Gravações e suspeitas

Tuma Júnior vai se licenciar do cargo após acusação

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11 de maio de 2010, 16h32

O secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior, vai se licenciar do cargo por 30 dias. A decisão foi tomada depois de reunião com o ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, como informou a assessoria de imprensa do Ministério da Justiça  nesta terça-feira (11/5), segundo o portal G1.

Tuma Júnior é suspeito de ter envolvimento com a máfia chinesa de São Paulo e de tráfico de influência, o que ele nega. O secretário havia afirmado que não deixaria o cargo. Segundo o Ministério da Justiça, Tuma Júnior deve anunciar formalmente o afastamento ainda nesta terça.

Reportagens do jornal O Estado de S. Paulo revelaram gravações telefônicas e e-mails trocados entre Tuma Júnior e o suposto chefe da máfia chinesa de São Paulo, Li Kwok Kwen, conhecido como Paulo Li. As gravações foram interceptadas pela Polícia Federal durante investigação sobre contrabando. Paulo Li foi denunciado pelo Ministério Público Federal no fim do ano passado por formação de quadrilha e descaminho (contrabando). Ele está preso.

O secretário confirma ter amizade com Li, mas nega envolvimento com irregularidades. “É lógico que ele é meu amigo. Agora, que vantagem ele tem de ser meu amigo se ele está preso? Nenhuma. Não tem nada no Código Penal que diga que ter amigo é crime. O que não pode é acobertar atividade ilícita de qualquer um. E isso eu nunca fiz”, afirmou.

Em outras três reportagens, o jornal também apontou gravações em que Tuma Jr. aparece tentando utilizar o cargo para conseguir liberar supostas mercadorias apreendidas, conseguir a aprovação de um genro em um concurso público e até evitar a apreensão de dólares de uma deputada estadual de São Paulo no aeroporto de Guarulhos.

Nesta segunda, o ministro Luiz Paulo Barreto anunciou ter recebido informações complementares da Polícia Feral sobre as denúncias que envolvem o secretário. Segundo nota divulgada pela assessoria do Ministério da Justiça, outras informações sobre o caso foram entregues ao ministro ainda na sexta-feira (7/5), quando ele estava em viagem à Argentina.

Tuma Júnior nega ter cometido irregularidades. “Querem uma condenação moral, porque crime eu não cometi. E condenação moral não está prevista no Código Penal”, afirmou ele nesta segunda-feira (10/5). A Comissão de Ética Pública da Presidência da República abriu uma investigação preliminar para apurar a conduta de Tuma Júnior. “A comissão resolveu instaurar o que chamamos de procedimento preliminar de apuração”, disse presidente da comissão, Sepúlveda Pertence.

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