Ditadura no Uruguai

Jornalista é acionado por relatos e imagens em livro

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2 de fevereiro de 2010, 17h16

O livro que relata torturas durante a ditadura no Uruguai virou alvo de um processo por dano moral e à imagem. A obra Operação Condor: O Sequestro dos Uruguaios, do jornalista Luiz Cláudio Cunha, foi publicada em 2008 pela editora L&PM. Tanto o autor quanto a editora foram, então, processados pelo ex-policial do DOPS, da região Sul, João Augusto da Rosa, mencionado na publicação. A audiência do caso acontecerá na quinta-feira, (4/2), às 15h, na 18ª Vara Cível do Foro Central de Porto Alegre (RS).

O autor da ação alegou que se sentiu ofendido com a sequência de imagens contidas no livro. “O Luiz Cláudio apenas reproduziu as imagens que já tinham sido publicadas na revista Veja”, explicou a advogada do jornalista, Rejana Maria Davi Becker, à revista Consultor Jurídico. O jornalista argumenta que o livro nada mais é do que a junção dos relatos que fez na revista anos antes. “Depois de 30 anos, ele resolveu me processar”, disse ele.

A obra conta a história do sequestro de Lílian Celiberti, seus dois filhos menores e Universindo Díaz, ocorrido em Porto Alegre, em novembro de 1978. Lilian Celiberti, vítima de torturas na ditadura, irá depor como testemunha no processo. Em entrevista à revista ConJur, a uruguaia confirma que, após o sequestro, passou cinco anos presa no Uruguai. Questionada sobre João Augusto da Rosa — conhecido como Irno — ela afirmou: “Ele fazia parte do comando operativo que participou do sequestro clandestino até o Uruguai, viajamos no mesmo veículo até a fronteira, junto com meus dois filhos, Camilo e Francesca”. Ela diz que são verdadeiros todos os fatos contidos na obra.

O ex-policial alegou, na Justiça, que o jornalista omitiu na obra sua absolvição durante inquérito policial de 1983. A advogada de Luiz Cláudio rebate o argumento. Segundo ela, no inquérito, ele teve o processo arquivado por falta de provas, o que não significa absolvição. 

Os advogados de João Augusto da Rosa foram procurados pela revista ConJur, nesta segunda-feira (1º/2) e terça-feira (2/2). No entanto, não foram encontrados. 

O livro Operação Condor: O Sequestro dos Uruguaios recebeu o troféu Jabuti e Menção Honrosa do prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos em 2009. Acaba de ser agraciado também em Havana no Prêmio Casa de Las Américas de 2010.

Processo nº 001/1.09.0102774/3

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