Advocacia em luto

Aos 82 anos, morre o advogado José Eduardo Loureiro

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31 de agosto de 2010, 12h40

OAB/SP
José Eduardo Loureiro - OAB/SP

A advocacia paulista se despede do advogado José Eduardo Loureiro, que foi presidente da OAB-SP entre os anos de 1985 a 1987. Loureiro morreu de câncer, aos 82 anos, nesta segunda-feira (30/8). Ele deixou seis filhos, entre eles José Eduardo Loureiro Filho, o juiz Francisco Eduardo Loureiro e o advogado Leopoldo Eduardo Loureiro de quem era sócio, além de cinco netos.

O velório estáacontece no Hospital Albert Einstein, na Avenida Albert Einstein, 627, Morumbi. O enterro será nesta terça-feira (31/8), no Cemitério da Consolação, às 15h.

Uma das características do advogado era a simplicidade. Para ele "o presidente da Ordem nada mais era do que um advogado, como os outros, momentaneamente no exercício do cargo". Ele presidiu a OAB-SP no período de transição que se seguiu à eleição indireta de Tancredo Neves. Em seu discurso de posse ele disse que "só a lei livremente elaborada pode sujeitar os homens e regular a vida social."

Ele se destacou pela defesa da democracia, de uma nova Constituição e da remoção das leis do regime autoritário. "As marcas de minha gestão são reais realizações de todos. Foram criadas pela corporação e desenvolvidas pelo seu Conselho Seccional, sempre na intransigente defesa das prerrogativas e da dignidade dos advogados", afirmava.

Para seu filho, o juiz Francisco Eduardo Loureiro, uma das marcas mais importantes dele foi a defesa do exercício profissional do advogado.

O atual presidente da OAB-SP, Luiz Flávio Borges D’Urso, declarou que a advocacia paulista está em luto, pois "perde um de seus mais valorosos presidentes, José Eduardo Loureiro, que conduziu os desígnios da entidade durante o importante período da Assembleia Nacional Constituinte e da consolidação da democracia brasileira. Foi a voz dos advogados paulistas a clamar pelo Estado de Direito, estabilidade jurídica, mais justiça social, mais cidadania, mais liberdade e mais direitos para os brasileiros", afirmou ao saber do falecimento do colega. D’Urso decretou três dias de luto em todas as subsecções e unidades da OAB-SP.

Para o desembargador Carlos Teixeira Leite Filho, diretor da Associação Paulista dos Magistrados (Apamagis), Loureiro foi um homem íntegro. "Como pessoa, só deu bons exemplos. Em todos os aspectos. Como advogado, honrou e elevou a profissão."

Para o tributarista Raul Haidar, José Eduardo Loureiro será sempre um exemplo para todos os advogados de São Paulo. "Dr. Loureiro não foi só um grande advogado, uma pessoa culta, inteligente, bem humorada. Foi muito mais que isso: foi amigo verdadeiro de todos os advogados, mestre da ética, um guerreiro valente, dedicado às causas da advocacia."

Para o advogado criminalista Arnaldo Malheiros Filho, Loureiro fará falta primeiro por causa de sua simplicidade. Mas, acima de tudo, de sua generosidade e carinho. "Era capaz de perder horas de seu tempo precioso apenas para ouvir e, se possível, ajudar um colega. Era amigo sempre presente. Preocupava-se, sobremodo, com os advogados mais jovens, aos quais nunca poupou uma palavra de incentivo, apoio e carinho!"

Assim como pessoa, ele era um advogado muito simples. Enquanto "presidente da OAB — com antecessores que andavam de Galaxie preto e motorista, tudo da Casa — ele percorria o Estado ao volante de seu fusquinha vermelho, carregando a surrada pasta de couro marrom desbotado, só de birra com os colegas que reclamavam uma nova. Não havia distância entre o bâttonier e qualquer advogado ou estudante de Direito, ele só sabia conversar de igual para igual", lembra.

Além disso, ele tinha uma "advocacia de massa, que administrava com talento e muita disciplina. Nos cargos que ocupou na OAB estava sempre inteirado de tudo. Dividia seu tempo de modo a ser quase onipresente. Sempre dedicou extrema atenção às prerrogativas profissionais, que considerava o cerne da estrutura da advocacia", declara Malheiros.

Advocacia
José Eduardo Loureiro era paulistano, graduou-se pela Faculdade de Direito da USP, na turma de 1951, com pós-graduação em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas. Além de ter ocupado a presidência da Ordem em São Paulo, foi vice-presidente da seccional e presidente da Comissão de Exame de Ordem, conselheiro da OAB-SP por quatro biênios e da Associação dos Advogados de São Paulo (Aasp). Era também membro do conselho do Instituto dos Advogados de São Paulo (Iasp).

O escritório de José Eduardo Loureiro permaneceu no centro de São Paulo, desde 1968. O escritório Advocacia José Eduardo Loureiro foi fundado em 1951, tendo passado por duas composições societárias, até denominar-se Loureiro e Cunha Cintra – Advogados S/C., no final da década de 60.

Com essa denominação, e composto pelos sócios José Eduardo Loureiro e Plínio Neves da Cunha Cintra, permaneceu até 1984, quando, com a saída de Plínio Neves da Cunha Cintra passou a ter a denominação atual.

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