Caso Leopoldino

Júri absolve empresário acusado de mandar matar juiz

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2 de dezembro de 2011, 9h41

Depois de três dias de julgamento em Cuiabá, o Tribunal do Júri absolveu, na noite de quinta-feira (1º/11), o empresário Josino Guimarães — acusado de mandar matar o juiz Leopoldino Marques do Amaral. Entretanto, ele deverá permanecer preso na Penitenciária Central do Estado porque foi condenado, em setembro, a sete anos de prisão por integrar um suposto esquema criado para levantar a hipótese de que o juiz Leopoldino, na verdade, estaria vivo. As informações são do portal G1 de Mato Grosso.

Josino foi denunciado pela morte do juiz de Mato Grosso, Leopoldino Marques do Amaral, em 1999, em Concepción, no Paraguai. O juiz foi morto após denunciar nacionalmente a existência de um possível esquema de venda de sentenças no Poder Judiciário estadual. A maioria dos jurados reconheceu que Josino foi o mandante do crime. No entanto, o júri também decidiu que ele não deveria ser condenado. A sentença causou estranheza. O procurador da república Douglas Santos Araújo disse que a decisão apresenta uma “evidente contradição” e que vai analisar um possível recurso.

A defesa do acusado comemorou o despacho. O advogado Waldir Caldas disse à imprensa que vai entrar com um pedido de liberdade do empresáriol Ele continuará preso até a apreciação do recurso.

O MPF deve recorrer da decisão. O filho do juiz assassinado, Leopoldo do Amaral, adiantou que vai pedir para a Procuradoria não continuar a disputa judicial. “O que aconteceu hoje aqui foi um teatro”, disse em tom de ironia. Ele também disse que não ficou surpreso com a decisão.

O último dia de julgamento foi marcado pelo interrogatório do empresário. Durante as quase três horas e meia em que foi ouvido, Josino negou que tenha mandado matar o juiz e que tenha atuado como “lobista” negociador de sentenças. E também afirmou não ter conhecido o juiz Leopoldino.

O caso
Segundo a Polícia Federal, o corpo do juiz estadual foi encontrado carbonizado em setembro de 1999 na cidade Concepción, no Paraguai, com dois tiros na cabeça. Na época, o juiz tinha acabado de denunciar um esquema de venda de sentença. Em 2001, a ex-escrevente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, Beatriz Árias, foi condenada pela Justiça a 12 anos por co-autoria do crime. Já o tio dela, Marcos Peralta, foi condenado como o autor dos disparos. Ele morreu na cadeia.

O MPF sustentou a tese de que Josino teria encomendado o homicídio do juiz. A Procuradoria argumentou no juri que as provas do crime de mando são mais complexas para serem analisadas pelos sete jurados, porque não existe uma prova “cabal” que aponte o feito. Mas, sim, elementos (como conversas indiscretas) que indicam a existência de elementos que compõem uma linha de investigação.

No entanto, o o advogado João Cunha, que defendeu o empresário, afirmou que o assassinato não apresentou uma relação direta entre o suposto mandante e os autores do crime. Isso porque, segundo testemunhas, o empresário teria pedido para um policial militar matar o juiz, mas quem, efetivamente, executou o juiz foram os dois já condenados. 

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