Coluna do Haidar

A palmatória do senhor reitor

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14 de abril de 2009, 16h44

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O ex-reitor da UnB, Timothy Mulholland, cansou de ser vidraça e decidiu virar estilingue. Entrou na semana passada com interpelação judicial na 4ª Vara Criminal do DF contra a estudante Catharina Lincoln, diretora do centro acadêmico da Universidade.

Ele resolveu partir para o ataque depois de ler a seguinte declaração da aluna aos jornais: “Somos contra ele dar aulas depois de tudo o que fez. Ele desviou verbas da pesquisa e está dando uma disciplina de pesquisa”. O professor quer que a estudante prove o desvio de verbas.

Lavando a honra
Bem ao estilo do ex-secretário-geral do governo FHC, Eduardo Jorge, o ex-reitor da UnB ensaia processar quem o acusa sem provas. Timothy voltou a dar aulas mês passado. Há quase um ano, deixou a direção da Universidade sob uma saraivada de acusações de ter torrado dinheiro público para decorar com móveis de luxo o apartamento funcional que ocupava. Ganhou o apelido de Sultão da UnB.

Páreo de seis
Além do argentino Hector Torres, o governo brasileiro enfrentará outros dois juristas latino-americanos e dois europeus para emplacar a ministra Ellen Gracie na vaga de juiz do Órgão de Apelação da Organização Mundial de Comércio. Costa Rica, México, Bélgica e Holanda também querem a vaga deixada pelo advogado brasileiro Luiz Olavo Baptista.

Todos os concorrentes latinos têm experiência na área de comércio internacional. Hector Torres é ex-representante da Argentina no FMI. Costa Rica indicou seu ex-embaixador na OMC Ronald Soto. Já o advogado mexicano Ricardo Ramirez comanda a área de comércio de um respeitadíssimo escritório de advocacia.

Os dois europeus já atuaram na própria OMC, em diferentes departamentos.Já a experiência internacional da ministra brasileira se resume a suas atividades como turista, dizem.

Cadeira verde e amarelo
A campanha de Ellen vende a imagem de que ela revolucionou o Poder Judiciário brasileiro tornando-o mais eficiente. Sustenta ainda que a vaga deve continuar com o Brasil, já que foi aberta com a saída do brasileiro Baptista, por razões pessoais. Ellen viaja esta semana para Genebra, onde será sabatinada dia 22.

Se não emplacar a ministra agora, o governo ainda pode trabalhar sua candidatura para a vaga que será aberta em dezembro, no mesmo colegiado da OMC, quando se encerra o mandato do italiano Giorgio Sacerdoti.

Boi na linha
Com a quebra do sigilo telefônico do delegado Protógenes Queiroz  ficou-se sabendo que ele usou seu Nextel para falar com o jornalista Robinson Cerântula, cinegrafista da TV Globo, uma hora antes do almoço no El Tranvia, onde foi filmada suposta tentativa de suborno de policiais federais por funcionários do Opportunity. Falou também com o mesmo jornalista antes de a Polícia sair para prender os acusados na Satiagraha, na sua deflagração.

Panos quentes
O delegado Amaro, que investiga o vazamento de informações da Satiagraha, não ficou com boa impressão do juiz Fausto de Sanctis. O juiz negou-se a colaborar com as investigações sobre as irregularidades praticadas por Protógenes. Amaro precisava saber, por exemplo, se as dezenas de pessoas investigadas ou gravadas haviam sido monitoradas com ordem judicial. Sanctis agiu da mesma forma que o Ministério Público. Amaro Vieira chegou a supor que era desejo de todos apurar a verdade, mas já acha que tem gente querendo esconder alguma coisa.

Será que pega?
Piada que corre em Brasília: caso saia candidato pelo PSOL (o PDT do deputado Paulinho da Força também o quer como candidato), o slogan de campanha do delegado Protógenes Queiroz já está pronto: “Protógenes, o homem que escuta você”!

Qualidade legislativa
Quem disse que o Congresso não legisla? Na semana passada, parlamentares aprovaram e o presidente Lula sancionou cinco leis vitais para o ordenamento jurídico nacional. Duas alteram nomes de aeroportos e três dão nomes a pontes. Exemplo: “Lei nº 11.919, de 9.4.2009 — Denomina Ponte João Monteiro Barbosa Filho a ponte transposta sobre o Rio Tacutu, na BR-401, Km 133, nos Municípios de Bonfim e Normandia, no Estado de Roraima”. O relevante projeto que deu origem à lei tramitava no Congresso há quase sete anos.

OAB sem papel
Pela primeira vez, os mais de cem mil advogados do Rio de Janeiro vão escolher o presidente da seccional fluminense por meio da urna eletrônica, a mesma utilizada pelo TSE. Até hoje, só os advogados da capital tinham direito ao voto eletrônico. O atual presidente, Wadih Damous, fez acordo que estende o sistema para todo o estado. A eleição será em novembro e o Tribunal Regional Eleitoral vai fornecer 500 urnas para as 57 subseções da OAB-RJ.

Falou e Disse
“Eu não estarei na Presidência quando for assinado o terceiro pacto pelo Judiciário, mas o Sarney estará na do Senado.”
Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República, na assinatura do II Pacto Republicano de Estado por um Sistema de Justiça mais Acessível, Ágil e Efetivo, arrancando risos até do próprio José Sarney — imortal, ao menos na ABL.

fotos/Agência Brasil - Montagem/Jeferson Heroico
Óculos Toffoli - fotos/Agência Brasil - Montagem/Jeferson Heroico
FORA DOS AUTOS

Os óculos do senhor ministro
Quando tomou posse do cargo de advogado-geral da União, José Antônio Dias Toffoli usava óculos com armações vistosas, em preto e branco. O ministro tem uma coleção com mais de 30 óculos e escolhe as armações de acordo com a ocasião.

Na fila de cumprimentos, o hoje ministro da Defesa, Nelson Jobim, não se conteve, e comentou: “Mas Toffoli, essa armação não é coisa de ministro. Não é coisa de…”.

“De homem, Jobim? Não é coisa de homem. É isso que você quer dizer?”, completou Toffoli. Ambos riram.

Uma interlocutora que estava ao lado ouviu a brincadeira e arrematou: “Os homens podem reparar nos óculos. Mas as mulheres reparam em outros atributos”.

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