Violação de sigilo

Ex-chefe de Polícia do Rio é indiciado pela PF

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18 de fevereiro de 2011, 10h05

O delegado Allan Turnowski, ex-chefe de Polícia Civil do Rio de Janeiro, foi indiciado por violação de sigilo funcional. Segundo a Polícia Federal, ele avisou um inspetor sobre a Operação Guilhotina, deflagrada na última sexta-feira (11/2). O policial alertado foi preso sob a suspeita de integrar uma milícia em Ramos. A informação é do Portal G1.

Turnowski, que deixou o cargo de chefe de Polícia Civil na terça-feira, prestou depoimento de mais de três horas na Superintendência da Polícia Federal. Ele negou que soubesse da operação e disse que o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, confirma a informação. A Operação Guilhotina já prendeu policiais civis e militares acusados de desvios, entre eles o delegado Carlos Oliveira, que foi subchefe de Polícia Civil na gestão de Turnowski. O delegado também disse que não acredita que a acusação passará “pelo crivo do Ministério Público ou da Justiça”.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública informou que Beltrame “ligou para o chefe da Polícia Civil, cargo então ocupado pelo delegado Allan Turnowski, ao ser informado pela Polícia Federal que policiais civis estavam extorquindo um traficante durante a operação do complexo do Alemão. Como autoridade máxima da segurança do estado, cobrou a Allan providências. Em nenhum momento, o secretário Beltrame mencionou a Operação Guilhotina”.

Antes da nota ser divulgada, Turnowski disse, em entrevista ao RJTV, que o telefonema citado pela Polícia Federal foi dado para confirmar se o inspetor ia conduzir um preso à delegacia, e já havia negado que tivesse vazado informações. “Eu não tenho como vazar uma operação que eu desconhecia”, afirmou. O delegado também negou que recebia propinas de criminosos e afirmou que não há provas contra ele.

Acusação
Segundo O Globo, a acusação foi feita por uma testemunha da Polícia Federal, que acusou o ex-chefe de receber R$ 500 mil de uma milícia em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio. Turnowski questiona o fato de as acusações serem baseadas em uma única testemunha, sem que outras provas embasem a denúncia.

“Você tem uma testemunha que é ex-traficante, ex-miliciano, que diz que o chefe de Polícia ganhava R$ 500 mil. Não diz o dia, não diz a hora, não diz quando. Você tem toda uma investigação, você tem grampo, você tem quebra de sigilo, e não se apresenta nada, mantém apenas uma testemunha falando isso. Cadê as provas?”.

O ex-chefe afirmou, ainda, que não entende como de um testemunho de um ex-traficante que vira testemunha, um chefe de Polícia passa a ser o “vilão”. “Isso que está acontecendo comigo pode acontecer com qualquer pessoa da sociedade”, afirmou o delegado.

A testemunha diz ainda que R$ 100 mil eram pagos a Turnowski para que não fosse combatida a venda de produtos falsos no Camelódromo da Uruguaiana, centro do Rio. Em janeiro, o local foi fechado numa operação da Polícia Civil e da Receita Federal.

“Há sete meses eu botei uma delegada lá com o objetivo simplesmente de acabar com o Camelódromo. Ela fez uma operação, não conseguiu na via penal, conseguiu na via empresarial, e ela conseguiu um fato inédito, nunca tinha acontecido em nenhuma gestão e hoje no Camelódromo não tem pirataria. Acho que isso é a maior prova de que não posso estar com desvio de conduta perante o Camelódromo que mandei terminar", afirmou o ex-chefe.

O G1 publicou ainda que o secretário José Mariano Beltrame teria pedido a Turnowski providências, porque Beltrame tinha sido informado pela PF de que policiais estavam extorquindo traficantes, no Conjunto de Favelas do Alemão.

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