Afastamento do STF

Ministro diz estar disposto a passar por perícia

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12 de agosto de 2010, 17h30

Em abril deste ano, o ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa tirou 60 dias de licença médica. Há um mês, prorrogou o benefício pelo mesmo período. Uma reportagem publicada neste final de semana pelo jornal O Estado de S. Paulo informou que o ministro, que alega sofrer de dores crônicas na região lombar, está frequentando festa e bar durante o afastamento.

Em entrevista à revista Época, Barbosa diz-se indignado com a imprensa e o tratamento que ela tem dado à sua condição. No Supremo, chegou-se a cogitar uma perícia médica para o caso. "Estou disposto a me submeter a qualquer junta médica. Aliás, o meu caso está fartamente documentado no serviço médico do STF, composto de vários médicos que têm acesso a meu dossiê", disse ele à revista Época.

Leia a entrevista:

Como o senhor está vendo a repercussão da sua licença médica na imprensa?
Joaquim Barbosa – Indignado. É esta a palavra.

O jornal O Estado de S. Paulo publicou no sábado (7/8) uma reportagem em que diz que o senhor está frequentando bares em sua licença.
Barbosa – A repórter Mariângela Galucci do jornal O Estado de S. Paulo invadiu ilegalmente a minha privacidade, me fotografou clandestinamente em ambiente residencial privado, me espionou no fim de semana, quando eu me encontrava com amigos e, ainda por cima, colocou dúvidas sobre o estado de minha saúde. Isso é inaceitável. Todos os repórteres que cobrem o tribunal têm o meu celular. Outros repórteres que não cobrem, com quem eu falo com frequência, também têm o meu celular. Ela fingiu que ligou para o outro lado. Ela ligou para o meu gabinete, sabendo que eu estava há três meses em tratamento em São Paulo, quando ela poderia ter falado diretamente comigo.

O senhor está ingerindo bebidas alcoólicas?
Barbosa – Há dois meses não coloco uma gota de álcool na boca.

Qual é exatamente o motivo de sua licença médica?
Barbosa – Eu tenho dores crônicas na região lombar e do quadril. Quando eu fico de mais de 20 minutos diretos em pé, sentado, ou caminhando, eu sinto muitas dores. O problema na lombar é mais antigo, estou há mais de três anos cuidando. Há três meses faço um novo tratamento e essa dor já melhorou cerca de 50%.

Por que o senhor renunciou do Tribunal Superior Eleitoral, em novembro do ano passado?
Barbosa – Por causas das dores intensas. É bom lembrar que no período decorrido entre maio de 2008 e novembro de 2009, eu acumulei dois cargos: de ministro do Supremo Tribunal Federal e de ministro do TSE, o que acarretava jornadas de trabalho às vezes superiores a 14 horas, principalmente no período das eleições municipais de 2008. As dores se intensificaram a partir do primeiro semestre de 2007, antes do mensalão. Eu fiz todo o mensalão em pé. Hoje faço tratamento em uma clínica especializada em dor, dirigida pelos maiores especialistas nesta área no Brasil, a doutora Lin e o doutor Manuel Jacobsen.

Como é o tratamento?
Barbosa – Por semana, faço duas sessões de agulhamento seco, que não é a mesma coisa que acupuntura. Faço também cerca de quatro tipos de fisioterapia diferentes. Eu tenho acompanhamento médico quase que diário, com especialistas médicos, como fisiatras, reumatologistas, ortopedistas e clínico geral. Além de tomar muitos medicamentos.

O presidente do STF, ministro Cezar Peluso, indicou que o senhor talvez tenha que passar por uma perícia médica, caso queria prolongar seu afastamento. Está disposto a fazer isso?
Barbosa – Estou disposto a me submeter a qualquer junta médica. Aliás, o meu caso está fartamente documentado no serviço médico do STF, composto de vários médicos que têm acesso a meu dossiê.

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