Supostas irregularidades

Corregedor decide se afastar para TJ-RJ investigar

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18 de novembro de 2009, 17h53

O corregedor-geral do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, desembargador Roberto Wider, comunicou ao Órgão Especial do tribunal que tirará licença por 30 dias de suas funções à frente da Corregedoria. Em nota à imprensa, Wider, que foi apontado por reportagens do jornal O Globo como elo de suposto lobista junto ao tribunal, disse que o objetivo do afastamento é permitir uma investigação completa do caso pelo TJ fluminense.

Segundo a comunicação, o objetivo da licença “é permitir ao Órgão Especial desta casa que faça uma completa investigação, livre de qualquer ordem de dificuldade que a minha investidura à frente da Corregedoria-Geral pudesse de algum modo representar”.

O desembargador afirmou que apresentou ao Ministério Público, nessa terça-feira (17/11), uma representação contra os autores da reportagem. As notícias foram assinadas pelos jornalistas Chico Otávio e Cássio Bruno. Wider disse que a representação é por crime de calúnia contra funcionário público em suas funções.

“Repudio, uma vez mais, o teor insano e calunioso dessas reportagens com minha máxima veemência e desassombro. Como julgador, confio na Justiça e guardo para mim a mais firme convicção de que tudo será completamente esclarecido e que retornarei com a mesma serenidade e espírito público ao exercício das minhas funções, das quais temporariamente me afasto”, afirmou.

Reportagem do jornal de 8 de novembro diz que o empresário Eduardo Raschkovsky oferece facilidades a políticos e tabeliães, usando como trunfo sua intimidade com juízes e desembargadores, como o corregedor do TJ fluminense. Na campanha contra os chamados fichas-sujas, liderada por Wider, ex-presidente do TRE-RJ, Raschkovsky pediu até R$ 10 milhões para blindar candidatos sob risco de impugnação, ainda de acordo com O Globo. Na época, o desembargador, embora confirmasse a amizade, negou qualquer negócio com o empresário e creditou as acusações a interesses de desestabilizar sua atuação na Corregedoria.

No último domingo, o jornal afirmou que, sem motivação, a Corregedoria está fazendo uma devassa no 15º Ofício de Notas da Capital, com sedes no Centro e na Barra da Tijuca. Segundo a reportagem, a correição extraordinária acontece depois que o cartório rompeu contrato com escritório que tem ligações com Raschkovsky. Em nota ao jornal, a assessoria de imprensa da Corregedoria informou que a inspeção dos serviços judiciais do 15º Ofício de Notas será permanente. O órgão alega que a iniciativa faz parte das funções de “rotina da Corregedoria” ou “são causadas por denúncia de irregularidades”. Com informações da Assessoria de Imprensa da Corregedoria do TJ-RJ.

Leia a comunicação

Prezados colegas do Órgão Especial,

Preocupa-me, sobretudo, em primeiro lugar, a imagem e reputação desta Casa, que desejo íntegra e incólume, como sempre foi e será. Por isso mesmo apresento a Vossas Excelências o pedido de licença por trinta dias das honrosas funções de Corregedor-Geral, de minha parte, um ato condoído de desprendimento pessoal.

Assumo, pessoalmente, o constrangimento íntimo, por certo indescritível, para quem dedicou toda uma vida à causa da Justiça, com o único propósito de permitir ao Órgão Especial desta Casa que faça uma completa investigação, livre de qualquer ordem de dificuldade que a minha investidura à frente da Corregedoria-Geral pudesse de algum modo representar.

Em suma, requeiro e exorto ao meu Tribunal que cumpra em toda linha e às últimas consequências os deveres investigatórios sobre os fatos objetos de sucessivas e recentes reportagens do Jornal O Globo.

Afirmo e reafirmo, nesta oportunidade, que nada devo e nada temo. Repudio, uma vez mais, o teor insano e calunioso dessas reportagens com minha máxima veemência e desassombro.

Como julgador confio na Justiça e guardo para mim a mais firme convicção de que tudo será completamente esclarecido e que retornarei com a mesma serenidade e espírito público ao exercício das minhas funções, das quais temporariamente me afasto.

Reafirmo, como sempre, que continuarei a lutar o bom combate e a contribuir de todas as formas ao meu alcance para a grandeza do Poder Judiciário.

Informo também que, ontem, apresentei junto ao Ministério Público uma representação contra os autores da reportagem pelas notícias difamatórias, por crime de calúnia contra funcionário público em suas funções.

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