Exportação suspeita

Sadia é investigada por fraude cambial

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16 de março de 2010, 14h48

A Sadia está sendo investigada pela Polícia Federal. O motivo é a suspeita de uso de operações bancárias da empresa vinculadas a exportação para praticar fraudes cambiais. Entre elas estaria a retirada de dólares do país de forma irregular. A investigação corre sob segredo de Justiça. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

O inquérito aponta que a Sadia recorreu a uma operação bancária chamada Adiantamento de Contrato de Câmbio, que antecipa recursos para quem exporta e dispensa a comprovação de todas as exportações, além de ter juros mais baixos. De acordo com a PF, a empresa pode ter usado os ACCs para tirar ou trazer dólares ao país, conforme a necessidade.

A empresa sustentou no inquérito que as operações foram regulares. A polícia averigua as operações anteriores à crise global que abateu a Sadia em 2008, que poderiam fornecer explicações adicionais sobre a falência. Em maio de 2009, a Sadia fundiu-se com a rival Perdigão. Foi criada a BR Foods, que tem faturamento anual de R$ 22 bilhões. A primeira providência da BR Foods foi levantar recursos na Bolsa para cobrir os rombos da Sadia. Só em ACCs havia buraco de R$ 1,65 bilhão, de acordo com informações publicadas pela Folha de S.Paulo. Também havia dívidas ligadas a crédito à exportação no valor de R$ 1,37 bilhão.

No depoimento de Marcelo Ribeiro da Silva, ex-executivo da corretora Concórdia, que pertencia à Sadia, consta que o profissional estranhava o volume de ACCs e que não "pode afirmar com certeza que as mercadorias referentes àqueles contratos tenham sido embarcadas ou não". O depoimento do executivo foi dado à Polícia Civil, em investigação paralela da PF. No último mês, a Justiça determinou que a apuração das duas polícias seja unificada.

Outro executivo da corretora disse que, à época da crise de 2008, a Sadia chegou a emitir US$ 60 milhões em ACCs em um dia, enquanto a exportação diária oscilava entre US$ 5 milhões e US$ 10 milhões.

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