Faixa de Gaza

Guerra só acaba com criação do Estado da Palestina, diz ativista

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8 de janeiro de 2009, 18h22

O Hamas é um grupo de resistência que existe porque os palestinos não têm governo, armas, segurança e direitos. Por isso, o histórico conflito com Israel somente acabará quando o povo palestino conseguir o reconhecimento legal de seu Estado. É o que pensa o analista político Husam Bajis, diretor-executivo do Comitê Brasileiro de Interesse Nacional Palestino. “A Faixa de Gaza não tem nenhuma autonomia jurídica e social. Só um governo de unidade dará dignidade a todos os palestinos”, afirma o palestino que mora nos Estados Unidos.

Segundo Bajis, o grupo que comanda a Faixa da Gaza não pratica terrorismo. “Por não ter um governo e um exército, os palestinos não têm proteção. Antes jogavam pedras, agora o Hamas solta foguetes como resistência. É única forma de se defender de Israel”, diz. Para ele, Israel tenta colonizar os territórios palestinos, violando o artigo 49 da 4ª Convenção de Genebra, que proíbe a anexação de territórios por força.

Ele argumenta que o baixo número de israelenses mortos com os foguetes mostra que os atos do Hamas não são terroristas, mas uma atitude de oposição. Dados da ONG Israel Project revelam que, desde 2003, mais de 10 mil foguetes foram lançados no sul de Israel, causado a morte de 28 pessoas.

O analista diz que Israel comete crime de guerra na atual ofensiva, que dura 13 dias e já matou mais de 700 palestinos e 10 israelenses. “Como um país pode atacar um povo que nem exército tem? Isso é um crime de guerra”, afirma. Segundo Bajis, para Israel é interessante mostrar o Hamas como um grupo terrorista para os outros países, já que assim pode justificar seus ataques.

Bajis diz defender a paz. “É preciso um acordo para parar a guerra. Quem está sofrendo com essa situação são mulheres e crianças, que não têm poder para falar.” O analista entende que não adianta acabar com o Hamas. “Se Hamas é eliminado, aparece outro grupo”, avalia. Bajis defende a unidade dos palestinos. “O mundo vai defender a Palestina apenas quando os palestinos demonstrarem união”, conta.

Para o analista, Barack Obama, que assume a Presidência dos Estados Unidos este mês, não ajudará a mudar a situação. “Eles têm muitos problemas na economia. Não vão fazer coisas diferentes”, explica.

Bajis acredita que o Brasil pode ter papel de destaque neste conflito, lembrando que o país defende tanto a legalidade da Organização para Libertação da Palestina quanto da Autoridade Nacional Palestina. Por isso, o comitê que dirige defende a entrada do país no Conselho de Segurança da ONU. “O Brasil é um exemplo de país onde a convivência entre árabes e judeus é pacífica”, afirma o palestino.

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