Cumplicidade britânica

Ex-preso de Guantánamo afirma ter sido torturado

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23 de fevereiro de 2009, 17h38

Depois de passar quatro anos e meio na prisão americana de Guantánamo, um etíope, ex-morador britânico, afirma ter sido brutalmente torturado em uma instalação da CIA em Marrocos. Em suas primeiras declarações, Binyam Mohamed acusou o governo americano de ter orquestrado sua tortura e acusa agentes britânicos de cúmplices. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

"Devo dizer, com tristeza, que muitos foram cúmplices de meus horrores durante os últimos anos. Para mim, o pior momento foi quando me dei conta em Marrocos que as pessoas que me torturavam recebiam perguntas e material da inteligência britânica", afirmou, em nota.

"É difícil crer que fui sequestrado, levado para outro país, tudo de forma medieval e orquestrado pelo governo dos Estados Unidos”, disse. Quando desembarcar em Londres, Mohamed será recebido por médicos, advogados, familiares e amigos.

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, decisão do governo americano de libertar o etíope é resultado de a uma solicitação formal do Reino Unido aos EUA, feita em agosto de 2007, pedindo para que os cinco moradores britânicos remanescentes na prisão em Cuba fossem libertados.

O etíope foi preso no Paquistão em abril de 2002 e levado para Guantánamo em 2004. Ele foi acusado de treinar em campos da Al-Qaeda no Afeganistão e de planejar a explosão de uma bomba radioativa nos EUA. Nenhuma prova foi encontrada e ele sequer foi acusado formalmente.

Os EUA negam que ele tenha sido submetido a "rendição extraordinária”. O Marrocos sempre negou que o tenha detido no país. A Alta Corte britânica decidiu que a evidência da tortura a que foi submetido permaneça em sigilo, depois de os EUA afirmarem que a sua divulgação poderia ameaçar a cooperação no setor de inteligência entre Washington e Londres.

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