Homenagem no campus

Livro pode viabilizar homenagem a Castro Alves

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24 de junho de 2009, 6h06

Cem anos depois do planejado, o poeta Castro Alves pode ser homenageado com uma coluna de mármore com o seu busto na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. A Editora Lettera.doc e a Associação dos Antigos Alunos da Faculdade de Direito se uniram para lançar o livro Castro Alves e seu tempo. A verba arrecadada com a venda será revertida para a homenagem ao poeta. O livro, que será lançado em 28 de setembro, está em fase de pré-venda e todos que comprarem antecipadamente terão o nome publicado no próprio livro como apoiador do projeto. (Clique aqui para comprar).

A ideia da homenagem surgiu em 1907, quando o Centro Acadêmico da São Francisco lançou uma campanha para a instalação de hermas dos poetas que fizeram parte da vida cultural da faculdade no século XIX. No mesmo ano, o escritor Euclides da Cunha, que vivia no Rio de Janeiro, foi convidado pelos alunos para fazer uma conferência sobre Castro Alves. Com a oportunidade de falar sobre o colega, ele decidiu transformar o evento em um esforço para a construção da herma. Ingressos foram cobrados para a conferência, mas o dinheiro não foi suficiente. Até hoje, apenas o busto de Álvares de Avezedo foi feito.

Em 2007, ao comemorar o centenário do evento, o historiador Cassio Schubsky, da editora Lettera.doc, teve a ideia de publicar a conferência proferida por Euclides da Cunha. “Toda a imprensa dedicou espaço e tempo à visita do escritor que era ilustre na época”, conta, revelando a importância acontecimento na cidade de São Paulo. A conferência aconteceu cinco anos depois da publicação do clássico Os Sertões.

Neste ano, o projeto veio à tona e a editora se uniu à São Francisco no esforço de reverter as verbas da venda da obra para a construção da herma de Castro Alves. Schubsky lembra que a parceria nasceu também pelos objetivos comuns dos envolvidos. "A Faculdade de Direito tem a tradição de cultivar a memória, enquanto a editora é especializada em retratar a história do direito." Ele explica que o objetivo da herma ainda é o mesmo descrito por Euclides da Cunha na época: “Um estímulo ao jovem a cultivar o nome de Castro Alves e seus ideais de liberdade”.

O historiador informa ainda que o projeto está aberto para receber patrocínio e apoio de pessoas físicas e jurídicas. “A verba arrecadada com a venda do livro e os patrocínios deve cobrir os custos da publicação e ainda viabilizar a construção da herma”, explica. A parceria da Editora Lettera.doc e a Associação dos Antigos Alunos da Faculdade de Direito já conta com patrocinadores do segmento jurídico. O lançamento do livro também vai comemorar outro centenário: a morte de Euclides da Cunha em 15 de agosto, aos 43 anos.

Conferência vira livro
Além do ineditismo de transformar a conferência proferida por Euclides da Cunha em livro, a publicação editada pela Lettera.doc terá textos dos dois poetas, cronologias, cartas e curiosidades históricas que permearam o evento de 1907. Segundo o editor, trata-se de um texto mais acessível, comparado as demais obras de Euclides da Cunha. “O livro retrata como foi a presença do poeta em São Paulo, com documentos, fotos e mostra a semelhança entre os dois autores”, explica. Segundo o historiador, Euclides da Cunha foi convidado a falar sobre o poeta porque ele ocupou a cadeira da Academia Brasileira de Letras cujo patrono era Castro Alves. Além disso, diz Cássio Schubsky, a trajetória dos dois se confundia. Ambos eram rebeldes, patriotas e escritores adorados em sua época.

Na conferência, Euclides da Cunha analisa não só a obra de Castro Alves, mas também sua personalidade e a relação dos jovens leitores com o poeta, que o veem como ídolo. Segundo Schubsky, até hoje, jovens que são dedicados a literatura têm uma admiração única pelo escritor. “Na conferência, ele também retrata o momento histórico do Brasil, período imperial até a proclamação da República relacionado com a trajetória e motivações de Castro Alves. Segundo Euclides, ninguém como ele se identificou tanto com o sentimento coletivo”, explica o hostoriador lembrando que Castro Alves ficou conhecido como escritor dos escravos.

O Centro Acadêmico e a editora já têm também ideias para viabilizar a construção de um terceiro busto: do poeta Fagundes Varela.

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