Resultado da Satiagraha

Justiça Federal quebra sigilo de Paulo Lacerda

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19 de junho de 2009, 13h35

A Justiça Federal decretou a quebra do sigilo telefônico do delegado Paulo Lacerda, ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e ex-diretor da Polícia Federal.  A Justiça quer identificar contatos que Lacerda teria feito com o delegado Protógenes Queiroz, mentor da Operação Satiagraha, que investigou o banqueiro Daniel Dantas, do Grupo Opportunity, por crimes financeiros. A informação é do jornal O Estado de S. Paulo.

Lacerda dirigiu a Polícia Federal por cinco anos, de 2003 a 2007. Entre março de 2007 a setembro de 2008, conduziu a Abin. O rastreamento, que dá acesso a dados de janeiro de 2007 a agosto de 2008, expõe o homem que durante seis anos agiu intensamente nos bastidores do poder, ocupando os mais importantes cargos na cúpula do sistema de inteligência do governo Luiz Inácio Lula da Silva. 

A quebra de sigilo foi ordenada pelo juiz Ali Mazloum da 7ª Vara Criminal Federal em São Paulo. Também é alvo da quebra de sigilo o ex-diretor de contrainteligência da Abin, Paulo Maurício Fortunato Pinto. Em 27 de maio, Mazloum mandou a Polícia Federal abrir inquérito para investigar os passos de Protógenes no cerco a Dantas. Por meio do Ofício 2317/09, endereçado ao superintendente regional da PF em São Paulo, delegado Leandro Daiello Coimbra, o juiz inclui Lacerda no rastreamento e empresários que teriam mantido contato com Protógenes, municiando-o com dados sobre o banqueiro.

Protógenes já é réu em Ação Penal na 7ª Vara. Denunciado pelo Ministério Público Federal, que a ele imputa quebra de sigilo funcional e fraude processual – crimes que teria praticado no curso da Satiagraha -, Protógenes mobilizou 84 agentes e oficiais da Abin. A suspeita é que o delegado contou com o apoio direto e orientação de Lacerda. É a segunda investida do magistrado contra área sensível do governo. Em novembro, Mazloum determinou buscas na base de operações da Abin no Rio, onde a PF apreendeu documentos e mídias secretas.

Desta vez, o alvo é Paulo Lacerda, que detém alentada carga de informações estratégicas. É um autêntico arquivo vivo dos bastidores do governo. Sob seu comando, e aval, a PF executou cerca de 400 missões que levaram à prisão magistrados, deputados, empresários influentes e doleiros. Lacerda, agora adido policial na Embaixada do Brasil em Portugal, não foi localizado para falar sobre a quebra de sigilo. À CPI dos Grampos e à PF, em depoimento formal que prestou no inquérito contra Protógenes, ele afirmou não ter tido participação na Satiagraha.

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