Eu, a lenda

Leia esboço da autobiografia do delegado Protógenes

Autor

4 de abril de 2009, 12h15

Prolífico em bisbilhotar a vida dos outros, o delegado Protógenes Queiroz parece lacônico quando se trata de vasculhar seu próprio passado. A revista Consultor Jurídico publica, com exclusividade, o esboço que Queiroz fez de sua autobiografia. Ela consta dos arquivos (ao todo 8 gigabytes) que a Corregedoria da Polícia Federal apreendeu num quarto de hotel, mantido pelo delegado em São Paulo. O delegado batizou o arquivo da autobiografia assim: “Livro Protógenes a Lenda”.

O livro está ao lado de milhares de arquivos que constituem a melhor prova material de que o delegado corregedor Amaro Vieira Ferreira dispõe para ter concluído que Protógenes vazou dados sigilosos da Operação Satiagraha – que culminou com a prisão temporária do banqueiro Daniel Dantas. Os arquivos são usados contra Protógenes na sustentação de que ele violou direitos profissionais de advogados e feriu a lei de interceptações telefônicas, entre outras irregularidades.

Conheça o que seria o abre do livro “Protógenes a Lenda”

TEXTO

I – INFÂNCIA

Nascido em Salvador-BA, no dia 20 de maio de 1959, no bairro Mares, na base Naval, por meio de uma parteira. Seu pai Militar da Marinha de Guerra, 3º. SGT , instrutor aviação naval, de origem portuguesa de fazendeiros do sertão baiano, com traços físicos branco, loiro de olhos azuis e era chamado carinhosamente de senhorzinho. Sua mãe negra de origem africana de família humilde semi-analfabeta. Logo, após o nascimento seu pai foi transferido para o Estado do Rio de Janeiro, acompanhado do Almirante Protógenes Guimarães, seu amigo pessoal o qual nutria grande admiração e respeito. Por conta deste fato e em homenagem ao amigo, o nome dado aquele menino, filho querido e primeiro do segundo casamento foi batizado com o nome de Protógenes Pinheiro de Queiroz. Aos três meses de idade juntamente com o outro irmão por parte de mãe e levado num avião da FAB para junto de seu pai no Estado do Rio de Janeiro. Primeiramente passou parte de sua infância no bairro Barreto, Niterói, antigo Estado da Guanabara e aos sete anos a família mudou-se para a cidade de São Gonçalo-RJ, onde passou a sua infância estudando em escolas públicas e privadas, finalizando o segundo grau no Colégio Dom Helder Câmara, posteriormente cursou a graduação em Direito na Faculdade Brasileira de Ciências Jurídicas e logo a seguir pós-graduou-se em Direito Privado pela Universidade Federal Fluminense.

Na infância no período do curso ginasial no Colégio Público Municipal Presidente Castelo Branco, na cidade de São Gonçalo, recordo boas passagens em especial do Professor de geografia chamado Daniel, que a todo tempo deixava uma mensagem subliminar em suas aulas que nós alunos daquela escola, éramos de família pobre e nossas oportunidades e chances de vencer na vida eram muito pequenas, mas dependia do nosso esforço e caráter para fazermos parte daquela sociedade que se formaria no futuro sem opressão e repressão as liberdades individuais, até porque vivíamos num regime controlado por militares.

Mas para mim servia muito as observações do professor Daniel, pois me ajudava no diálogo com meu pai, pois este fazia parte do regime militar, inclusive foi amigo pessoal do Presidente Castelo Branco e do Vice-Presidente Augusto Radmaker, a quem troca correspondências. Então quando podia já naquela ocasião questionava certas situações com o pai e este respondia com ações, quais sejam: Na residência dos Queiroz não tinha televisão e sim rádio, logo ouvia-se Ave Maria todos os dias as 18.00 hs, Julio Louzada, ato continuo o Jornal a Voz do Brasil e o repórter Esso. Feito isto fazia-se uma leve refeição sopa, café ou cha. Só assim é que todos poderiam dormir. Os pais eram muito católicos.

Naquele ambiente familiar ainda era obrigatório a leitura dos principais jornais de grande circulação e o jornal local da cidade. Talvez daí a compulsividade por leitura de todos os jornais e revistas.

Outra passagem que recordo fantástica foi no segundo grau já no Colégio Dom Helder Câmara, onde fundei um Jornal chamado ALERTA GERAL e durante uma feira de ciência na escola, realizamos um trabalho de maneira sigilosa e transformamos o espaço destinado a nossa apresentação em uma sala contendo vários objetos representativos de uma  sala de tortura, com: pau-de-arara, maquina de choque, etc… . Moral da história o nosso jornal foi recolhido inclusive, uma professora foi recolher alguns exemplares em nossa casa e posteriormente teve uma reunião com todos os membros da equipe de trabalho.

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