgiu a humanidade.
Graça Machel – Exatamente. Para a África mãe, mãe da humanidade. Sem dúvida, acredito nisso.

Tonico Ferreira – E a senhora vai continuar ainda por muito tempo sendo esta ativista.
Graça Machel – Eu não estarei lá. Mas eu já fiz paz com isso, eu já estou a pensar nas instituições que vão ser herdadas pela minha neta. Estou muito feliz por isso, porque tenho a oportunidade, tive o privilégio de participar de um momento histórico que é único. Todos os outros que vierem depois da independência vão ter outros papéis a desempenhar. Mas aquele, do povo moçambicano, é único. Fiz parte dele, estou em paz!

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