Informações desencontradas

Polícia tem várias versões sobre a prisão de Igor

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21 de outubro de 2009, 11h41

Reportagem da Folha de S.Paulo informa que a Polícia Civil de São Paulo produziu três versões totalmente distintas para tentar explicar como o ex-promotor Igor Ferreira da Silva foi encontrado na tarde de segunda-feira após mais de oito anos foragido.

Na primeira delas, Igor "se apresentou espontaneamente" no 31º Distrito Policial, na Vila Carrão (zona leste de São Paulo), conforme o boletim de ocorrência 3.449. Na segunda, ele foi "preso na casa de familiares", segundo o boletim 3.451, registrado na mesma delegacia.

A terceira versão para o encontro do ex-promotor, condenado a 16 anos pela morte da mulher Patrícia Longo, grávida de oito meses, foi apresentada em uma nota da assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública e também durante uma coletiva à imprensa.

Por essa versão, a delegada Adanzil Limonta recebeu denúncia anônima e foi à rua Dentista Barreto, perto do 31º DP, e lá encontrou Igor parado. Em nenhum dos dois BOs consta o nome dessa rua. A ligação, segundo apurou o jornal, foi para o celular da policial.

O informe da Segurança Pública também afirmou que a "investigação imediata" só aconteceu por causa do novo sistema de atendimento em parte das delegacias da capital. Por esse sistema, que tem recebido críticas, várias delegacias restringiram o atendimento ao público em situações consideradas mais graves.

A família do ex-promotor afirma que ele se entregou à polícia, depois de ter combinado sua apresentação com a delegada Adanzil, amiga de parentes de Igor. O próprio ex-promotor, na segunda-feira, disse a jornalistas que tinha se apresentado espontaneamente.

Questionado pelo jornal, o delegado Nelson Silveira Guimarães, chefe da Polícia Civil em parte da zona leste, disse que os dois BOs estão errados. Segundo ele, a versão correta é a divulgada pela nota da Secretaria da Segurança, de que ele foi preso após uma denúncia anônima. E afirma: o ex-promotor não se entregou.

A prisão do ex-promotor era considerada o mais cobiçado "troféu" das autoridades da Segurança Pública.

Os dois boletins de ocorrência constam como escritos pela delegada Adanzil e pelo escrivão Joarez Dias Lima. Segundo o delegado Guimarães, a delegacia Adanzil só redigiu o primeiro boletim — ele disse não saber por que ela cometeu o erro. Já o segundo, diz Guimarães, foi ditado por uma outra pessoa que ele "não pode identificar publicamente".

Segundo o pai de Igor, o advogado Henrique Ferreira da Silva Filho, o promotor foi levado em um carro da família até a rua Dentista Barreto e ligou para o celular da delegada pedindo que ela fosse ao seu encontro em um carro particular — o que foi atendido.

A decisão de Igor de se entregar à Polícia, ainda segundo seu pai, foi tomada por ele há cerca de um mês, quando pessoas que se disseram policiais invadiram a casa da família à procura dele. Nessa invasão, móveis foram quebrados. Por isso, ele decidiu procurar a delegada.

O secretário da Segurança Pública da gestão de José Serra (PSDB), Antonio Ferreira Pinto, foi procurado na terça-feira, mas não se manifestou sobre o caso, diz a Folha.

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