Conflito trabalhista

Setor bancário faz acordo para reduzir assédio moral

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24 de janeiro de 2011, 19h58

A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf) e a Federação Nacional de Bancos (Fenaban) vão assinar nesta quarta-feira (26/1) acordo para reduzir os casos de assédios moral em instituições financeiras. A partir do termo, será criado um canal de comunicação entre sindicatos de bancários e bancos para que qualquer tipo de conflitos entre funcionários e chefes, inclusive os assédios, possam ter a solução acompanhada pelas entidades de classe. A informação é da Agência Brasil.

De acordo com pesquisa feita pela Contraf, oito em cada dez funcionários de bancos do país afirmam que o assédio moral é o maior problema que enfrentam no trabalho. A pesquisa foi feita em junho de 2010 com 1.203 empregados de bancos de todo país. Para a maioria, o combate aos abusos dos chefes é a ação mais importante a ser promovida por empresas e sindicatos.

O secretário-geral da Contraf, Marcel Barros, acredita que a assinatura do termo é o reconhecimento dos bancos de que os abusos são um problema recorrente do setor. Ele afirmou que os bancários reclamam com frequência da cobrança sobre o cumprimento de metas estabelecidas pelas empresas do setor financeiro e que são expostos a situações vexatórias quando não alcançam os objetivos. "Houve um caso em que um trabalhador foi indicado como o pior colocado em um ranking de resultados no meio de uma reunião com funcionários de várias agências. Ainda recebeu uma vaia dos colegas e chefes presentes", exemplificou Barros à Agência Brasil. "Isso é uma humilhação e um tipo de assédio moral."

Dignidade humana
O juiz do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo Francisco Pedro Jucá, que apoia o acordo, contou que as denúncias de assédio que chegam à Justiça têm aumentado ano a ano de trabalhadores de todos os setores da economia, porém, a questão é mais perceptível nos bancos.

Jucá espera que o acordo entre bancos e bancários estimule a discussão do assunto e, por consequência, a redução dos casos de assédio. "Assédio moral é um assunto relativamente novo nos ambientes de trabalho do Brasil", disse. "Precisamos aumentar a consciência de patrões e empregados sobre isso. Assédio não é uma questão somente trabalhista, mas também de dignidade humana."

Já o diretor de Relações do Trabalho da Fenaban, Magnus Ribas Apostólico, admite que há casos de assédio no setor bancário, porém, não há relação direta com a atividade financeira. "Os gerentes são alguns dos milhares de empregados dos bancos e, às vezes, cometem erros. Os abusos ocorrem em bancos como em outras empresas." Apostólico ressalta que a assinatura do acordo demonstra que os bancos estão comprometidos com a redução do número de casos de assédio.

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