Livro aberto

Os livros da advogada e professora Juliana Abrusio

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14 de julho de 2011, 15h23

Spacca
Caricatura: Juliana Abrusio - 13/07/2011 - SpaccaAs pessoas costumam pensar que eu sou mais nova do que realmente sou, antigamente isso me incomodava, mas hoje em dia me acostumei.” De fato, ao olhar para Juliana Abrusio, advogada e professora de Direito nos Meios Eletrônicos e Propriedade Intelectual da Universidade Mackenzie, vemos uma mulher jovem, sem marcas de expressão, corpo magro. A figura leve não se encaixa muito bem ao ideal de professora e sócia do escritório Opice Blum. No entanto, não é necessário muito tempo de conversa para que o peso cultural trazido pela advogada comece a transparecer na firmeza de seu tom de voz. Seus hábitos de leitura revelam uma perene preocupação com os valores humanistas, que reforcem suas convicções, posteriormente usados no exercício de sua profissão.

Juliana estreou no mundo dos livros com Tesouros da Juventude, coleção recomendada por seu pai, um apaixonado por literatura, razão pela qual a casa sempre foi cheia de estantes. A coletânea teve um significado especial para ela, pois foi um dos livros da infância do pai, logo, ela estava fazendo o que pai fazia, o que, de alguma forma ajudava a reforçar os laços entre eles.

Literatura
O hábito pela leitura acabou por acompanhá-la. A época de escola foi marcada por Clarice Lispector, com A Hora da Estrela, cuja escrita envolvente a cativou a ponto de não conseguir deixar o livro de lado até que lidas as últimas linhas.

O Alienista, de Machado de Assis, chamou sua atenção por abordar um tema que, hoje em dia, a advogada considera relevante para discussões jurídicas. O livro fala de um psiquiatra, Dr. Bacamarte, que criou padrões na sociedade, até que chega ao ponto que ele, em resumo, conclui que todos devem passar por tratamento, pois todos se encaixam em um padrão de loucura. Para a advogada, "isso revela a reflexão do período, que é você taxar, padronizar as pessoas. É necessária uma reflexão que vá além disso. Para não cometer equívocos".

Livro de cabeceira
A Bíblia Sagrada, ao contrário do que acontece em muitas casas, não está na cabeceira de Juliana apenas de enfeite. A advogada se debruçou sobre a Bíblia, já a leu de capa a capa, todos os 66 volumes. Vira e mexe faz consultas. Para Juliana a Bíblia é muito mais do que um livro religioso, pois traz preceitos éticos e morais que acabam servindo de guia para o dia a dia, além de ser uma grande fonte histórica.

A advogada observa que a Bíblia fala de todos os assuntos, traz questões históricas, de relacionamento, de saúde, de educação, religiosas, legais e até princípios jurídicos, como "o caso de Ruth, que ao ficar viúva, precisou casar-se com o parente mais próximo, o que seria equivalente a pensão hoje em dia".

O fascínio pelo livro secular não é uma tradição de família, muito pelo contrário, o que motivou a advogada a esmiuçar a linguagem complexa, rebuscada e para muitos, enfadonha, da Bíblia, foi justamente o fato do seu pai, um físico e estudioso, adepto da liberdade de escolha, ter passado boa parte de sua vida se autodeclarando ateu. Diante de tamanho ateísmo, a professora viu nascer a necessidade de ler o livro para tentar entender o oposto do ateísmo.

Li e recomendo
Outras recomendações da advogada são: O Fim do Começo, de Carolina Costa

Cavalcanti, que fala sobre momentos do cotidiano comum de uma família e as recompensas que uma pessoa pode ter ao ser fiel a seus princípios. E Não há silêncio que não termine, de Ingrid Betancourt, candidata à Presidência pela Colômbia presa pelas Farcs, que acabou passando sete anos na selva amazônica, sendo que em quatro deles esteve presa em uma árvore por uma coleira. “Conta a experiência dela como prisioneira e mesmo em meio a tanto sofrimento, ela se mostrou resiliente e vencedora por não ter se deixado prender dentro de sua mente, mesmo tendo que assistir a loucura de outros prisioneiros ao seu redor”, narra a professora.

Livros Jurídicos
Quando o assunto são livros jurídicos, a entrevistada se diz apaixonada por História do Direito, e cita A Cidade Antiga de Foustel de Coulanges, que conta como era o Direito nas sociedades antigas, como Roma e Grécia e Introdução Histórica ao Direito, de John Gilissen.

Aos interessados em Direito Eletrônico, área de atuação de Juliana, ela cita Code II V, de Lawrense Lessig, professor de Harvard. O livro tem servido de inspiração para muitos interessados. Outro livro bem atual é o Delete: the virtue of forgetting in the digital age de Viktor Mayer-Schonberger. A tradução do título seria algo como, "A virtude de ter as coisas esquecidas na era digital". A obra trata de um assunto bem atual, que é a nova forma de exposição trazida pela internet, onde informações pessoais podem ser encontradas em um simples site de busca, e muitas delas podem acabar prejudicando a imagem e até a reputação de uma pessoa.

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