Viagem inoportuna

Ministro da Justiça da Espanha deixa o cargo

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23 de fevereiro de 2009, 20h28

O ministro da Justiça da Espanha, Mariano Fernandez Bermejo, anunciou sua renúncia após ter sido criticado por ter feito uma viagem com o juiz Baltasar Garzón. Segundo a BBC Brasil, Bermejo é acusado de interferir em um inquérito. A viagem ocorreu um dia depois de o juiz ter determinado a detenção de vários empresários e integrantes do partido de oposição, o Partido Popular, em um inquérito de corrupção.

Durante uma coletiva de imprensa, Bermejo disse que foi uma coincidência "inoportuna" ele e Garzón terem participado da mesma viagem de caça em Andalucia este mês. Ele afirmou que mal cumprimentou o juiz. O ministro também pediu desculpas por caçar em uma região que não tem licença para a prática, um delito que prevê uma pena de multa de até 4 mil euros (cerca de R$ 12 mil).

O líder do Partido Popular, Marian Rajoy, acusou Bermejo de usar a investigação para fins políticos, antes das eleições regionais no país Basco e na Galícia no domingo. "Ao renunciar, Bermejo admite sua responsabilidade política e encerra um pavoroso período como ministro", disse. "Porém, isto não esclarece o pior de tudo: a conivência de Bermejo com Garzón."

Na sexta-feira, Garzón foi levado ao hospital após um ataque de ansiedade. O juiz se tornou conhecido no fim dos anos 90, quando fez uma campanha pela extradição do ex-líder militar do Chile, Augusto Pinochet, de Londres para a Espanha por violação dos direitos humanos.

Em uma entrevista, Bermejo anunciou que estava submetendo sua renúncia para o bem do gabinete do governo e de seus colegas de partido. "Não posso tolerar o uso que está sendo feito disso contra aqueles de nós que estão trabalhando pelos ideais do governo Socialista", afirmou.

Francisco Caamano, o secretário de Estado para relações com o parlamento, foi nomeado para substituir Bermejo.

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