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Magistratura precisa oferecer espaço para arte e cultura

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2 de dezembro de 2011, 16h16

A área cultural da magistratura, seja nacional, seja mundial, tem uma tarefa a cumprir. As nossas associações valorizam, como deve ser, as questões políticas, quero dizer, vencimentos, previdência, garantias institucionais e as melhorias do Judiciário para uma prestação jurisdicional mais cidadã. E valorizam menos o fazer cultural artístico, quero dizer, oportunizar espaço para o pensamento artístico e filosófico.

Nós, magistrados, fazemos, agimos. Mas a reflexão que fazemos desse agir restringe-se, via de regra, ao exame político-institucional sob a ótica do jurídico. Falta a visão do artista e do filósofo, eis que trilham caminhos muito próximos. Por que falta a visão do artista?

Porque aquele que escreve literatura, que filosofa, que pinta, esculpe ou compõe música, ou o usuário habitual da cultura artística – leitor, frequentador de galerias ou teatro – é dotado de linguagem burilada na exposição do pensamento, quero dizer, desenvolve linguagem literária ou pictórica, que melhor transmite suas ideias. Aprofunda a visão sobre o assunto abordado através da sua sensibilidade e, principalmente, mantém-se comprometido com a verdade real, sem  compromissos, institucional ou corporativista; ou não é artista.

A humanidade em geral, a magistratura em particular, necessita da participação efetiva dos nossos artistas. E é nesse sentido, e com essa intensidade, que consideramos a importância das diretorias e secretarias culturais, por vezes relegadas ao segundo plano, quando não incorporadas em outras atividades.

Isso vale para a magistratura e vale para todos os demais setores da atividade humana, o que incluem os governos, que têm verbas para viagens, cargos em comissão, obras nem sempre preferenciais; mas sonegam apoio material, efetivo, para a área cultural.

Despertar o artista magistrado traz duas consequências principais:

1) permite que ele externe seu pensamento diferenciado sobre a magistratura – magistratura inserida no fazer do homem e do mundo;

2) o magistrado sente-se feliz por encontrar espaço para completar-se como ser humano.

E há um terceiro estágio:

É a cultura que possibilita ao homem humanizar-se e conceber o mundo do qual participa, e onde emite julgamentos. É através da cultura que ele escapa do labirinto, escala a montanha e divisa o vale; além do vale, o rio; e depois do rio. É através das manifestações culturais que o artista recolhe o fazer do povo, as suas dificuldades, suas aspirações, seu trabalho, sua política. Depois o artista pensa essas revelações e as devolve como um todo, estabelecendo a síntese. E o juiz, assim culto, julga mais próximo da realidade.

Um artista sem espaço para sua obra é uma pessoa partida ao meio.

Esse é o objetivo e compromisso do Encontro Nacional dos Diretores Culturais, em Curitiba, dias 1, 2 e 3 dezembro próximo. Promoção da AMB com a parceria das entidades estaduais.

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