Difusão do medo

DPU critica divulgação de vídeo pela TV GLobo

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15 de abril de 2011, 21h07

A divulgação pela Rede Globo, em horário nobre, do vídeo em que Wellington Menezes, que matou 12 crianças de uma escola municipal do Rio, fala sobre o atentado, foi criticada pelo Ofício de Direitos Humanos e Tutela Coletiva da Defensoria Pública da União no Distrito Federal. Em uma nota de repúdio, o órgão diz que a divulgação do vídeo “afronta a ética profissional e enseja a responsabilização civil devido ao dano moral coletivo gerado pelo agravamento do dano psicológico já suportado pelas vítimas".

"O trauma advindo do abalo emocional dessas pessoas foi acentuado sobremaneira pelo temor provocado pela exposição das declarações, ainda que insanas, do delinquente esquizofrênico”, disse, na nota, o defensor público federal Ricardo Emílio Pereira Salviano.

Ele afirma que causa perplexidade a divulgação do vídeo e a insensibilidade da imprensa. "De certa maneira, a imprensa foi usada pelo autor do delito para a difusão da temeridade no meio social”, observa. A nota questiona, ainda, se a exposição dos motivos e das razões que o levaram a praticar o crime não aumenta a sensação de insegurança da população. "Não seria essa a verdadeira intenção do mentor do fato delituoso? A imprensa contribuiu de certa forma para a instalação do caos e do pavor nos cidadãos?”, pergunta.

O defensor, embora reconheça que o vídeo tenha sido divulgado em outros veículos de comunicação, atribui a responsabilidade à Rede Globo. “A iniciativa partiu justamente da emissora de televisão com maior audiência no país em horário nobre”, diz.

Leia aqui a íntegra da nota.

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