In memorian

Morre em São Paulo o jornalista Mauro Chaves

Autor

11 de fevereiro de 2011, 13h41

O corpo do jornalista Mauro Chaves será sepultado, nesta sexta-feira (11/2), às 16 horas, no cemitério Gethsemani, em São Paulo, onde está sendo velado. Ele estava internado no Hospital Bandeirantes devido a complicações renais e respiratórias e morreu na noite de quinta-feira (10/2) de insuficiência cardíaca. Bacharel em Direito e colaborador do jornal O Estado de S. Paulo, Chaves também se dedicou ao teatro e ao cinema.

Formado em Direito pela PUC-SP, também cursou Administração de Empresas, Filosofia, Cinema e Línguas. Era articulista e editorialista do Estadão desde 1981 e, recentemente, tornou-se também comentarista político da TV Gazeta. Em seus artigos e editoriais, defendeu posições liberais e denunciou abusos do Estado contra os direitos do indivíduo e os modismos do teatro e da mídia, de acordo com reportagem do próprio Estadão.

No início do mês, Chaves foi condenado a pagar indenização por danos morais a três juízas de Taboão da Serra (SP). No artigo “Justiça condena o acinte”, publicado no Estadão em novembro de 2006, o jornalista afirmou que as juízas sumiam da comarca, fazendo revezamento no lugar de trabalhar. A 4ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo entendeu que o artigo teve cunho difamatório e, por isso, condenou Chaves a pagar às juízas R$ 200 mil e o jornal a pagar R$ 55 mil.

Literatura e teatro
Após lançar seu primeiro livro, Três Contos Artificiais, antes dos 30 anos, Chaves passou a se dedicar à criação de peças teatrais, livros, roteiros para o cinema e crítica política e social. Em 1974, recebeu um prêmio especial do Serviço Nacional de Teatro pela peça "Os Executivos", escrita com base em sua experiência como diretor de empresa. A peça foi encenada por Beatriz Segall e Ariclê Perez, com direção de Silnei Siqueira. Em Porto Alegre, ganhou o prêmio Secretaria da Cultura com a peça "Alvará de Conservação". Também produziu "Adaptação do Funcionário Ruan", pela qual recebeu o prêmio Pen Club.

No final dos anos 70, com o diretor Carlos Reichenbach e os atores Luiz Gustavo e Sandra Bréa, produziu "Capuzes Negros". Em "Cabeça e Corpo", em 1983, abordou os conflitos e as ironias da vida conjugal. Definiu o trabalho Contravérbios como “uma reflexão sobre nossa linguagem, mas também sobre nossas belas e estúpidas incongruências”. É autor, também, de O Dólar Azul, O Virulêncio e do ensaio A Evolução das Ideias no Brasil, que teve como supervisor o professor Azis Ab"Sáber. Chaves tinha 69 anos. Deixou a mulher Carmem e três filhos.

O jornalista Reinaldo Azevedo escreveu em seu blog que a formação multidisciplinar de Chaves "tornava a sua prosa, no papel e ao vivo, divertida, despretensiosa, mas sempre cultivada". "Morre uma das não muitas vozes que ousavam desafiar o coro dos contentes que tomou conta da crônica política brasileira. Nem sempre concordávamos; havia casos em que ele e eu estávamos na contramão, mas por motivos diversos. E a divergência podia ser ainda mais agradável do que a concordância".

Em nota, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo, Luiz Flávio Borges D’Urso, afirmou que Chaves era dotado de grande sensibilidade para discutir as questões da cidadania, da ética, da política nacional, do Estado de Direito e dos instrumentos ao alcance do cidadão para enfrentar os abusos do Estado.

Tags:

Encontrou um erro? Avise nossa equipe!