Segurança ameaçada

Detento é suspeito de planejar morte de juízes

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4 de fevereiro de 2011, 16h46

O Ministério Público Federal em Mato Grosso do Sul pediu à Justiça nesta quinta-feira (3/1) a transferência do bombeiro Ales Marques, detido no Presídio Militar de Campo Grande, para uma unidade de segurança máxima. Ele é suspeito de arquitetar a morte de juízes federais que atuam nos processos em que ele responde.

Segundo investigações do MPF, o bombeiro, acusado de liderar uma quadrilha de tráfico internacional de drogas, estaria planejando a morte de seus desafetos, entre eles, os juízes. Além da transferência de Marques, de preferência para uma prisão fora do estado, o órgão também solicitou à Polícia Federal providências para resguardar a integridade dos juízes ameaçados.

O MPF também pediu que a Justiça autorize o compartilhamento de provas com outros órgãos, como o MP de Mato Grosso do Sul, a Corregedoria da Polícia Militar e a Justiça Militar do estado. O órgão solicitou ainda a instauração de inquérito na PF para apuração dos crimes de ameaça e coação contra juízes federais, por parte do preso.

A Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) se disse estarrecida com os fatos apurados pelo Ministério Público, repudiou a ameaça contra a vida de juízes e informou que tentará antecipar uma audiência já marcada com o ministro da Justiça José Eduardo Cardozo e com o diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello Coimbra, para tratar justamente da segurança de juízes, principalmente dos que atuam na esfera penal.

"A Ajufe reclama uma ação contundente e imediata das autoridades para que seja resguardada a integridade destes magistrados ameaçados, que combatem, diariamente, mediante suas decisões, o crime organizado e o tráfico internacional de entorpecentes. O juiz deve ter tranquilidade para exercer suas funções, sem temer reações às suas decisões quando contraria interesses de poderosos ou facções criminosas. Ele precisa de respaldo do Estado e tem de ser considerado como membro de Poder. É necessário resgatar esse conceito em benefício da sociedade. No dia em que o juiz tiver medo, o Estado democrático de Direito correrá riscos", exigiu Gabriel Wedy.

Custódia questionável
As informações do Ministério Público Federal dão conta de que o bombeiro continua a usar o celular livremente dentro do Presídio Militar de Campo Grande, onde está preso desde julho de 2010. Segundo a investigação do MPF, ele saiu do presídio no dia 14 de janeiro deste ano, em uma viatura da PM de Mato Grosso do Sul, com um capitão e mais dois policiais militares, para uma diligência em uma chácara de Campo Grande.

Sem algemas ou qualquer identificação de sua condição, Ales Marques e os policiais entraram no imóvel, contra a vontade do proprietário e sem mandado judicial, e fizeram buscas, sem especificar o que procuravam, conforme afirma do MPF.

O fato foi confirmado pela Polícia Federal, que obteve vídeos da ação e colheu dados que reforçaram as suspeitas da existência de planos de Ales Marques de assassinar os juízes e de um esquema de corrupção envolvendo a chefia da escolta de detentos do Presídio Militar de Campo Grande.

O caso
Ales Marques foi preso em flagrante em julho de 2010 e teve a prisão preventiva decretada em outubro de 2010, durante a operação Maré Alta. O MPF denunciou 18 pessoas da quadrilha, inclusive a ex-mulher e os filhos do bombeiro, que também estão presos. Foram apreendidos, com a associação criminosa, quase 80 quilos de cocaína.

Segundo a denúncia, a quadrilha atuava no abastecimento, em larga escala, de mercados consumidores de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. A cocaína, vinda do Paraguai, entrava no país pela fronteira seca entre Pedro Juan Caballero e Ponta Porã. Nesta cidade, a droga era acondicionada em veículos e seguia para o destino.

Marques responde a duas ações penais, por tráfico e associação para o tráfico transnacional e interestadual de drogas, bem como tráfico internacional de arma de fogo. Os processos correm na Justiça Federal de Ponta Porã. Com informações da Assessoria de Imprensa do MPF de Mato Grosso do Sul.

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