Eleições 2010

Dilma e Serra vão se enfrentar no segundo turno

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3 de outubro de 2010, 23h40

Com mais de 99% das urnas apuradas neste domingo (3/10), é certo que haverá segundo turno nas eleições presidenciais. A candidata do PT, Dilma Roussef, teve 47% dos votos válidos, contra 33% do candidato do PSDB, José Serra. Marina Silva, do PV, ficou com 19% dos votos.

São quase 47 milhões de votos para Dilma, 33 milhões para Serra e 19 milhões para Marina Silva. Plínio, do PSOL, somou 886 mil votos, menos de 1% do total e menos que o candidato a deputado federal em São Paulo, o Tiririca. Em entrevista coletiva às 22h30, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Ricardo Lewandowski, anunciou que as eleições serão decididas no segundo turno. 

Segundo analistas, Marina Silva foi a candidata que desequilibrou a disputa e cumpriu o que prometeu: fazer com que a eleição deixasse de ser um plebiscito. Dilma Roussef ganhou em 18 estados do país: Alagoas, Amapá. Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rido Grande do Sul, Sergipe e Tocantins.

 José Serra ficou em primeiro em oito estados: Acre, Mato Grasso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rondônia, Roraima, Santa Catarina e São Paulo. Marina Silva ganhou no Distrito Federal, com 42% dos votos válidos.

O estado onde Dilma Roussef teve o maior índice de votos foi o Ceará, onde 70% dos eleitores votaram na petista. José Serra recebeu o maior percentual no Acre, onde obteve 52% dos votos válidos. Dilma também foi a campeã de votos em trânsito, com 39% dos votos válido. Dos eleitores que votaram fora do domicílio, Serra obteve 31% e Marina 28%.

José Serra somou o maior índice de votos de eleitores brasileiros que residem no exterior. Obteve 40% dos votos, contra 37% de Dilma Roussef e 20% de Marina Silva. Os institutos de pesquisa chegaram bem perto de acertar a votação em Serra, mas o principal deles, o Datafolha, errou além da margem prometida (2%). Dilma teve 3 pontos percentuais abaixo da última medição e Marina 3 pontos acima.

O presidente do TSE comemorou o fato de que, depois de cinco horas desde o final da votação, quase 97% das urnas já haviam sido apuradas. Lewandowski agradeceu aos milhares de juízes e aos quase dois milhões de mesários pelo trabalho “anônimo” que ajudou a fazer com que as eleições transcorressem com normalidade.

O espaço ocupado pelos candidatos apoiados por Lula empurrou figurões para fora do Congresso. Marco Maciel, que foi vice-presidente da República com Fernando Henrique Cardoso, experimentou sua primeira derrota em quase cinquenta anos e não se reelegeu, assim como Arthur Virgílio (PSDB), Tasso Jereissati (PSDB), César Maia (DEM), Heloisa Helena (PSOL), Fernando Collor de Mello e Germano Rigotto. Em compensação, garantiram eleição o ex-presidente da República Itamar Franco (PPS), Aécio Neves (PSDB) e o alagoano Renan Calheiros (PMDB).

A primeira frase conhecida do palhaço Tiririca após a sua retumbante votação foi uma repetição do que disse o técnico de futebol Zagalo, anos atrás: "Vocês vão ter que me engolir". E não vai ser apenas ele. Com seus 1,35 milhão de votos ele deve levar com ele entre três e quatro candidatos que por si só não se elegeriam. Entre eles, outra celebridade nacional: o ex-delegado Protógenes Queiroz.

Poucos problemas

Foram registradas pouco mais de três mil ocorrências de crimes eleitorais cometidos em todo o país. De acordo com os dados do TSE, do total, 1.089 ocorrências resultaram em prisão de não candidatos. O maior motivo das prisões foi fazer boca de urna. Mas houve prisão também por compra de votos, fornecimento ilegal de transporte e alimentação a eleitores e a promoção de carreatas.

Houve 300 ocorrências de ilícitos eleitorais envolvendo candidatos, que resultaram na prisão de 49 pessoas que disputavam votos. Poucas urnas tiveram de ser substituídas. Três eleitores passaram mal durante a votação ou enquanto aguardavam para votar e morreram.

Para o presidente do TSE, apesar das ocorrências, as eleições foram tranquilas, com incidentes pontuais. Com autorização do tribunal, houve a atuação de tropas federais em 256 municípios brasileiros. Nos estados de Mato Grosso, Goiás e Maranhão houve problemas por conta de fortes chuvas. No Maranhão, houve a queda de linhas de transmissão. Mas Lewandowski afirmou que a situação foi normalizada e que não houve prejuízo na transmissão de dados para o TSE.

Segundo Lewandowski, houve a substituição de apenas 0,56% das urnas. A média histórica é de 3% de substituição, o que revela uma queda acentuada no número de problemas com as urnas. Foram preparadas 460 mil urnas eletrônicas para a votação, das quais 40 mil estavam preparadas para substituir as que apresentassem defeitos.

O presidente do TSE disse que o tribunal recebeu apenas 200 comunicações de dificuldades pela Central do Eleitor. E, segundo Lewandowski, os problemas foram solucionados. Questionado, o ministro disse que a maior parte dos candidatos barrados pela Lei da Ficha Limpa foram “de modo geral, repudiados pela população”, nas urnas.

Houve problemas de votação por conta dos documetos exigidos pela Justiça. De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas, 400 índios foram impedidos de votar devido à Lei 12.034/2009. A lei, julgada constitucional com interpretação conforme a Constituição pelo Supremo Tribunal Federal, exige que o eleitor apresente, no mínimo, documento oficial com foto.

Os índios, no entanto, não possuem tal documento. Eles só têm uma carteira de identificação indígena fornecida pela Funai, que não tem foto. Só com o título de eleitor em mãos, os índios, que viajaram longas distâncias para chegar à zona eleitoral em Manicoré, protestam no local.

O presidente do TSE afirmou que os juízes eleitorais tinham a discricionariedade para tratar dos casos excepcionais de problemas. Ou seja, poderiam ter permitido o voto dos índios por se tratar de uma situação especial. 

Nesta segunda-feira (4/10) pela o TSE divulgará o resultado oficial das eleições, com a totalidade das urnas apuradas

Resultados parciais das eleições para governador:

Governadores eleitos:

PSDB
SP – Geraldo Alckmin
MG – Antônio Anastasia
PR – Beto Richa
TO – Siqueira Campos

PT
RS – Tarso Genro
SE – Marcelo Déda
BA – Jacques Wagner
AC – Tião Viana*

PSB
CE – Cid Gomes
PE – Eduardo Campos
ES – Renato Gasagrande

PMDB
RJ – Sérgio Cabral
MS – André Pucinelli
MT – Silval Barbosa

DEM
SC – Raimundo Colombo
RN – Rosalba Ciarlini

PMN
AM – Omar Aziz

Disputam o segundo turno:

Goiás
PSDB – Marconi Perillo
PMDB – Iris Rezende

Distrito Federal
PCdoB – Agnelo Queiroz
PSC – Weslian Roriz

Rondônia
PMDB – Confúcio Moura
PPS – João Cahulla

Roraima
PP – Neudo Campos
PSDB – Anchieta

Piauí
PSB – Wilson Martins
PSDB – Sílvio Mendes

Paraíba
PSB – Ricardo Coutinho
PMDB – Zé Maranhão

Alagoas
PSDB – Teotônio Vilela
PDT – Ronaldo Lessa

Pará*
PSDB – Simão Jatene
PT – Ana Júlia

Amapá*
PTB – Lucas
PSB – Camilo Capiberibe

* Resultados parciais

Resultados para o Senado:

DEM
José Agripino (RN)
Demóstenes Torres (GO)

PCdoB
Wanessa Grazziotin (AM)

PDT
Cristovam Buarque (DF)

PMDB
Edson Lobão (MA)
Eduardo Braga (AM)
Eunício Lopes (CE)
Garibaldi Alves (RN)
Gilvam Borges (AP)
João Alberto (MA)
Luiz Henrique da Silveira (SC)
Marcelo Miranda (TO)
Nilson Santiago (PB)
Renan Calheiros (AL)
Ricardo Ferraço (ES)
Roberto Requião (PR)
Romero Jucá (RR)
Valdir Raupp (RO)
Vitalzinho (PB)

PMN
Petecão (AC)

PP
Ana Amélia Lemos (RS)
Benedito de Lira (AL)
Ciro Nogueira (PI)

PPS
Itamar Franco (MG)

PRB
Marcelo Crivella (RJ)

PSC
Eduardo Amorim (SE)

PSB
Antonio Carlos Valadares (SE)
Lidice (BA)
Rodrigo Rollemberg (DF)

PSDB
Aécio Neves (MG)
Flexa Ribeiro (PA)
Luciana Viana (GO)
Paulo Bauer (SC)

PSOL
Marinor Brito (PA)
Randolfe (AP)

PR
Blairo Maggi (MS)
João Ribeiro (TO)
Magno Malta (ES)

PT
Angela Portela (RR)
Delcídio Amaral (MS)
Fátima Cleide (RO)
Gleisi Hoffmann (PR)
Humberto Costa (PE)
Jorge Viana (AC)
José Pimentel (CE)
Lindberg Farias (RJ)
Paulo Paim (RS)
Walter Pinheiro (BA)
Wellington Dias (PI)

PTB
Armando Monteiro (PE)

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