21 anos depois

Homem que matou ex-mulher é condenado a 79 anos

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2 de junho de 2010, 16h48

O comerciante José Ramos Lopes Neto, 47 anos, assassino confesso de Maristela Just, foi condenado a 79 anos de reclusão. Ele foi condenado pela morte da mulher e pela tentativa de homicídio contra o cunhado Ulisses Just e os filhos Nathalia Just e Zaldo Just Neto. A Justiça de Pernambuco condenou o réu por homicídio duplamente qualificado por motivo torpe. O comerciante está foragido. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo, portal G1, O Globo e Jornal do Comércio (PE).

A sentença do júri popular, de homicídio duplamente qualificado e tentativa de homicídio qualificado, foi anunciada pela juíza Inês Maria de Albuquerque após cerca de 13 horas de julgamento no Fórum de Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife. O Ministério Público pediu pena máxima para o réu, 90 anos de prisão. No entanto, a juíza entendeu que, por não serem mais marido e mulher, haveria um atenuante.

Nem o réu nem seus advogados compareceram ao julgamento. A juíza confirmou que a prisão preventiva do réu foi pedida no dia 19 de maio, mas estava sendo mantida em sigilo para garantir a captura.

Dessa forma, o Júri condenou o réu a 26 anos de reclusão pelo homicídio duplamente qualificado de Maristela Just; 39 anos e 2 meses pela tentativa de homicídio qualificado contra seus filhos, Nathália e Zaldo; e 14 anos pela tentativa de homicídio contra seu cunhado, Ulisses. O crime ocorreu em abril de 1989, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, em Pernambuco.

A defesa
Dois defensores públicos fizeram a defesa de José Ramos com base na tese do homicídio privilegiado – sob domínio de forte emoção e por injusta provocação da vítima – na busca de atenuar a pena. Foi destacado o desequilíbrio do réu, que não se conformava com a separação – ocorrida dois anos antes do crime – e o fato de ele ter confessado que matou a ex-mulher.

A defesa buscou ainda convencer os jurados de que José Ramos não teve intenção de atirar nos filhos e no cunhado Ulisses Just. Ulisses morreu há dez anos por motivos não relacionados ao caso.

No entanto, a filha do casal, Nathalia Just, atualmente com 25 anos e testemunha ocular da tragédia, desfez a tese dos defensores. Ela assegurou que o pai, a quem se referiu como José, precisou fazer um giro com o braço para atingir todas as quatro pessoas que se encontravam no quarto da casa dos pais de Maristela, com quem ela e os filhos passaram a morar depois da separação.

“Eu queria que ele estivesse presente para olhar na cara dele e ver se ele teria coragem de negar que atirou com um revólver na minha direção, do meu irmão e do meu tio e matou a minha mãe”, disse ela, emocionada, em seu depoimento.

Nathalia destacou que seis tiros atingiram os quatro. Maristela foi morta com três tiros na cabeça. Nathalia, na época com 4 anos, foi atingida por um tiro transfixante no ombro direito e o irmão, com 2 anos, que estava brincando, no chão, levou um tiro na cabeça que deixou paralisado o seu lado esquerdo. Ulisses também foi atingido ao tentar socorrer a irmã.

O julgamento foi acompanhado por representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e por militantes do Fórum de Mulheres de Pernambuco. Todos destacavam o caso como “emblemático” diante da demora da Justiça. O crime ocorreu em 4 de abril de 1989. José Ramos foi preso em flagrante e passou um ano preso. Foi solto mediante Habeas Corpus impetrado pelo seu pai, o advogado criminalista Gil Teobaldo, e desde então respondia ao processo em liberdade, utilizando todos os recursos legais para prorrogar o seu julgamento. Em julho prescreve a pena.

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