Volta ao futuro

As novas competências dos advogados no século XXI

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17 de abril de 2010, 7h34

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Nunca antes nesse planeta, os negócios da advocacia cresceram tanto como nos anos entre 2000 e 2007. Além de despertarem para os fenômenos da globalização e da tecnologia da informação, os escritórios foram catapultados pelo vertiginoso crescimento das finanças e da economia mundiais.

Até que explodiu a crise de 2008 e lançou as sociedades numa nova fase, que não é mais a do milagre do crescimento do início do novo milênio, e tampouco é uma volta ao modelo tradicional de escritório do século passado. “Quem sobrevive não é o mais forte nem o mais inteligente, mas quem tem maior capacidade de se adaptar às mudanças”, diz, citando Charles Darwin, o professor espanhol Carlos De La Pedraja, da IE Law School, um centro de altos estudos de negócios e Direito com sede em Madri.

“Com a crise, os clientes descobriram que podem ter mais pagando menos”, constatou. E como o professor ensina, os escritórios que quiserem sobreviver têm de se adaptar à demanda, sem esperar que aconteça o contrário.  De La Pedraja deu conferência na GV Direito de São Paulo, nesta sexta-feira (16/4), sob o título As Novas Competências do Advogado do Século XXI: que Perfil Buscam as Sociedades de Advocacia e as Empresas Europeias na Atualidade?

Para o professor, os escritórios estão entrando definitivamente no Business Law. Não, não se trata de uma especialidade do Direito voltada para os negócios. Quando menciona o Business Law, ele está falando do posicionamento dos escritórios como unidades de negócios, num mundo altamente competitivo.

Neste sentido, ele lembra que, tradicionalmente, os escritórios eram tocados de forma familiar. O relacionamento pessoal do advogado era o que mais contava. Hoje, esse modelo ficou superado. “O cliente pode ser até amigo do advogado, mas vai procurar alguém que faça o mesmo serviço por um preço melhor”, diz.

Advocacia terceirizada
Daí a necessidade premente de buscar a eficiência máxima que permita prestar o melhor serviço pelo menor custo. Nessa busca, grandes escritórios do mundo estão buscando não apenas a terceirização de serviços de massa, mas a própria “terceiromunidização” desses serviços. Escritórios da Inglaterra e dos Estados Unidos, conta ele, estão fazendo contratação massiva de advogados na África do Sul para fazer tarefas repetitivas e de baixa complexidade. A qualidade pode não ser a mesma, mas o custo é muito mais baixo. A Índia também tem se prestado a esse tipo de trabalho.

Ele se refere de modo especial à advocacia consultiva e de assessoramento voltada para o campo empresarial e dos negócios. Entende que ainda por muito tempo haverá lugar para escritórios tradicionais e que a judicialização das relações sociais vai garantir a sobrevivência de longo prazo dos advogados do contencioso. Mas o predomínio do Business Law será cada vez maior.

Para o professor, ao novo modelo de escritório corresponde também um novo tipo de profissional. “Antigamente, o sonho do advogado que entrava no escritório era ser sócio da firma. Hoje, ele está muito mais interessado em ter um plano de carreira, que não necessariamente irá se desenvolver num mesmo escritório”, diz o professor.

Ganham importância na contratação do profissional a especialização, a multidisciplinariedade, a capacidade de atuar em equipe, os créditos por serviços prestados anteriormente, a capacidade de relacionamento. De La Pedraja explica que o conhecimento técnico é o mais fácil de conferir na hora de contratarr. E quando há alguma falha é possível saná-la. Basta fazer um curso. Mas pouco se olha para as qualidades pessoais do candidato: “E não tem curso capaz de tornar simpática uma pessoa antipática”, diz.

No novo modelo ganha relevância também a gestão interna dos escritórios. E nesse ponto, as tendências são rumo à radicalização. Na Inglaterra, já tem escritório pensando em abrir o seu capital e colocar ações na Bolsa. Outra discussão intensa é sobre as distintas formas de faturamento e a tendência é que o sistema de cobrança por hora está com os dias contados. Qual o melhor sistema? Há divergências, muitíssimas.

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