Ação histórica

FBI faz a maior operação contra a máfia nos EUA

Autor

21 de janeiro de 2011, 9h38

fbi.gov
FBI faz a maior operação contra a máfia nos EUA - fbi.gov

Cerca de 800 agentes federais, policiais e investigadores, participaram, nesta quinta-feira (20/01), da maior investida contra a máfia na história dos Estados Unidos. O procurador-geral dos EUA, Eric Holder (cuja autoridade equivale a de um ministro de Justiça), anunciou, durante um encontro com a imprensa ocorrido no distrito de Brooklyn, Nova York, que 127 pessoas ligadas ao crime organizado na costa leste do país foram presas na manhã de quinta-feira. É a maior operação articulada deste porte na história do combate ao crime nos EUA.

De acordo com a imprensa local, as prisões realizadas alteram o mapa de atuação e a estrutura de facções mafiosas em atividade nos estados de Nova York, New Jersey e Rhode Island. O foco da ação centrou-se em membros de sete famílias da máfia de origem italiana na região.

Os suspeitos presos nesta quinta são acusados de assassinato, lavagem de dinheiro, extorsão, agiotagem, tráfico de drogas, além de inúmeros outros crimes. De acordo com o procurador-geral dos EUA, Eric Holder, o que torna a ação do FBI sem precedentes é que, desta vez, as delações possibilitaram reunir provas inquestionáveis para desmantantelar lideranças da máfia italiana na costa leste. Prisões foram realizadas também na Itália, simultaneamente à operação ocorrida nesta quinta-feira nos EUA.

Liderada pelo FBI, a Polícia Federal americana, a investigação contou com a colaboração de informantes, a maior parte deles ex-membros da máfia italiana dos Estados Unidos. A colaboração de ex-criminosos em uma operação desta extensão foi considerada pela imprensa dos EUA como um indício definitivo de que referências e padrões no funcionamento do crime organizado na costa leste foram alterados. Como, por exemplo, os códigos de silêncio e honra tão caros à máfia italiana dos Estados Unidos e celebrizados em filmes de gangsters.

"Usamos todas as ferramentas disponíveis. O voto de silêncio é mais mito do que realidade agora", disse Janice Fedarcyk, assistente da divisão nova-iorquina do FBI. Ela detalhou ainda, durante o encontro com jornalistas realizado na quinta-feira, que a colaboração de ex-criminosos e o uso de escutas telefônicas foram decisivos para se reunir as evidências.

As emissoras de TV dos EUA passaram a manhã e parte da tarde de quinta-feira ocupadas do assunto. O jornal Los Angeles Times, a despeito da importância e do sucesso da ação do FBI, descreveu as imagens dos mafiosos sendo detidos por agentes federais como cenas de um "filme barato de gangsters". "[…]alguns suspeitos — principalmente homens de meia-idade ou mais velhos ainda — levados pelos agentes, apareciam algemados, com barrigas salientes, usando jeans largos ou calças de moleton. Muitos tinham nomes tirados de roteiros cinematográficos de paródias de filmes do gênero: "Johnny Pizza", "O Touro", "Baby Fat", "Mush", "Geleia" e "Almôndega" […]", descreveu assim a cobertura televisiva das prisões Tina Susman, correspondente do Los Angeles Times em Nova York.

Foi um golpe duro para o crime organizado no país. Chefes das famílias mais conhecidas da máfia foram detidos na manhã de quinta. Entre os presos estão Andrew Russo, 73 anos, um dos chefes da Família Colombo; Bartolomeu Vernace e Joseph Corozzo, da Família Gambino; e John Sonny Fanzese, que já conta com 93 anos é uma lenda na história da Máfia em Nova York.

Batizadas, genérica e informalmente, de La Cosa Nostra (como a máfia da Sicília), os grupos encabeçadas por descendentes de italianos nos EUA passaram, nas últimas décadas, por uma importante mudança de perfil. Formados ainda pelos imigrantes italianos recém-chegados na América no início do século 20 e mobilizados por descendentes nascidos no país, os núcleos familiares ítalo-americanos dedicados ao crime organizado perderam território, nos últimos tempos, para outras máfias étnicas como as de origem asiática e hispânica.

Hoje em dia, as famílias da máfia de origem italiana nos EUA estão, em sua maioria, concentradas em subúrbios ocupados por descendentes de italianos, como o distrito de Staten Island em Nova York e cidades do estado de New Jersey próximas à fronteira com Nova York. Apesar de anos combatendo o atuação dessas famílias, o FBI nunca pôde realizar uma operação desse tipo por dificuldades em reunir provas para sustentar as acusações.

Autores

Tags:

Encontrou um erro? Avise nossa equipe!