Concorrência no mercado

Google deve concluir aquisição da Motorola em 2012

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16 de agosto de 2011, 17h20

A aquisição bilionária da Motorola Mobility Holdings pelo Google, cuja expectativa de conclusão do negócio é para início de 2012, está sendo assessorada pela megabanca norte-americana Cleary Gottlieb Steen & Hamilton. É a maior aquisição feita pela gigante da internet até o momento. A negociação é avaliada em US$ 12 bilhões.

A firma Cleary Gottlieb anunciou, nesta segunda-feira (15/8), que tem prestado a assessoria jurídica para o Google durante o processo. A Motorola Mobility Holdings Inc. é a divisão responsável por fabricar celulares da Motorola Inc., que também era composta, até o momento, pela Motorola Solutions. Com a aquisição, o Google assume o controle das patentes de todo o porfolio da Motorola, considerado o mais diverso e cobiçado da indústria de celulares.

O negócio representa mais uma batalha vencida pelo Google no embate sem tréguas que trava com a Microsoft e a Apple. As duas últimas tem levado o Google aos tribunais em diferentes frentes, sobretudo em casos relacionados ao Android, sistema operacional para celulares disponibilizado gratuitamente pela companhia. Nesta segunda-feira, Larry Page, executivo-chefe do Google, aproveitou para alfinetar os adversários em seu blog, escrevendo que o negócio vai permitir “proteger melhor o Android das ameaças anti-concorrência da Microsoft e Apple além de outras companhias.”

O Android já era utilizado em diferentes modelos de celulares fabricados pela Motorola, e a previsão é que o negócio resulte em novos lançamentos. O portal da revista mensal The American Lawyer dissecou a aquisição em números, demonstrando que o Google está pagando o equivalente a US$ 40 dólares por ação da Motorola, 63% a mais do valor cotado no mercado financeiro até o fechamento das bolsas de valores na sexta-feira (12/8).

O trabalho da Cleary Gottlieb tem funcionado em duas frentes. O sócio Ethan Klingsberg lidera a equipe que coordena a aquisição em Nova York. Já David Gelfand, também sócio da banca, lidera os trabalhos de assessoria, em Washington D.C., relacionados a políticas antitruste. Ao todo, quinze advogados cuidam de aspectos que vão de questões de propriedade intelectual, litígios comerciais, Direito tributário, ambiental e trabalhista. A assessoria ocorre em colaboração com o departamento jurídico do Google, dirigido por David Drummond e Kent Walker. A Motorola dispõe dos serviços da banca nova-iorquina Wachtell, Lipton, Rosen & Katz.

A representação jurídica envolve ainda os consultores financeiros por trás de ambos os lados. O banco de investimento Lazard Fréres & Co, que presta consultoria financeira ao Google, conta, por sua vez, com os serviços dos sócios especializados em fusões e aquisições da banca Dewey & Le Boeuf. Já o banco Centerview Partners, que presta assessoria para a Motorola, contratou a banca Gibson, Dunn & Crutcher para a representação legal durante todo o processo. Outro banco de investimento, o Qatalyst Partners, que atende também a Motorola, conta com os serviços da banca Davis Polk & Wardwell.

Poder demais
De acordo com a edição da revista Time desta semana, autoridades que regulam negócios desse caráter e proporção, nos EUA, têm se mostrado suscetíveis a aprovar a operação contanto que o negócio se mostre capaz de  aquecer a concorrência no mercado de venda de celulares. Contudo, a compra da Motorola pelo Google ainda enfrenta o ceticismo de agências reguladoras dentro e fora dos Estados Unidos que temem que a companhia “abuse do seu papel como principal porta de entrada da internet” para sufocar a concorrência. Ainda segundo a Time, o Tribunal de Comércio Internacional dos EUA (Federal Trade Commission) está conduzindo uma investigação ampla sobre a compra da Motorola.

E ele não está sozinho. A Comissão Europeia de Comércio Internacional, a procuradoria-geral do estado do Texas e o Comitê Judiciário do Senado Federal dos Estados Unidos também iniciaram investigações a partir de denúncias feitas por rivais do Google.

Os conselhos executivos de ambas as empresas já aprovaram o negócio. Falta ainda os acionistas dos dois lados darem o sinal verde. A Motorola Mobility emprega cerca de 20 mil funcionários. Segundo o Google, as companhias devem seguir operando separadamente.

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