Pressão internacional

Iraniana condenada à morte é libertada, diz ONG

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9 de dezembro de 2010, 20h30

A viúva iraniana Sakineh Mohammadi-Ashtiani, condenada à morte por apedrejamento, foi libertada juntamente com o seu filho e o seu advogado, de acordo com anúncio feito nesta quinta-feira (9/12) pelo Comitê Internacional Contra Apedrejamento, ONG sediada na Alemanha. A notícia é da Agência Brasil.

"Recebemos do Irã a informação de que [Sakineh e o filho] estão livres", disse Mina Ahadi, porta-voz do comitê, uma das organizações envolvidas numa vasta campanha internacional pela libertação da iraniana.

"Ainda aguardamos uma confirmação. Nesta noite deverá ser difundido um  informe num programa na televisão, e teremos a certeza absoluta. Mas, sim, ouvimos dizer que [Sakineh] está livre, tal como o seu filho e o seu advogado", informou Mina Ahadi.

Sakineh Mohammadi-Ashtiani foi condenada à morte por dois tribunais distintos em 2006, pelo suposto envolvimento na morte do marido.

A condenação à morte foi convertida em dez anos de prisão em 2007, mas a condenação ao apedrejamento por adultério foi confirmada no mesmo ano por outro tribunal de recurso.

A revelação deste caso em julho passado por associações de direitos humanos suscitou em uma vigorosa reação no Ocidente, com numerosos países solicitando a não aplicação da sentença, considerada "bárbara".

Em julho, durante a Cúpula do Mercosul, na cidade argentina de San Juan, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou sobre o caso de Sakineh. Na ocasião, ele manifestou disposição de conversar com o governo iraniano, mas ressaltou que a questão era assunto interno do Irã. "Cada país tem suas leis, sua religião", disse Lula. "Nós temos que respeitar o procedimento de cada país. Se aprendêssemos a respeitar a soberania de cada país, seria muito, muito melhor."

Ele também negou, na ocasião, ter feito pedido de asilo para Sahineh. "Fiz um pedido mais humanitário do que uma coisa política." Lula disse que leu nos jornais que Sakineh poderia ser morta por apedrejamento ou enforcamento e que não considera nenhum dos dois tipos de morte "humanamente aceitável". Ele explicou que, por considerar bárbaro o apedrejamento, disse, na época que o Brasil receberia a iraniana "de braços abertos".

Na semana passada, a presidente eleita, Dilma Rousseff, afirmou que era contra a execução de Sakineh. "Sou contra o apedrejamento da iraniana. Acho uma coisa muito bárbara, mesmo considerando os costumes de outros países", disse Dilma.

Em setembro, o procurador-geral do Irã, Gholam-Hossein Mohseni-Ejei, informou que a sentença de morte de Sakineh seria modificada de apedrejamento para enforcamento. Segundo ele, a mudança ocorreu porque a viúva seria punida por cumplicidade na morte do marido, e não por adultério. Assassinato no Irã é punido com enforcamento. O Ministério das Relações Exteriores do Irã, por sua vez, anunciou que a sentença de morte por apedrejamento estava suspensa, embora o caso continuasse a ser analisado e Sakineh ainda pudesse ser executada.

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