Ossadas em sacos

Restos mortais são achados em ossuário clandestino

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30 de novembro de 2010, 17h39

Uma equipe encontrou restos mortais em um ossuário clandestino localizado no Cemitério de Vila Formosa, zona leste de São Paulo. Até a profundidade em que o material foi vasculhado, os peritos visualizaram ossadas no interior de sacos. Os trabalhos prosseguem até sexta-feira (3/12).

Os autores da Ação Civil Pública são a procuradora da República Eugênia Augusta Gonzaga e o procurador regional da República Marlon Alberto Weichert. Eles pedem que sejam responsabilizadas as autoridades públicas que autorizariam a ocultação de cadáveres de opositores mortos durante a Ditadura Militar (1964-1985). Mais de 450 pessoas foram mortas ou desapareceram durante o período.

A busca visa a localização dos restos mortais de dez pessoas. Uma delas é Virgílio Gomes da Silva, o Jonas, líder sindical dos químicos. Ele liderou o sequestro do embaixador americano Charles Elbrick.

O grupo é formado por membros do Ministério Público Federal em São Paulo, da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, ligada à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Instituto Nacional de Criminalística do Departamento de Polícia Federal e do Instituto Médico Legal do Estado de São Paulo.

Com a conclusão dos trabalhos, serão selecionadas ossadas para uma pesquisa antropológica. Fotos, dados médicos e dentários das vítimas serão cruzados com as características das ossadas. Para o MPF, o trabalho será difícil, especialmente se as ossadas não tiverem sido acondicionadas adequadamente. Caso não ocorra identificação positiva, o MPF pleiteia que no local seja erguido um monumento em homenagem aos mortos e desaparecidos na Ditadura Militar.

Até a construção do Cemitério de Perus, os cadáveres dos militantes políticos eram enterrados em cemitérios públicos. O mais conhecido delas era o da Vila Formosa. A Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara Municipal de São Paulo, instituída por ocasião da abertura da vala do Cemitério de Perus, em 1990, apurou que, na mesma época em que foram concluídas as ações de ocultação de cadáveres em Perus – como exumações em massa e transferência para vala comum – o Cemitério de Vila Formosa também passou por um processo de descaracterização. Com informações da Assessoria de Comunicação do MPF.

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