Ideias do Milênio

"A desigualdade na China é maior do que nunca"

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25 de fevereiro de 2011, 10h18

Divulgação/GloboNews
Jornalista Lijia Zhang e a repórter Elizabeth Carvalho - Divulgação/GloboNews

A desigualdade social na China é maior do que nunca. Nos últimos anos, todos se beneficiaram com a reforma econômica, mas a disparidade também ficou maior, de acordo com a jornalista Lijia Zhang. Em entrevista, concedida à jornalista Elizabeth Carvalho, no programa Milênio, da GloboNews, a chinesa explica que o problema é pior do que no Brasil, porque em seu país não existe previdência social, que poderia ajudar os pobres.

Lijia trabalhou desde os 16 anos como operária em um complexo armamentista estatal em Ninjing, mas nunca se acostumou com o rigor e o controle do governo sobre os cidadãos. “Eu tenho cabelo cacheado, não faço permanente. Trabalhei 10 anos na fábrica e nunca fui promovida. Um dos motivos era o meu chefe pensar que eu fazia permanente. Naquela época, só gente com estilo de vida burguês fazia permanente. Eu não tinha a ideologia correta. Portanto, não merecia ser promovida.”

Relatos como esse compõem a autobiografia — “A Garota da Fábrica de Mísseis” — em que a jornalista conta sobre a sua vida na China dos anos 1980. Hoje, Lijia Zhang vive em Beijing e colabora para jornais ingleses e americanos.

O Milênio é transmitido pela Globo News às 23h30 de segunda-feira, com repetições às 3h30, 11h30 e 17h30 de terça-feira, às 5h30 de quarta e às 7h05 de domingo.

Leia a entrevista de Lijia Zhang a Elizabeth Carvalho:

No início dos anos 1970, quando a República Popular da China rompeu um isolamento de duas décadas e abriu as suas portas ao Ocidente e ao capital estrangeiro, o líder Deng Xiaoping criou um ditado inesquecível para a geração que se tornou adulta depois de encerrada a Revolução Cultural de Mao Tsé-Tung: Não importa se o gato é preto ou branco, dizia Deng Xiaoping, o que importa é que ele cace o rato.

Desde então, em um curto espaço de tempo, a China chorou a morte de Mao e enterrou a sua era. Levou ao tribunal alguns dos seus mais próximos colaboradores, imortalizado no julgamento da Camarilha dos Quatro. E hoje vai deslocando para a Ásia o epicentro do capitalismo global.

Tian’anmen é um produto destes tempos de transição que culminaram nos eventos da praça Tian’anmen em 1989. Operária desde os 16 anos de um gigantesco complexo armamentista estatal em Nanjing, Lijia foi uma espécie de gata em guerra com o conservadorismo de uma sociedade sufocada por regras e fechada em si mesmo. Uma das ratazanas mais difíceis da caçada dos anos do grande salto chinês, com taxas de crescimento de 10% ao ano.

A rebeldia de Lijia e sua obstinação na quebra de barreiras é a matéria prima do livro autobiográfico “A Garota da Fábrica de Mísseis”, recém lançado no Brasil. Uma história que começa com uma fábula milenar sobre uma rã que vive em uma poça rasa sem conhecer a dimensão do oceano e termina com uma jornalista independente que vive em Beijing e colabora para os principais jornais ingleses e americanos. Uma história privada que ajuda a decifrar o enigma chinês e as razões de seu sucesso neste século 21.

Elizabeth Carvalho — Um sapo num poço raso. Ao ler seu livro, não pude deixar de comparar a vida da jovem trabalhadora chinesa com a vida da jovem trabalhadora brasileira durante os anos 1980. Mesmo com toda a tenacidade e a perseverança que você mostra ter em seu livro, a brasileira jamais seria capaz de obter o êxito que você obteve na sua vida. Você morava em Nanquim, que, obviamente, não era nenhum paraíso. Na verdade, nenhuma fábrica é um paraíso. Havia prédios residenciais para os operários e a família deles, jardins de infância, escolas, um hospital, casa de banho, refeitórios e uma biblioteca, que foi o seu primeiro refúgio dentro da fábrica. Parece que o poço não era tão ruim para aquele sapo.
Lijia Zhang — Naquela época, ser operário de uma fábrica e trabalhar numa empresa estatal não era um emprego ruim. O trabalhador tinha alguns benefícios, como um salário que não era de todo ruim e o benefício “tigela de arroz de ferro”, que dava aposentadoria e estabilidade no emprego. Mas todos esses benefícios tinham um preço. Eu achava que minha vida era muito controlada. Tínhamos que obedecer a muitas regras. No meu 1º dia na fábrica, tivemos uma reunião, na qual nos expuseram uma longa lista do que não podíamos fazer. Não podíamos usar sapato de salto alto nem batom. Durante o 1º ano na fábrica a pessoa não podia namorar. Sempre nos diziam como o mundo capitalista era cruel. Eu li “Oliver Twist”, de Dickens, que mostrava como era cruel o mundo capitalista, mas, na juventude, eu não fazia esse tipo de comparação. Eu não era feliz. Meu mundo era muito pequeno. Eu queria me libertar. Como você notou, eu tenho cabelo cacheado. É natural. Eu não faço permanente. Eu trabalhei 10 anos na fábrica e nunca fui promovida. Um dos motivos era o meu chefe pensar que eu fazia permanente. Naquela época, só gente com estilo de vida burguês fazia permanente. Eu não tinha a ideologia correta. Portanto eu não merecia ser promovida. Assim era aquele mundinho, com muitas regras. Em relação à menstruação, todo mês, as operárias tinham que ir a um inspetor, para mostra o sangue menstrual e provar que não estavam grávidas. Então, recebíamos um pacote de absorvente íntimo. Diziam que estavam cuidando do bem-estar da mulher, mas isso era parte de um rígido controle de planejamento familiar.

Elizabeth Carvalho — Você tinha apenas 2 anos quando eclodiu a Revolução Cultural, em 1966. Na verdade, você pertence à geração da Praça da Paz Celestial. Pode-se dizer isso.
Lijia Zhang — É.

Elizabeth Carvalho — Há enormes diferenças entre uma geração e a outra, incluindo, principalmente, o comportamento cultural, como você descreveu tão bem no seu livro.
Lijia Zhang — A minha geração teve mais oportunidades. Afinal, na China, Deng Xiaoping introduziu a reforma econômica no final dos anos 70, em dezembro de 1978.

Elizabeth Carvalho — A China cresceu muito também.
Lijia Zhang — Isso.

Elizabeth Carvalho — Desde 1949.
Lijia Zhang — Cresceu, sim. Se compararmos a minha geração com a dos meus pais, nós tivemos mais oportunidades. Sempre lamento por minha mãe. Ela era muito inteligente e determinada, mas nunca chegou a lugar algum na vida. Eu me sinto muito sortuda por ter chegado lá. Eu percorri um caminho longo e trabalhei duro porque eu tive sorte e porque a China havia mudado. Senão, teria sido impossível.

Elizabeth Carvalho — A China estava começando a mudar nessa época.
Lijia Zhang — Isso. Nos anos 1980. Eu também quis escrever sobre a China por isso. No livro que escrevi foi sobre os anos 80, eu me expus bastante. Foi a era mais fascinante e importante da China contemporânea, quando a China começou a mudar, a abrir suas portas. A reforma econômica de Deng Xiaoping transformou a China não só no campo econômico.

Elizabeth Carvalho — Também existia uma adoração à cultura anglo-saxã, principalmente aos Estados Unidos, que era o sonho de muitos, inclusive o seu. O que era tão empolgante nos EUA para os jovens chineses da época?
Lijia Zhang — As oportunidades. Primeira e obviamente, a nossa versão dos EUA era romantizada. Agora, tendo morado nos EUA, eu não penso que os EUA sejam uma sociedade absolutamente perfeita. É materialista demais para mim. É claro que a democracia é maravilhosa, mas é o dinheiro que manda. Tomemos George Bush. Sem dinheiro, como ele poderia ter se tornado presidente? Além disso, é uma sociedade que desperdiça muito. Estamos falando de aquecimento global, do ambiente e de outras questões do tipo. Eu morei em Iowa. Conheço duas pessoas que têm três carros. Todos querem um carro maior, uma casa maior… Isso não é certo. De todo modo, os EUA não são tão perfeitos quanto eu achava. Mas, na China, nós vivemos num isolamento autoimposto durante muitos anos. Dizia que nós morávamos num paraíso socialista. Nós víamos turistas americanos chegando. Eles eram muito mais ricos do que nós éramos. E eles também gozavam de uma liberdade muito maior e de riquezas maiores. Eles tinham o direito de trocar seus líderes. Nós não tínhamos nada disso. Nós não tínhamos liberdade pessoal, riqueza nem liberdade de escolha. Nós éramos muito pobres. Não tínhamos democracia. É claro que os EUA pareciam um sonho. Tínhamos um ditado: “Nos EUA, até a Lua é mais brilhante do que na China”. Então, é claro que muitos chineses, intelectuais inclusive, quisessem estudar fora. Todos achavam que os EUA eram o paraíso, uma terra de oportunidades. Todos queriam isso.

Elizabeth Carvalho — O grande salto da era de Mao Tsé-Tung para a era de Deng Xiaoping e as que sucederam parece ter sido uma decisão racional de atualizar o desenvolvimento da China e de evitar os erros que desmembraram a União Soviética. Então, chegamos ao problema atual da China. Quer vocês chamem o sistema de “socialismo de mercado” ou de “capitalismo de estado”, ou de “capitalismo de estado”, hoje o chefe da nação, como você diz tão bem no seu livro, ainda é o chefe da nação. Você crê que exista uma ligação entre a era Mao Tsé-Tung, a de Deng Xiaoping e a do crescimento da China no século 21?
Lijia Zhang — Deng Xiaoping sempre foi um homem muito prático. Mesmo sob o governo de Mao, durante alguns anos, após o fracasso do Grande Salto para Frente, quando Deng Xiaoping voltou ao poder, ele tentou introduzir, de certas maneiras, não tanto quanto hoje, a ideia do incentivo aos trabalhadores. Sem Mao, ele teria introduzido a economia de mercado antes. Não foi fácil implementar isso na China. Acho que Deng Xiaoping mentiu e cometeu erros, principalmente durante 1989. Ele ordenou que atirassem e que se abrisse fogo contra o próprio povo dele. Foi um erro terrível. Mas Deng Xiaoping foi um homem de grande visão e coragem. Ele introduziu a reforma econômica sob enorme pressão. Muitos dos principais líderes eram muito conservadores e não aceitavam a ideia de uma reforma econômica. Politicamente, ainda temos um sistema de apenas um partido. O Estado ainda é muito poderoso. Economicamente, temos uma economia de mercado. Não totalmente de mercado na qual se deixa o mercado livre. O governo ainda tem braços muito longos e controla tudo. Você perguntou se a China havia aprendido com a União Soviética. Eu responderia que sim. Sempre nos diziam para ver o que tinha havido com a União Soviética. O governo atual costuma avisar o povo que precisa avançar devagar e que dar ao povo uma democracia nos padrões ocidentais pode não ser o melhor.

Elizabeth Carvalho — Olhando para o passado sob a perspectiva do século 21, o que era verdadeiro e o que era falso em relação à Camarilha dos Quatro?
Lijia Zhang — Jiang Qing não estava só com sua Camarilha dos Quatro. Sob muitos aspectos, ela foi o bode expiatório e levou toda a culpa. Além dos quatro, havia muitos subordinados. O próprio presidente Mao deve ter boa parte da culpa. Segundo registros históricos, pelo veredito dado ao presidente Mao, ele estava 30% errado e 70% certo. Mas no fim da vida, Mao cometeu erros enormes.

Elizabeth Carvalho — Que tipos de erros? Que erros você considera os mais importantes?
Lijia Zhang — Muita gente morreu no governo dele. Ele processou muita gente e destruiu famílias. Houve escassez de comida, supostamente causada por um desastre natural, mas, na verdade, causada pelo homem. Durante a Revolução Cultural, muitas pessoas foram processadas, muitas famílias sofrearam e muitos inocentes morreram.

Elizabeth Carvalho — Fazendo outra análise sob a mesma perspectiva, a do século 21, cite um aspecto bom do socialismo.
Lijia Zhang — No socialismo, todos são iguais. Pelo menos, supostamente. Mas eu acho que não presenciei um socialismo de verdade. Ainda existem boas ideias a respeito do socialismo. Não sei se o socialismo de verdade chegou a ser experimentado. Tome a Coreia do Norte, por exemplo. Nela, o pai passa o ofício para o filho. Isso não é socialismo, é feudalismo. O mesmo ocorreu na China. Não sei se o socialismo foi experimentado alguma vez, se o socialismo de verdade foi experimentado alguma vez no mundo.

Elizabeth Carvalho — Você acredita que vá ser?
Lijia Zhang — Não tenho certeza, mas eu espero que, no futuro, nós possamos aproveitar o melhor de cada sistema.

Elizabeth Carvalho — Sabes-se que o epicentro do capitalismo está se mudando para a Ásia, devido ao desenvolvimento da China. Como você vê esse processo? Você acredita, por exemplo, que exista alguma chance de o mandariam virar uma língua hegemônica no mundo como o inglês é hoje?
Lijia Zhang — Hoje não. Com certeza, não. O epicentro econômico está mudando de lugar. Isso se tornou mais óbvio com a recente crise econômica. Antes, eram sempre os EUA o personagem principal, resgatando a economia da recessão. Hoje, a China também representa esse papel. Certamente, a China se tornou poderosa demais para ser ignorada. Por outro lado, como alguém que mora na China, eu ainda não vejo a China como uma superpotência.

Elizabeth Carvalho — Você acredita que vá ser?
Lijia Zhang — Ainda não é, mas vai ser tornar uma das maiores potências. O Financial Times promove um debate anual, para discutir se a China vai virar uma superpotência daqui a 10 anos ou daqui a 15 anos. Pessoalmente não acredito nisso por vários motivos. Nós já ouvimos dizer que a China superou o Japão como a segunda maior economia do mundo. A China não deu muita importância a isso. Ao analisarmos a renda de cada habitante em média, esse valor ainda é muito baixo. A China ainda enfrenta enormes problemas, como, por exemplo, a desigualdade de renda e a disparidade original. Eu moro em Beijing. Se você for às compras… Os jornalistas tem visões diferentes, porque a China é imensa, diversificada e fragmentada. Podem até dizer que a China é uma potência. Dá para encontrar várias provas que corroborem essa visão. Eu moro na parte central de Beijing. Eu tenho uma casa de campo no interior, numa aldeia. Lá, as pessoas são visivelmente muito pobres. Estou falando dos subúrbios de Beijing. Como jornalista, já viajei pela China. O público não acreditaria na pobreza que vi.

Elizabeth Carvalho — Você acredita que esse processo tenha criado uma classe mais alta?
Lijia Zhang — Com certeza. E uma classe média também. No momento, a divisão de classes é no formato de pirâmide. No meio, há um grande número de pobres. Não temos classe média nem pessoas ricas o bastante. Já há muita gente rica, mas ainda é a minoria.

Elizabeth Carvalho — A desigualdade é maior hoje?
Lijia Zhang — Incrivelmente, é maior do que nunca. Sei que, no Brasil, existe um problema de divisão das riquezas, de desigualdade de renda. Nesse ponto, a China é um dos piores países do mundo. Nos últimos anos, todos se beneficiaram com a reforma econômica. Em sua grande maioria, as pessoas estão enriquecendo, em comparação com o passado. Mas a disparidade também ficou maior. Nós também não temos previdência social, que poderia cuidar dos pobres.

Elizabeth Carvalho — Antigamente, havia?
Lijia Zhang — Havia. Vamos falar da educação. Hoje, a educação virou um negócio, como tudo. É paga e é muito cara. Muitos jovens de família pobre, talentosos e inteligentes, não podem pagar uma faculdade.

Elizabeth Carvalho — A previdência social foi destruída na China?

Lijia Zhang — A era da previdência já passou. Minha irmã trabalha par ao governo. Quem trabalha para o governo recebe benefícios do Estado.

Elizabeth Carvalho — Você diria que é difícil trabalhar como jornalista na China hoje?

Lijia Zhang — É. Não existe liberdade total na mídia. Mas eu imagino que os jornalistas tendem a forçar uma barra para fazer um bom trabalho investigativo. O jornal Southern Weekend, meu jornal chinês preferido, sempre traz longas e pungentes matérias investigativas. Antigamente, isso era impulsionado pelo mercado, mas os jornalistas são profissionais e querem fazer um bom trabalho.

Elizabeth Carvalho — Existe, no mundo ocidental, um certo medo do desenvolvimento da China nas próximas décadas?
Lijia Zhang — Esse medo existe entre os brasileiros também. A China está se tornando cada vez mais poderosa, mas não é democrática.

Elizabeth Carvalho — É um país hegemônico.
Lijia Zhang — É, sim. Eu entendo de onde esse medo vem. A China não tem um sistema político democrático. A China não tem mostrado respeito pelos direitos humanos. Há falta de transparência na China. Todas essas matérias são novidades e são muito lidas. Há jornalistas que são punidos, além de outras histórias horríveis. A China gera preocupação em quem está fora dela. Os ocidentais ficam incomodados com isso, mas parte do medo em relação à China é gerado pela ignorância. Então, o papel que eu escolhi para mim mesma é fazer uma ponte para tentar entender a China, tentar entender as origens da China e fazer a China se engajar. O melhor modo de melhorar um país é por meio do engajamento.

Elizabeth Carvalho — Você nasceu durante o regime socialista, mas os seus avós não. Você pode nos dizer como era a vida deles antes de 1949, quando Mao Tsé-Tung chegou ao poder?
Lijia Zhang — Terrível! Terrível. Por exemplo, vamos falar do presidente Mao. Hoje, o presidente Mao ainda é respeitado na China. O presidente Mao deu uma identidade ao povo chinês. Ele uniu a China.

Elizabeth Carvalho — Você o admira?
Lijia Zhang — Eu admiro, mas acho que ele… Eu escrevi um livro, ainda não publicado, sobre a imagem de Mao no Ocidente. Eu fiz uma pesquisa enorme. Eu não diria que o admiro, mas eu reconheço o quanto ele fez pelo povo chinês. Deixe-me contar a você sobre a minha avó. A vida dela antes de 1949 era terrível, o que era comum. A China avançou muito. Minha avó ficou órfã e foi dada a um parente. Ela passou a ser tratada como uma escrava e foi prostituída. Estou escrevendo um livro sobre a prostituição na China, em parte, inspirado pela história da minha avó. Ela teve uma vida terrível. Minha mãe teve uma vida melhor. Acho que, na China, a vida das mulheres, ao longo de três gerações da minha família, foi melhorando com o tempo.

Elizabeth Carvalho — Lijia, muito obrigada. Foi um prazer falar com você.
Lijia Zhang — Também foi um prazer para mim.

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