Confusão no Rio

Desembargador é acusado de enviar e-mail falso

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22 de maio de 2010, 4h39

A Polícia Civil do Rio de Janeiro afirmou que um técnico de informática de uma empresa que presta serviço para o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, confessou em depoimento à Polícia Civil, ser o autor de e-mails falsos enviados para os desembargadores da corte e afirmou que o fez a pedido do corregedor do TJ, desembargador Roberto Wider. O desembargador nega as acusações. As informações são do jornal O Globo.

A mensagem foi enviada ao correio eletrônico dos 180 desembargadores como se o autor do e-mail fosse o repórter especial do jornal O Globo, Chico Otávio. O pedido era para que os desembargadores, cobertos pelo sigilo da fonte, revelassem escândalos no Tribunal. O caso envolveu até mesmo o presidente da Corte fluminense, já que o pedido de informações no e-mail falso era em relação ao desembargador Luiz Zveiter.

Wider está afastado desde o final de janeiro deste ano por decisão do Conselho Nacional de Justiça. Em reportagens assinadas pelo jornalista de O Globo, Wider foi acusado de envolvimento em um esquema de venda de sentenças.

O jornal informou sobre uma inspeção do CNJ no 15º Ofício de Notas do Rio, com o objetivo de investigar o motivo da correição iniciada no cartório pelo corregedor do TJ fluminense. Segundo a reportagem, Wider só instaurou o procedimento contra o tabelionato depois que o cartório suspendeu o pagamento de 14% do seu faturamento bruto ao escritório do empresário e estudante de Direito Eduardo Raschkovsky, amigo de Wider.

Segundo as acusações, o empresário oferecia facilidades a políticos e tabeliães, usando como trunfo sua intimidade com juízes e desembargadores, como o corregedor do TJ fluminense, que também já exerceu a presidência do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro antes de 2008. Wider foi o presidente de TRE que liderou entendimentos para impedir a candidatura dos chamados fichas sujas. Segundo o jornal, Raschkovsky pedia até R$ 10 milhões para blindar candidatos sob risco de impugnação.

Na época, o desembargador, embora confirmasse a amizade, negou qualquer negócio com o empresário. Ele decidiu se afastar da corregedoria e disse que seu afastamento era para permitir uma inspeção completa pelo TJ fluminense.

Fonte revelada
Os e-mails falsos preocuparam o jornalista. De acordo com o site Comunique-se, Chico Otávio teme que a fraude revele a identidade de suas fontes. “Além de tentar me desacreditar, o pior é que isso abre um precedente perigoso. Se ele enviou o e-mail em meu nome pedindo informações sobre o Zveiter, e alguém respondeu, ele vai saber quem são minhas fontes. Pior que o descrédito é ter uma ferramenta que dê acesso às minhas fontes”, declarou.

O jornalista disse, ainda, que por apresentar denúncias em suas reportagens, já espera retaliação, normalmente, pela via jurídica. “Sempre espero algum tipo de retaliação, sempre vem pela via jurídica. Por isso guardo materiais, documentos e entrego ao departamento jurídico do jornal, mas por essa eu não esperava”, afirmou.

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