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MJ não explica deportação de boxeadores cubanos

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28 de fevereiro de 2009, 9h55

Os dois boxeadores cubanos Erislandy Lara e Guillermo Rigondeaux , que ficaram conhecidos ao abandonar a delegação cubana durante os Jogos Pan-Americanos no Brasil, fugiram de Cuba mais uma vez, nesta semana. Foram para Miami, nos Estados Unidos, onde estão na condição de refugiados.

Em 2007, depois de terem abandonado a delegação cubana que participava dos Jogos Pan Americanos no Rio de Janeiro, foram presos e deportados para Cuba. Na ocasião, o Ministério da Justiça explicou que os dois queriam voltar para a ilha. O governo de Fidel Castro, que havia prometido não puni-los. As duas afirmações eram falsas, como comprova a nova fuga dos pugilistas. Agora, depois de eles abandonarem Cuba mais uma vez, o Ministério da Justiça explicou à Consultor Jurídico que os boxeadores não ficaram no Brasil simplesmente porque não pediram. O que também soa falso.

É mais fácil acreditar nos proprios boxeadores que, já refugiados nos Estados Unidos,  afirmam que não queriam ter saído do Brasil. Eles dizem que querem visitar o país para lutar e não guardam mágoa. “Sinceramente, até hoje não entendi o que ocorreu e por que voltamos a Cuba”, disse Lara em entrevista ao Estado de S. Paulo. 

Para dizer que não há perseguição, o Ministério da Justiça, dirigido hoje por um especialista em conceder refúgio a estrangeiros,  cita ainda o caso de três músicos cubanos que se recusavam a voltar para Havana em 2007 e conseguiram refúgio no Brasil. O trio integrava a banda Los Galanes, que fazia uma excursão em Pernambuco. Os três fugiram da pousada onde estavam hospedados.

Rigondeaux, de 27 anos, é campeão mundial e olímpico da categoria 54 quilos. Ele deve ser contratado pela empresa alemã Arena Box Promotion. “Queremos que Rigondeaux faça parte da Arena Box e vamos dar todo o apoio para que cumpra seu sonho de ser campeão mundial profissional”, afirmou a empresa.

Lara conta que usou uma lancha em uma praia afastada no meio da noite no final do ano passado e conseguiu chegar ao México. Rigondeaux também usou o México como plataforma para depois atingir Miami, no último domingo (22/2). Os dois pugilistas foram incentivados pela empresa alemã.

A empresa admite que aposta suas fichas neles. “Rigondeaux e Lara serão campeões”, diz o empresário Luís de Cubas, representante da Arena Box. Em sua primeira luta nos Estados Unidos, em 9 de janeiro, Lara venceu por nocaute.

Entusiasmado com sua nova vida, Lara adotou discurso contra o regime de Havana. “Há tantos problemas em Cuba que eu não poderia começar a explicá-los. Em primeiro lugar, não há comida. As pessoas sofrem muito”, afirma.

Farah Colina, mulher de Rigondeaux, afirmou que o marido fugiu por não ter mais chance de voltar ao esporte. “Tinha o anseio, a esperança de que lhe dessem uma nova oportunidade e era isso o que estava esperando, mas nada lhe disseram”, declarou Farah em um encontro com jornalistas em sua casa em Havana. Rigondeaux fugiu acompanhado de outros três pugilistas que poderiam ser Judel Johnson, Yordanis Despaigne e Yudier Dorticós.

Outro caso envolvendo deserções de atletas cubanos aconteceu em março de 2008, quando cinco jogadores da seleção de futebol masculina que disputavam o Pré-Olímpico da Concacaf ficaram nos Estados Unidos.

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