Efeitos colaterais

Pfizer será julgada por suicídios após uso de remédio

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13 de janeiro de 2010, 16h01

Começa no próximo dia 22 de fevereiro o julgamento de mais uma das ações contra os laboratórios Pfizer, em que se discutem os danos causados pela droga Neurontin. A farmacêutica é processada em 1,2 mil ações, sob acusação de que o remédio usado para controlar ataques epiléticos estaria levando pacientes ao suicídio. As informações são do site The American Lawyer.

A nova batalha engloba três compradores do remédio, em lotes industriais: os convênios hospitalares Aetna, Guardian Life Insurance e Kaiser Foundation Health Health Plan. Os três alegaram na inicial que poderiam ter comprado drogas mais baratas, caso não tivessem “caído no conto da promoção fraudulenta” do Neurontin. Cada um desses laboratórios conseguiu desmembrar a inicial em três partes diferentes.

A juíza da corte federal de Boston, Patti Saris, reverteu a ação contra os planos Aetna e Guardian Life Insurance, alegando litigância de má-fé. Os advogados da Pfizer, do escritório Skadden, Arps, Slate, Meagher & Flom, provaram que apenas o plano de saúde Health Foundation Health Plan teria condições de continuar tocando o processo, já que dispunham de provas materiais que os conectavam às comprar de Neurontin.

Para a juíza Patti Saris, “apenas o litigante Kaiser fez testes de fato para provar a efetividade da ação da droga Neurontin, o que incluiu comunicação direta com a Pfizer”.

Ameaças
A mesma juíza Patti Saris comandou, em 2009, as investigações da mais polêmica acusação envolvendo o Neurontin. O cientista David Franklin, uma das principais testemunhas da Promotoria contra o uso do Neurontin, diz que sua família foi ameaçada pelo agente da CIA aposentado. A acusação fez com que a juíza de Boston emitisse ordem restritiva, em que proíbe a Pfizer ou seus subcontratados de se aproximarem de testemunhas.

A Pfizer emitiu nota de desculpas, por meio dos escritórios de advocacia Skadden, Arps, Slate, Meagher & Flom e Boies, Schiller & Flexner. Os escritórios sustentam que o cientista acusador inventou os fatos “para atrair a atenção da mídia”. E que o ex-agente da CIA “seguiu os protocolos padrão e não foi hostil ao cientista e à sua família”. A farmacêutica ajuizou recurso em que postula o direito de o ex-agente da CIA poder transitar livremente junto à família do cientista acusador.

Segundo a acusação, a mulher do cientista, Ann Laquerre, teria recebido, em 27 de julho de 2009, ligações de um investigador particular que dizia trabalhar para os escritórios de advocacia que defendem a Pfizer. Ela diz que se sentiu ameaçada quando o agente teria dito que “nada acabaria” ali.

O cientista David Franklin ficou rico e famoso com a ação ajuizada em 1996 contra o laboratório Warner Lambert, comprado pela Pfizer no ano 2000. Nela acusava a empresa de marketing ilegal da droga Neurontin. A Pfizer foi condenada por violação de leis de marketing da saúde pública e pagou por isso a soma de US$ 430 milhões, em 2004. O cientista Franklin levou US$ 24,6 milhões nesse acordo.

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