Cadeira nova

Novo ministro diz que advocacia já é página virada

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4 de outubro de 2009, 16h12

O novo ministro do Supremo Tribunal Federal, José Antonio Dias Toffoli, de 41 anos, também foi entrevistado pela revista Época. Durante a conversa, ele disse que deposita a sua fé em Deus para enfrentar a “vivência e a alta responsabilidade” do cargo que ocupará a partir do dia 23 de outubro.
 

De acordo com a revista, o futuro ministro da mais alta corte do país disse acreditar em “céu e inferno”. Ele ainda afirmou que buscou também na fé o apoio para enfrentar a sabatina dos senadores, descrita por ele como “rigorosa”.

Leia a entrevista

Época Como foi a sabatina?
José Antonio Dias Toffoli Eu fiquei satisfeito porque o Senado foi extremamente rigoroso, como tem que ser com qualquer indicado a cargo público. O Senado atuou de maneira a que todas as questões fossem esclarecidas.

Época O senhor ficou nervoso? Qual foi o sentimento naquele momento?Toffoli De tranquilidade. Se a arguição durasse 10, 14 horas ou dois dias eu estaria com a mesma tranquilidade porque meu dever a ser cumprido como indicado ao Supremo é esclarecer todas as dúvidas que os senadores pudessem ter sobre a minha indicação, sobre os meus conhecimentos jurídicos e meus posicionamentos.

Época O senhor dormiu bem na véspera?
Toffoli O fundamental para enfrentar um momento como esse é estar descansado. Eu dormi com tranquilidade. Não há um dia que eu tenha problema para dormir porque tenho a consciência tranquila.

Época Nem naquele dia?
T
offoli Naquele dia eu dormi oito horas.

Época E como foi a preparação?
Toffoli Eu me dediquei principalmente às visitas individuais. Então, além da arguição que houve na Comissão de Constituição e Justiça, eu tive a oportunidade de ser questionado pessoalmente por praticamente quase todos os senadores. Tive conversas de até duas, três horas. Eu me submeti a sabatinas individuais.

Época O Supremo tem um julgamento bastante polêmico: a extradição do italiano Cesare Battisti. O seu voto pode alterar o desfecho do caso. O senhor se considera impedido de julgá-lo?
Toffoli Eu não me manifesto sobre casos concretos que estão em julgamento ou que possam vir a ser julgados pelo Supremo Tribunal Federal.

Época E aquela Bíblia aberta em cima da mesa? O senhor tem alguma fé?Toffoli Eu sou católico apostólico romano, tenho formação católica sólida, uma família tradicionalmente católica. Tenho um irmão que é padre e um tio já falecido que era monsenhor. Meu pai rezava o terço com os filhos todo dia em casa, ajoelhados. Acredito em Deus, em céu e inferno, na ressurreição de Cristo, na vida eterna. Eu sou uma pessoa de fé.

Época E essa fé te ajudou nesses últimos dias?
Toffoli A tranquilidade vem da fé em Deus. A vivência e a alta responsabilidade que eu assumo a partir do dia 23 só são possíveis de serem enfrentadas, sem dúvida nenhuma, porque eu tenho a consciência de que Deus estará do meu lado.

Época O senhor esperava mais rigor do Senado diante de seus laços políticos com o PT?
Toffoli Eu acho que foi mais rigorosa do que imaginava. Esperava quatro horas de sabatina, mas foram mais de sete. O que me deixa muito feliz, muito satisfeito.

Época A sua atuação como advogado-geral da União e como defensor do presidente Lula em duas campanhas pode contar negativamente na sua atuação no Supremo?
Toffoli A advocacia é uma página virada na minha história. Eu já desencanei da advocacia.

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