Indícios de homicídio

Ex-PM é denunciado pela morte de Mércia Nakashima

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2 de agosto de 2010, 21h24

O ex-policial militar e advogado Mizael Bispo de Souza foi denunciado pelo Ministério Público por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver pela morte da advogada Mércia Nakashima. Além dele, o promotor de Justiça Rodrigo Merli Antunes denunciou à Justiça de Guarulhos o vigia Evandro Bezerra Silva, também acusado pela morte de Mércia, por homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáver.

De acordo com a denúncia, Mizael e Mércia mantiveram um relacionamento amoroso por quatro anos. O namoro acabou em setembro de 2009, por iniciativa da advogada, o que jamais foi aceito por Mizael.

A advogada desapareceu no dia 23 de maio. Seu corpo foi encontrado em uma represa de Nazaré Paulista, no interior de São Paulo, no dia 11 de junho, um dia depois de seu carro ter sido localizado submerso ali pelos bombeiros. No dia do crime, segundo o Ministério Público, Mizael convidou Mércia para um encontro nas proximidades do Hospital Geral de Guarulhos. O ex-PM deixou seu carro no local e seguiu com a advogada para um passeio no carro dela.

Durante o passeio, no trecho entre o bairro Parque Cecap, em Guarulhos, e o bairro Cuiabá, em Nazaré Paulista, Mizael atirou na ex-namorada, atingindo-lhe no braço esquerdo, na mão direita e na mandíbula. Ainda segundo a denúncia, Mércia também foi atingida por um instrumento contundente, causando-lhe fratura no maxilar e na mandíbula, em um golpe desferido por Mizael.

Depois, afirma o MP-SP, o ex-PM empurrou o carro de Mércia, com a advogada em seu interior, na represa de Nazaré Paulista, o que causou a sua morte por asfixia. Mizael teria sido auxiliado por seu amigo Evandro Bezerra Silva, que o encontrou no local do crime e o levou de volta a Guarulhos, deixando-o onde estava estacionado o seu carro. “Evandro foi denunciado como partícipe porque sabia das intenções homicidas de Mizael e aceitou colaborar com a prática do crime”, afirmou o promotor.

Ele também pediu a decretação da prisão preventiva de Mizael e a conversão da prisão temporária de Evandro Bezerra Silva em prisão preventiva. Para o promotor, a decretação da prisão preventiva do ex-PM é necessária para garantia da ordem pública. “Mizael tem antecedente de agressão a mulheres e durante todo o tempo procurou atrapalhar as investigações”, observou o promotor. “A instrução processual terá a sua regularidade ameaçada caso os denunciados respondam ao processo em liberdade”, complementou, lembrando que Evandro se refugiou em Sergipe e só foi localizado por conta de interceptações telefônicas feitas durante a investigação.

Na denúncia, o Ministério Público solicita a continuidade das investigações sobre Altair Bispo de Souza, irmão de Mizael, para esclarecer se ele teve alguma ligação com o crime e o objetivo de 27 ligações telefônicas trocadas entre os irmãos após a morte de Mércia Nakashima. De acordo com o promotor, ainda não há elementos para denunciar Altair.

Outras oito providências foram requisitadas pelo MP, entre elas a transcrição das conversas telefônicas de Evandro, interceptadas com autorização judicial; a reconstituição do crime, o rastreamento de eventual utilização do cartão de crédito de Mizael entre 1º e 31 de maio, e diligência junto à operadora de celular para saber se a caixa postal do telefone celular de Mércia foi acessada após 23 de maio, dia do desaparecimento da advogada.

A pena prevista para homicídio qualificado é de 12 a 30 anos de prisão e a pena para ocultação de cadáver é de um a três anos de reclusão. Com informações da Assessoria de Imprensa do MP-SP.

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