Novos rumos

Advogado moderno tem perfil mediador e acessível

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15 de janeiro de 2010, 11h57

Não é fácil compreender quais são os desafios e os caminhos que um advogado deverá conscientemente assumir para encontrar realização pessoal e sucesso no exercício da profissão. Sim, esta deve ser a ordem de prioridade, primeiro realização pessoal e depois o sucesso, já que o primeiro é pressuposto para o segundo.

Já se tornou notícia velha os alertas acerca das fortes transformações que o Brasil e o mundo globalizado vêm sofrendo no campo das relações sociais, e, consequentemente, no campo jurídico. Desponta no horizonte uma advocacia moderna e profissionalizada, encabeçada pelos grandes escritórios que passaram a adotar uma postura empresarial na prestação de seus serviços. A passos lentos, as instituições de ensino tentam se adequar a esta nova realidade, alterando sua grade curricular, com inserção de novas matérias e tornando outras optativas.

Há um conflito silencioso entre a velha prática da advocacia e a postura adotada pelos novos advogados, o qual se evidencia na forma de atuação, ou seja, está desaparecendo a figura do advogado autônomo e surgindo em seu lugar as sociedades de advogados multidisciplinares.

A OAB vem sentindo esta mudança com o aumento vertiginoso no número de pedidos de inscrição de sociedades de advogados. O presidente da OAB Nacional, Cezar Britto, em recente entrevista concedida à “Comissão de Apoio aos Advogados em Início de Carreira” opinou que é preciso o advogado deixar de ser um cidadão isolado, profissional do "eu sozinho" e buscar a companhia, a solidariedade e a união com outros advogados.

Por outro lado, os jovens profissionais de Direito — impregnados por conceitos inovadores como sustentabilidade, informática, transparência, velocidade e massificação da informação, e outros —, representam a maioria nas sociedades de advogados. Em estudo divulgado pela pesquisadora da FGV, Luciana Gross Cunha, 65% dos seus entrevistados apresentaram idade inferior ou igual a 30 anos.

Esta transformação profissional não é prerrogativa exclusiva da advocacia, mas está presente em toda a sociedade. Os clientes almejam do advogado maior transparência, comunicação, efetividade e soluções personalizadas. Espera-se um profissional com uma visão ampla do problema ou negócio sob sua responsabilidade, antevendo as consequências nas diversas áreas do Direito e os riscos a serem assumidos conscientemente pelo cliente.

O mundo vem enfretando fortes mudanças que, se ignoradas, podem levar a humanidade à extinção. Urge a necessidade de reflexões e mudanças. Respeito ao meio ambiente e a pacificação social deixaram de ser conceitos vazios e metas distantes para se tornarem palavras de ordem em discussões supranacionais. Inseridos neste contexto estão os advogados, os quais não devem se olvidar de sua responsabilidade profissional, constitucional, política e social. Conhecimento e honestidade não são diferenciais, mas sim pressupostos mínimos de atuação.

O tradicional advogado litigioso, prolixo e distante, sai de cena para dar lugar ao advogado mediador, conhecedor do negócio do cliente e acessível. Esta nova postura, comprometida com o cliente e com a sociedade, trará aos advogados não só sucesso profissional perante a realidade mercadológica, mas também realização pessoal ao contribuir com o ideal de Justiça, motivação embrionária de todo operador do Direito.

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