Eleições da OAB-SP

Candidato é acusado de fraudar pesquisa

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28 de outubro de 2009, 12h46

Auditoria encomendada pelo advogado Martim de Almeida Sampaio revelou que enquete divulgada pela chapa concorrente à eleição da Ordem dos Advogados do Brasil em São Paulo encabeçada por Rui Celso Reali Fragoso foi fraudada. A pesquisa feita no site de campanha do candiato pretendia aferir a opinião dos advogados de São Paulo em relação ao terceiro mandato do presidente da OAB-SP. O atual presidente Luiz Flávio Borges D’Urso é candidato à re-reeleição

A pesquisa ficou no ar por cinco meses. Os números amplamente contrários ao terceiro mandato levaram Almeida Sampaio, que é candidato a conselheiro na chapa de D’Urso, a pedir a auditoria. A tarefa foi encomendada à empresa Crowe Horwath RCS, uma das maiores do gênero no mundo, que confirmou a suspeita. Segundo teste feito pelos auditores, para cada voto dado a favor da reeleição, eram computados quatro contra a proposta (clique aqui para ler o relatório da auditoria).

A enquete perguntava Qual sua opinião sobre o terceiro mandato na OAB-SP?. A pesquisa oferecia duas opções de voto: "a favor" e "contra". De acordo com o relatório, ao votar em “a favor”, automaticamente, eram computados quatro votos “contra”. Ou seja, a cada voto favorável, quatro contrários eram acrescidos sem que ninguém houvesse escolhido a opção. Ao fazer o teste de forma contrária, votando em “contra”, o valor para “a favor” permaneceu o mesmo, sendo contabilizado um voto para cada.

O resultado da enquete “apresenta um indício de deficiência na contabilização dos votos”, apontou a averiguação. O site foi acessado por meio de computadores com diferentes IPs (Internet Protocol) para assegurar que, caso o sistema possuísse um método de bloqueio de mais de um voto por IP, não impactasse nos testes realizados.

Para garantir que o sistema não estaria, coincidentemente, recebendo votações proporcionais e simultâneas às feitas pela auditoria, foi realizada longa pausa entre as votações feitas para análise. Após uma hora, notou-se que os valores mantiveram-se inalterados, demonstrando que nenhum voto havia sido computado.

No período de votação analisado, de quase três horas, entre 13h21 e 16h12, do dia 28 de setembro, a enquete recebeu 6 votos (a favor) e 1 (contra) feitos pela auditoria, e mais 2 (contra) feitos por internautas, totalizando 9 votos. No início do teste a votação registrava 1.270 votos a favor e 5.565 contra.

De acordo com relatório de análise, ao final do período de testes o placar mostrava 1.276 a favor e 5.592 contra. Foram contabilizados no período 33 votos. Tal análise gerou a proporção de 1 x 4,5 e levando em consideração um período infinito, se aproximaria de 1 x 4, ou 20% x 80%, reforçando a distorção identificada e não refletindo a opinião dos internautas. Feita por amostragem, a análise dos resultados expressados pela enquete foi feita no dia 28 de setembro, num período de três horas.

Procurada pela Consultor Jurídico, a assessoria de imprensa de Rui Fragoso não se manifestou até a publicação da reportagem.

Clique aqui para ler o relatório.

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