Confecção de dossiê

MJ e candidata Dilma negam ter feito pedidos

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24 de outubro de 2010, 15h17

A candidata à presidência, Dilma Rousseff, o Ministério da Justiça e o secretário nacional de Justiça Pedro Abramovay negaram que tenha havido pedido para elaboração de dossiê. Nesta semana, reportagem da revista Veja traz gravações feitas no gabinete do ex-secretário nacional de Justiça Romeu Tuma Jr. Em uma dessas conversas, o atual secretário nacional teria se queixado de pedidos para elaboração de dossiês por parte da candidata e do chefe de gabinete do presidente da República, Gilberto Carvalho. As informações são da Agência Brasil.

Dilma rebateu as acusações de que encaminhou pedidos à Secretaria Nacional de Justiça, ligada ao Ministério da Justiça, para a elaboração de supostos dossiês. “Eu nego terminantemente esse tipo de conversa às vésperas das eleições. Gostaria muito que houvesse, por parte de quem acusou, a comprovação e a prova de que alguma vez fiz isso”, afirmou Dilma. “É muito fácil, na última hora, na semana da eleição, criar uma acusação contra a pessoa sem prova alguma. É grave utilizar desses métodos nesta reta final”, completou.

Nos diálogos, reproduzidos na revista, Abramovay cita a candidata Dilma Rousseff e o chefe de gabinete Gilberto Carvalho. Em uma das conversas, Abramovay afirma “não aguentar mais” receber pedidos dos dois para a confecção de dossiês. 

Perguntado sobre a reportagem da Veja, o presidente Lula afirmou hoje que não leu a revista e, portanto, desconhecia as informações sobre supostos pedidos de elaboração de dossiês.

O secretário nacional de Justiça Pedro Abramovay também negou ter sido alvo de pressões de integrantes do governo para a elaboração de dossiês. Em nota oficial, divulgada nesta tarde, ele desmentiu as informações de que reclamou de pedidos para a confecção de documentos. 

O secretário lembra que nos oito anos em que se dedica ao ministério ocupou vários cargos e conquistou o respeito de todos. “Nego peremptoriamente ter recebido, de qualquer autoridade da República, em qualquer circunstância, pedido para confeccionar, elaborar ou auxiliar na confecção de supostos dossiês partidários. Não participei de supostos grupos de inteligência em nenhuma campanha eleitoral. Nunca, em minha vida, tive que me esconder”, diz a nota.

Abramovay reclama que não teve acesso às informações publicadas na revista. “Infelizmente a revista se recusou a fornecer o conteúdo da suposta conversa ou mesmo a íntegra de sua transcrição”, disse. “Dediquei os últimos oito de meus 30 anos a contribuir para a construção de um Brasil mais livre, justo e solidário, e tenho muito orgulho de tudo o que faço e de tudo o que fiz. Trabalhei no Ministério da Justiça como assessor especial, secretário de Assuntos Legislativos e secretário nacional de Justiça, conseguindo de meus pares respeito decorrente de meu trabalho.”

Atuação independente
Em nota oficial, o Ministério da Justiça também rebateu as denúncias de vazamento de informações envolvendo a Polícia Federal. O órgão negou ter recebido qualquer tipo de orientação para a condução de inquéritos ou confecção de documentos. “A Polícia Federal é hierarquicamente subordinada ao Ministério da Justiça, mas autônoma com relação às suas investigações”, diz a nota. “O ministro da Justiça [Luiz Paulo Barreto] informa que jamais recebeu qualquer solicitação com relação aos rumos dos inquéritos da Polícia Federal, quaisquer que sejam”, acrescenta.

O comunicado do Ministério da Justiça acrescenta que não há interferência nas ações conduzidas pela PF. “O ministério não interfere nos inquéritos ou nas conclusões da Polícia Federal. A condução dos inquéritos é definida pela própria polícia, sob critérios técnicos e republicanos”, diz a nota.

Segundo o ministério, um exemplo da autonomia da PF é que no período de 2003 a 2010 foram deflagradas mais de 1.100 operações, que atingiram “indistintamente todos os envolvidos” nos casos investigados — “cidadãos comuns, empresários, funcionários públicos, policiais, políticos de quaisquer partidos ou detentores de importantes cargos de governo”.

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