Documentos falsos

Camargo Corrêa superfaturou obras, diz Procuradoria

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25 de março de 2009, 21h43

As investigações da Operação Castelo de Areia, deflagrada nesta quarta-feira (25/3) pela Polícia Federal, apontam que a construtora Camargo Corrêa superfaturou obras, fez doações ilegais a partidos políticos e seus funcionários remeteram para o exterior, pelo menos, R$ 20 milhões. As afirmações foram feitas nesta quarta-feira pelo Ministério Público Federal por meio de uma nota oficial. A informação é da Folha de S.Paulo.

A operação prendeu dez pessoas, entre elas quatro diretores e duas secretárias da construtora e três doleiros. De acordo com o portal, os nomes dos detidos não foram divulgados.

Segundo a Procuradoria, a remessa ilegal era feita por meio de doleiros que atuam no Brasil e no exterior. Ainda de acordo com o MPF, eles criaram um sofisticado sistema, que inclui operações de câmbio e transferências bancárias responsáveis pela evasão de, pelo menos, R$ 20 milhões.

A investigação também identificou pelo menos uma obra superfaturada pela Camargo Corrêa, a construção de uma refinaria em Pernambuco, cujo valor ainda não foi divulgado. A operação também identificou doações não declaradas do grupo empresarial a partidos políticos, diz a PF. Os nomes dos políticos envolvidos também não foram divulgados, mas as interceptações telefônicas autorizadas judicialmente indicam que pelo menos três partidos receberam doações, ainda segundo a PF.

O esquema

Segundo a Procuradoria, um dos doleiros envolvidos constituiu uma empresa de fachada em uma estrada de terra no Rio de Janeiro. Essa companhia emitia remessas para o exterior rotuladas como pagamento a fornecedores.

A Procuradoria afirmou que a investigação também identificou um doleiro suíço naturalizado brasileiro que falava o tempo inteiro em código com os diretores da Camargo Corrêa, usando nomes de animais para se referir a pessoas e moedas. Quando não tratavam diretamente com os diretores, os doleiros conversavam com as secretárias, que recebiam e remetiam, por fax, as ordens e instruções de pagamentos em favor da empreiteira, diz o MPF.

“É de impressionar o grau de rapidez e coordenação na efetivação das transações financeiras ilegais, inclusive as internacionais, o intento de simulação para ludibriar as autoridades quanto à sua identificação e destino final dos recursos evadidos, logrando os integrantes da organização criminosa alcançar a lavagem de seus ativos, por meio de fraudes junto ao Banco Central”, afirmou a procuradora da República Karen Louise Jeanette Kahn na manifestação em que pediu as prisões dos investigados.

A Procuradoria afirma que o caso começou a ser investigado depois de uma denúncia anônima recebida pela PF em janeiro de 2008. Nela, era relatada a associação entre diretores da construtora e doleiros para evasão de divisas, câmbio ilegal e lavagem de dinheiro com uso de documentos falsos e laranjas.

Em nota, a Camargo Corrêa se disse perplexa com a operação e afirmou confiar nos funcionários detidos, embora ainda não tenha acesso às informações da PF. “A Camargo Corrêa vem a público manifestar sua perplexidade diante dos fatos ocorridos nesta quarta-feira pela manhã, quando a sua sede em São Paulo foi invadida e isolada pela Polícia Federal, cumprindo mandado da Justiça. Até o momento, a empresa não teve acesso ao teor do processo que autoriza essa ação."

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