Questionário presidencial

Lula tomou conhecimento do mensalão por Jefferson

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14 de abril de 2010, 6h01

O presidente Lula informou ao ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal, que tomou conhecimento do chamado mensalão por meio do presidente do PTB, o deputado cassado Roberto Jefferson. A pergunta ao presidente foi encaminhada pelo Ministério Público Federal, autor da ação que investiga o suposto pagamento de propina a parlamentares em troca de seu apoio a assuntos de interesse do governo na Câmara dos Deputados.

O questionário do MPF também incluía perguntas elaboradas por cinco dos 40 réus da Ação Penal que tramita no STF. Entre eles, está Luiz Gushiken, ex-titular  da Secretaria de Comunicação Social e José Dirceu, ex-ministro-chefe da Casa Civil. “Pelo que me lembro, ao final de reunião no primeiro semestre de 2005, e na presença de Aldo Rebelo (deputado do PCdoB-SP, ex-presidente da Câmara dos Deputados), Walfrido dos Mares Guia (ex-ministro do Turismo e das Relações Institucionais), Arlindo Chinaglia (deputado pelo PT-SP e ex-presidente da Câmara) e José Múcio Monteiro (ex-ministro das Relações Institucionais e atual ministro do Tribunal de Contas da União), Roberto Jefferson fez menção ao assunto”, afirma o presidente da República, em resposta a questionamento do MPF.

Depois da afirmação, o presidente disse ter pedido a Aldo Rebelo e Arlindo Chinaglia que verificassem “se as afirmações procediam”. “Posteriormente, fui informado de que uma reportagem sobre o assunto havia sido publicada em 2004 no Jornal do Brasil, resultante na abertura de dois procedimentos na Câmara dos Deputados. Um destes, inclusive, teria sido encaminhado pela própria Casa (Câmara dos Deputados) ao procurador-geral da República”, escreveu o presidente. 

Em suas respostas, Lula afirmou ainda que desconhece qualquer fato que desabone os políticos que participaram da reunião. Ele negou também ter feito reuniões privadas com o ex-deputado José Janene, acusado de ser destinatário de R$ 4,1 milhões repassados pelo esquema operado pelo publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza. Lula disse ainda que não conhece o publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza e negou que Valério alguma vez tivesse estado na residência oficial da Granja do Torto durante sua gestão.

Lula disse conhecer João Paulo Cunha, professor Luizinho, José Dirceu e Luiz Gushiken da militância do PT, ressaltando que eles fazem parte do “quadro histórico” da agremiação. Quanto a Cunha, disse desconhecer qualquer irregularidade ocorrida na presidência da Câmara sob sua gestão. Relativamente a José Dirceu, afirmou que, em 2002, na qualidade de presidente do PT, ele foi coordenador-geral da campanha presidencial, mas não sabe se, nessa condição, Dirceu tratou de assuntos financeiros diretamente. Disse, ainda, não ter conhecimento de que o ex-chefe da Casa Civil tenha praticado qualquer ato indevido para beneficiar entidades privadas quando exercia aquela função.

Campanhas
Questionado pelo Ministério Público Federal sobre o suposto financiamento do antigo PL pelo PT, Lula negou que alguma vez o ex-presidente do PL, ex-deputado Valdemar da Costa Neto, lhe tivesse cobrado uma suposta dívida do PT para com o PL. Disse, também, que a negociação para formação de chapa do PT com o PL deve ter sido negociada pelas direções dos dois partidos. O presidente ainda negou ter protagonizado a negociação para que o PTB ingressasse na base aliada.

Por outro lado, ele disse não saber qual foi o montante da dívida remanescente do comitê de sua campanha de 2002. Também respondeu negativamente a pergunta sobre se o publicitário Duda Mendonça, autor de sua campanha, ou qualquer outra pessoa, durante ou após a campanha presidencial de 2002, o informou da existência de débito do comitê de campanha para com ele ou com sua empresa. O presidente disse, ainda, que não teve conhecimento de empréstimos tomados pelo PT junto aos bancos Rural e BMG e a Marcos Valério e suas empresas. Com informações da Assessoria de Imprensa do Supremo Tribunal Federal.

Ação Penal 470

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