Véspera de eleição

Esquenta debate no Chile sobre a Lei de Anistia

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8 de dezembro de 2009, 12h29

A seis dias das eleições presidenciais no Chile, o cenário político se embaralha por causa de uma proposta sugerida pelo candidato e ex-presidente Eduardo Frei Ruiz-Tagle, da Concertación (progressista). Ruiz-Tagle defende a revisão da Lei de Anistia. O assunto é polêmico e divide opiniões entre os eleitores chilenos que sofreram com 17 anos de ditadura, mortes e desaparecidos políticos. Filho do ex-presidente Eduardo Nicanor Frei Montalva (1964-1970), o candidato afirma que defende os direitos daqueles que, como seu pai, foram vítimas do período militar. As informações são da Agência Brasil.

Para analistas políticos, a ideia seria uma manobra política para atrair eleitores, uma vez que as pesquisas de opinião indicam que as diferenças entre os candidatos são mínimas. Mas pelas últimas indicações, o empresário Miguel Sebastián Piñera, da coligação Alianza (conservadora), lidera as intenções de voto, seguido por Ruiz-Tagle e Marco Enriquez-Ominami Gumucio, independente.

Observadores brasileiros afirmam que historicamente o assunto "anistia" provoca os ânimos dos chilenos, mas as circunstâncias econômicas e políticas não favoreceriam um novo debate. De acordo com os analistas, a proposta de Ruiz-Tagle incitará a associação entre Sebastián Piñera e alguns de seus correligionários que apoiaram a ditadura, mas não deverá promover mudanças efetivas.

Sebastián Piñera e Enriquez-Ominami criticaram, nesta segunda-feira (7/12), duramente Ruiz-Tagle. Para Enriquez-Ominami, levantar o assunto de revisão de anistia às vésperas das eleições é uma hipocrisia, enquanto Sebastián Piñeira reclamou que o assunto divide opiniões no momento em que o objetivo é unir forças em favor de uma questão democrática — as eleições.

No dia 13 de dezembro, os eleitores chilenos irão às urnas. O voto no Chile é obrigatório para todos com mais de 18 anos e estrangeiros, que moram no país há  mais de cinco anos. As zonas eleitorais serão abertas às 7h e fechadas às 16h. De acordo com as pesquisas de opinião, deverá ocorrer segundo turno no Chile, em 17 de janeiro. O presidente eleito assume o cargo no dia 11 de março.

Pela primeira vez, nas últimas duas décadas, as eleições no país ocorrerão sem a presença do ex-presidente e ditador Augusto Pinochet — morto há seis anos. Alvo de admiradores incondicionais e críticos radicais, Pinochet atuou nos bastidores políticos do país mesmo quando afastado do poder. Foi um dos mais temidos ditadores da América Latina, governando o Chile por 17 anos (1973 a 1990). O general comandou o golpe militar que derrubou o governo do presidente socialista, Salvador Allende. Foi acusado de uma série de crimes, como o desaparecimento de mais de 3 mil pessoas durante a ditadura. 

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