Personalidade do Direito

Advocacia perde professor José de Castro Bigi

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16 de janeiro de 2009, 13h44

Arquivo ConJur
Jose de Castro Bigi 3 - por Arquivo ConJur

Morreu na noite dessa quinta-feira (15/1), aos 79 anos, o professor José de Castro Bigi. Sua trajetória como operador do Direito foi marcada por liderança e personalidade forte. Presidente da seccional paulista da OAB por duas vezes (biênio de 1981/1983 e, depois, 1990), ele conduziu importantes conquistas para classe. A criação de subsecções nas capitais e a instalação da Comissão de Direitos Humanos foram algumas delas. Bigi deixa mulher, cinco filhos e seis netos.

O velório acontece durante esta sexta-feira (16/1) na cidade de São Paulo, no Cemitério do Morumbi, que fica na rua Deputado Laércio Corte, 468. O enterro será às 16h no mesmo local.

Castro Bigi nunca escondeu sua paixão pelo futebol. Durante entrevista à jornalista Solange A. Barreira, para o Jornal do Advogado, Bigi afirmou que freqüentou o seu clube do coração, o Corinthians, durante 40 anos de sua vida. Lá, ele foi diretor jurídico, candidato a presidente e, nos últimos anos, conselheiro.

Ainda na advocacia, comandou a Caixa de Assistência dos Advogados de São Paulo (Caasp) e presidiu a Associação dos Advogados de São Paulo (Aasp). Era especialista em Direito de Família, professor de Direito Civil e ex-juiz do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo. Ele também acompanhava de perto as causas de seus sócios no seu escritório, na região dos Jardins, na capital paulista.

“A advocacia paulista está de luto. Poucas lideranças fizeram tanto pela classe como Bigi, que era incansável. Ele teve papel de destaque na luta pela redemocratização do país e contra os desmandos do regime de exceção”, disse o presidente da OAB-SP, Luiz Flávio Borges D´Urso.

D’Urso editou a Portaria 92/09, decretando luto oficial por três dias, devendo as bandeiras serem hasteadas a meio pau em todas as subsecções do estado e unidades da Ordem. O ex-presidente da Aasp, Marcio Kayatt, também lamentou a morte do colega.

O criminalista Alberto Zacharias Toron, conselheiro federal da OAB, não vai comparecer ao enterro porque está em Barcelona. Ele fez questão, no entanto, de prestar sua homenagem. Segundo ele, mas que uma liderança, Bigi era um nome da advocacia muito respeitado pela qualidade de seu trabalho.

“Ele teve uma atuação marcadamente efetiva. Lutou pela democratização do Brasil e colocou a OAB na linha de frente das entidades que se opuseram ao regime de exceção. O professor vai deixar saudade. É uma perda irreparável”, destacou.

Militância

 Bigi também estampou os jornais quando acompanhou, à época na presidência da OAB-SP, os advogados da Folha da Manhã, Ives Gandra Martins e Luís Francisco Carvalho Filho. Agentes da Polícia Federal e da Receita invadiram, no dia 24 de março de 1990, o prédio da empresa Folha a pretexto de comprovar irregularidades na troca de faturas emitidas em cruzados novos por faturas em cruzeiros. Para a direção do jornal, a invasão foi ordenada pelo então candidato Fernando Collor de Mello em  retaliação às críticas feitas pelo jornal à sua candidatura.

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Jose de Castro Bigi 2 - por Arquivo COnJur

“Considero a invasão uma violência estúpida e ilegal. Por trás dos esbirros policiais, está Collor de Mello, a quem não reconheço como presidente da República, mas como usurpador vulgar da Constituição", disse Otavio Frias Filho, na ocasião.

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