Palavra de ministro

Protógenes pode ter cometido graves irregularidades

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10 de março de 2009, 18h01

Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Tarso Genro - interna - Marcello Casal Jr./Agência BrasilO ministro da Justiça, Tarso Genro, afirmou que o delegado Protógenes Queiroz pode ter cometido graves irregularidades durante a Operação Satiagraha. O ministro ressaltou que o inquérito da operação, que investiga o vazamento feito por Protógenes, poderá gerar uma sindicância na Polícia Federal.

“A PF tem que dar exemplo para a sociedade no sentido que ela também sabe cortar na própria carne”, afirmou em entrevista à Agência Brasil. Nesta terça-feira (10/3), a PF decidiu indiciar o delegado pelos crimes de interceptação telefônica sem autorização judicial e violação de sigilo funcional.

O ministro recebeu nesta terça a medalha Mérito Segurança Pública do Distrito Federal, no Clube do Exército, em Brasília. Na cerimônia, ele afirmou que as investigações envolvendo o banqueiro Daniel Dantas não perderam o rumo após o afastamento de Protógenes do comando da operação. Segundo o ministro, o governo acertou quando tomou a iniciativa de afastar o delegado. “Está sendo feito um trabalho para que as investigações estejam cada vez mais dentro da lei”, diz.

Ao comentar a reportagem de Veja sobre a rede de espionagem criada por Protógenes, Tarso disse que, enquanto for ministro e enquanto Luiz Fernando Corrêa for diretor-geral da PF, não haverá “contemplação com quem age fora da regra, seja policial não seja policial”. O ministro, no entanto, ressaltou que não pode afirmar que Protógenes seja culpado, pois somente a Justiça poderá condená-lo.

Em Recife, Protógenes reafirmou que é “forte candidato a carcereiro do banqueiro bandido Daniel Dantas e a inaugurar a primeira penitenciária federal só para banqueiro bandido". Nesta terça, ele participou de um debate com estudantes da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Pernambuco. "Gosto do que faço, pretendo continuar com esse trabalho”, afirmou em entrevista ao Estadão.

Segundo o delegado, a expressão "banqueiro bandido", que usa para se referir a Dantas, é um termo técnico, não denota raiva. "Por que usar a palavra bandido só quando o criminoso é pobre?", questionou. Ele voltou a dizer que não confirma as investigaçãoes divulgadas pela Veja.

A revista revela que a investigação da PF contra o vazamento da Operação Satiagraha descobriu uma rede clandestina de espionagem capitaneada pelo delegado Protógenes Queiroz. O juiz Fausto De Sanctis foi quem presidiu a operação.

Durante essa investigação, a rede Protógenes atingiu membros do Executivo, Legislativo e Judiciário. Também foram investigados ilegalmente advogados, jornalistas e até o filho do presidente Lula, Fábio Luis. Segundo o que foi apurado, o delegado chegou afirmar que agia sob as ordens de Lula.

Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

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