Réu foragido

Homem que matou mulher é julgado à revelia

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1 de junho de 2010, 14h20

Começou nesta terça-feira (1º/6) em Pernambuco o julgamento de José Ramos Lopes Neto acusado de matar a ex-mulher, Maristela Just, na frente dos filhos, há 21 anos. O julgamento correrá à revelia, já que o réu e o advogado não compareceram à sessão. A notícia é do Diário de Pernambuco e do O Globo.

Os dois jovens, que na época do crime tinham 2 e 4 anos de idade e também foram vítimas do próprio pai, que atirou neles, escreveram uma carta endereçada aos desembargadores do Tribunal de Justiça de Pernambuco. O documento foi protocolado na última segunda-feira (31/5) no Palácio da Justiça. A carta visa sensibilizar os desembargadores para que eles neguem qualquer recurso da defesa caso o pai seja condenado.

No julgamento marcado para o último dia 13 de maio, o acusado e o advogado de defesa não compareceram e o júri foi adiado para esta segunda-feira. O advogado foi multado em 50 salários mínimos, o equivalente a R$ 25,5 mil, por não ter comparecido.

Uma vez que José Ramos está sem advogado, a juíza Inês Maria indicou os dois defensores públicos Flávia Barros de Souza, chefe do Núcleo da Defensoria de Jaboatão dos Guararapes, e José Inaldo Cavalcanti Júnior, para acompanhar o réu. A decisão da magistrada é um dispositivo jurídico para evitar que o julgamento se dissolva de novo.

O julgamento será no Fórum de Jaboatão dos Guararapes, na Grande Recife. A juíza Inês Maria de Albuquerque confirmou que a prisão preventiva dele foi pedida desde o dia 19 de maio, mas que estava sendo mantida em sigilo para garantir a captura. Lopes Neto não foi encontrado na casa dele, nem da do pai. A partir de agora, ele é considerado foragido.

A Defensoria Pública, que está representando a defesa do réu, informa ainda que não foi procurada por ele. “Desde o júri passado a gente já estava com dados do processo. Já estudávamos. O tempo foi razoável”, contou José Inaldo Cavalcanti.

Das 25 pessoas chamadas para compor o conselho de sentença, sete foram escolhidos, sendo quatro mulheres e três homens. A partir de agora, eles ficam incomunicáveis. A sessão foi suspensa para almoço e recomeça em uma hora, com o depoimento das vítimas, os filhos de Maristela.

Segundo o Tribunal de Justiça de Pernambuco, serão ouvidas as duas vítimas, três testemunhas de acusação e uma de defesa. As outras testemunhas que seriam ouvidas não foram localizadas. A primeira a ser ouvida será a filha de Maristela, Natália Just.

Caso
Maristela Just foi morta na casa dos pais, no bairro de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco. De acordo com as investigações, José Ramos Lopes Neto, que estava separado da mulher havia dois anos, foi à residência no dia 4 de abril de 1989. Lá, ele se trancou com Maristela e os filhos do casal em um dos quartos. José Lopes teria dado três tiros na ex-mulher, um tiro no filho, então com 2 anos, e outro no ombro da filha de 4 anos.

O irmão de Maristela, Ulisses Just, foi baleado quando tentava socorrer a irmã e os sobrinhos. José Ramos, que é filho do advogado criminalista Gil Teobaldo, chegou a ser preso. Ficou por um ano no presídio Aníbal Bruno e prestou vários depoimentos. Foi solto depois de um Habeas Corpus concedido pela Justiça.

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