Saída de Guantánamo

Preso será defendido por advogados militares

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16 de junho de 2009, 17h16

Um juiz federal de Nova York disse nesta terça-feira (16/5) que vai admitir a presença, em sua corte, de advogados militares na defesa de um acusado de terrorismo. Segundo o juiz Lewis Kaplan, os oficiais superiores desses advogados têm de liberá-los para a defesa de Ahmed Ghailani. Ele é acusado de ter colaborado no ataque a duas embaixadas dos Estados Unidos na África, em 1998, e estava preso na Base Naval de Guantánamo, em Cuba, a 144 quilômetros de Miami. Ahmed Ghailani se diz inocente nos dois ataques, que mataram 124 pessoas, 12 delas norteamericanos.

Segund o site Findlaw, foi o acusado que pediu a presença dos advogados, em quem passou a confiar. Ghailani foi capturado no Paquistão em 2004. O julgamento de Ghailani, primeiro preso em Guantánamo que vai a julgamento em tribunal comum, é um teste importante para o plano do presidente Barack Obama de fechar Guantánamo em sete meses.

Em visita aos Estados Unidos, o premiê italiano Silvio Berlusconi admitiu, nessa segunda-feira (15/6), que pode abrigar três detentos da Base Naval de Guantánamo. A União Européia já admitiu acolher 10 detentos. Desde sua inauguração, logo após os ataques de 11 de setembro, já passaram pela prisão de Guantánamo 775 prisioneiros, classificados como “inimigos combatentes”, sem acusação, processo ou julgamento. Entre os presos, 17 eram menores de 18 anos. Hoje, estão na prisão cerca de 200 prisioneiros de 35 diferentes países, nenhum americano.

Todos foram conduzidos à base mediante a chamada prática de transporte de presos, com uso da CIA, batizada de rendition, e instituída pelo ex-presidente George W. Bush. A melhor tradução para o português é “rendição extraordinária, sem advogados”. A expressão foi criada nos Estados Unidos graças à prisão de Guantánamo. Por essa prática de rendition, suspeitos de terrorismo eram levados para locais desconhecidos e passavam a não ter direitos de verem seus advogados. As oitivas desses extraditados pela CIA dispensavam, na administração Bush, acompanhamento do caso por advogados.

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