Assassinato em Jandira

Justiça decreta prisão temporária de quatro suspeitos

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11 de dezembro de 2010, 14h18

Os quatros homens detidos por suspeita de participação na morte do prefeito de Jandira (SP), Braz Paschoalin (PSDB), tiveram a prisão temporária decretada neste sábado (11/12). A informação, divulgada pelo Portal G1, foi confirmada pelo delegado do Setor de Homicídios da Delegacia Seccional de Carapicuíba, Zacarias Katzer Tadros, responsável pela investigação.

A polícia fez o pedido de prisão temporária na noite de sexta-feira. Exames residuográficos comprovaram a existência de resíduos de pólvora nas mãos de dois dos quatro homens detidos. "Todos os quatro são muito conhecidos da polícia. São membros de uma facção criminosa e possuem uma extensa ficha criminal", afirmou ao G1 o delegado.

Dois suspeitos foram detidos na sexta-feira em Itapevi, a dois quilômetros do local do crime, quando tentavam explodir um carro prata, pouco depois das 8h30. Os outros dois acusados foram detidos à tarde em local não informado pela polícia.

O crime
O homicídio aconteceu na rua Antônio Conselheiro, no bairro Santa Tereza, em Jandira, na Grande São Paulo, na manhã desta sexta-feira. Paschoalin morreu quando chegava à Rádio Astral FM, onde todas as sextas-feiras participava de um programa de entrevistas. O barulho produzido por cerca de 15 disparos que mataram o prefeito puderam ser ouvidos ao vivo pelos ouvintes da rádio.

 O presidente da associação que administra a rádio da cidade, Fernando Silva, estava apresentando a última reportagem do jornal, às 7h57, quando os tiros foram disparados. Uma adolescente de 17 anos presenciou o crime e foi ouvida pela polícia. A PM informou, inicialmente, que o motorista do prefeito também havia morrido. Mas um delegado confirmou que ele sobreviveu e está internado no Hospital das Clínicas de São Paulo. O velório de Paschoalin é realizado desde a tarde desta sexta ginásio de esportes do município. O enterro está marcado para as 16h45 no Cemitério Municipal de Jandira.

Investigações
A polícia trabalha com a possibilidade de os dois detidos que apresentaram resquícios de pólvora nas mãos serem os executores do crime, enquanto que os outros dois seriam os responsáveis por sumir com o carro prata, roubado dias antes. “Foram usadas armas de grosso calibre: uma pistola de 9 mm e, possivelmente, um fuzil ou uma submetralhadora", afirmou o delegado. As armas não foram encontradas. Um dos suspeitos invadiu a casa do prefeito com outras seis pessoas, em outubro, quando a filha dele foi alvo de uma tentativa de sequestro, de acordo com o delegado.

O diretor do Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo (Demacro), Marcos Carneiro, informou que as investigações sobre as mortes de dois suplentes de vereadores – Waldomiro Moreira de Oliveira e Antonio Ivo Aureliano – de Jandira, ocorridas este ano, serão transferidas para a Delegacia Seccional de Carapicuíba, onde funciona o Setor de Homicídios e Proteção à Pessoa da região. O objetivo é apurar se os assassinatos dos suplentes têm ligação com o do prefeito.

Prefeito
O G1 apurou que Paschoalin estava em seu terceiro mandato como prefeito de Jandira. Em 1976, ele foi eleito vereador, então com 28 anos. Em 1988, foi eleito prefeito pela primeira vez, administrando a cidade de 1989 a 1992. Paschoalin reassumiu o cargo no período entre 1997 e 2000, e foi eleito novamente em 2008, tomando posse em 2009.

Em seu segundo mandato, Paschoalin chegou a ser o prefeito com o maior salário do país. Em 2003, foi alvo de investigação por causa do sumiço de cem cheques da prefeitura. Os cheques foram feitos em nome de várias pessoas e sacados de uma vez só. As assinaturas que endossaram os cheques eram falsificadas. A mulher do prefeito, Maria Helena, também foi investigada pelo Ministério Público por causa de despesas que o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo considerou irregulares.

O prefeito e mais cinco vereadores de Jandira também são alvo de investigação pelo Grupo de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Segundo o órgão, Paschoalin pode estar por trás do pagamento de propina a vereadores para aprovar projetos de interesse da prefeitura.

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