2010 vai comemorar Miguel Reale e Joaquim Nabuco
29 de dezembro de 2009, 6h10

Centenário de nascimento de Miguel Reale
Um dos maiores juristas brasileiros, com larga reputação internacional, o paulista Miguel Reale, do pequeno município de São Bento do Sapucaí, completaria cem anos de nascimento no próximo dia 6 de novembro.
Professor de Filosofia do Direito na Universidade de São Paulo, doutrinadorinovador, Reale se consagrou não só pela original contribuição ao mundo jurídico (com destaque para a Teoria Tridimensional do Direito), mas por sua multifária atividade, como filósofo e fundador do Instituto Brasileiro de Filosofia, secretário estadual da Justiça de São Paulo em dois períodos, reitor da Universidade de São Paulo também por duas oportunidades, advogado, crítico literário, ensaísta e poeta.

Muito se deverá debater o legado, as lições e também o engajamento do educador e do político Miguel Reale. É certo que as instituições do mundo jurídico brasileiro, como a Ordem dos Advogados do Brasil, o Instituto dos Advogados de São Paulo e a Associação dos Advogados de São Paulo, entre outras, estarão juntas na celebração do centenário, promovendo simpósios e homenagens diversas. Assim, em 2010 se irá revisitar sua trajetória e contribuição para o Direito, para a Filosofia e para as Letras, enfim, para a cultura no País.

Criado por decreto do presidente Getúlio Vargas, em novembro de 1930, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil chega aos oitenta anos de existência com uma rica história para contar.
O fortalecimento das prerrogativas da advocacia e as principais conquistas da cidadania estão entrelaçados com a trajetória da OAB. A entidade tornou-se referência nacional de lutas cívicas, ao lado de outras organizações não-governamentais, como a ABI (Associação Brasileira de Imprensa) e a CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil).
Apenas para citar alguns poucos exemplos, entre tantos outros possíveis, a Ordem dos Advogados do Brasil teve papel decisivo na resistência à ditadura militar implantada em 1964 (apesar de inicialmente o Conselho Federal ter apoiado a deposição do presidente constitucional João Goulart) e no impeachment do então presidente da República Fernando Collor de Mello.
Em resumo, não é possível contar os últimos oitenta anos da História do Brasil sem fazer referência ao Conselho Federal da OAB. E vice-versa. Quer dizer: não é possível contar os oitenta anos da História do Conselho Federal da OAB sem fazer referência à própria História do Brasil.

O ano que vem também marca os cem anos do falecimento de um de nossos maiores homens do mundo do Direito e da própria inteligência nacional: Joaquim Nabuco.
Estudante de Direito em Recife e em São Paulo, Nabuco é um dos principais nomes da luta travada em prol da abolição da escravatura, sobretudo por seus vibrantes discursos parlamentares e escritos políticos (caso da obra “O Abolicionismo”). Também é um dos baluartes da defesa da liberdade religiosa no País, uma conquista democrática que se consolidou com a Proclamação da República – vale dizer que Nabuco era, no entanto, monarquista convicto.
Estudioso da política brasileira, escreveu um verdadeiro compêndio de História do Brasil (“Um Estadista do Império”), em homenagem a seu pai, o senador Nabuco de Araújo, que foi ministro da Justiça de Pedro II.
Diplomata, Joaquim Nabuco foi embaixador do Brasil nos Estados Unidos da América, atuando também na França e na Inglaterra. Escritor de brilho, ajudou a fundar a Academia Brasileira de Letras, tendo sido seu primeiro secretário-geral, sob a presidência de Machado de Assis.
Outros fatos da maior importância histórica para o País também estarão na pauta da História do Direito no ano que está para começar. Por exemplo: a Revolta da Chibata, que completa 100 anos e que foi motivada pela sedição de marinheiros inconformados com a pena de chibatadas aplicada pela Marinha do Brasil, mesmo após mais de vinte anos da Proclamação da República. A revolta dos marinheiros, afinal, foi uma luta popular para mudar a lei e corrigir uma injustiça – eis por que voltaremos a tratar dela no ano que vem.
Para quem gosta não só de Direito e História, mas também de samba e futebol, como este escriba, 2010 reserva muita emoção e outras importantíssimas efemérides, com os centenários de nascimento do compositor Noel Rosa e de fundação do glorioso Sport Club Corinthians Paulista, classificado para a disputa pelo título ainda inédito da Libertadores da América, tudo em ritmo de Copa do Mundo da África do Sul.
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