Crime em Umuarama

Juiz preso sob suspeita de ter mandado metralhar casa de colega

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28 de setembro de 2008, 14h35

Um juiz federal da 4ª Região foi preso neste sábado (27/9) sob a acusação de estar envolvido no atentado contra a casa do juiz federal Luiz Carlos Canalli, ocorrido na madrugada do dia 19 de setembro, em Umuarama, município localizado no noroeste do Paraná. O nome do juiz não foi divulgado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, responsável pelo decreto de prisão.

Canalli, que é diretor do Fórum Federal de Umuarama, foi acordado por tiros de pistola 9 mm disparados contra a fachada de sua casa. Testemunhas relataram que os autores dos disparos estavam em uma moto. Esta foi a segunda tentativa de homicídio contra juízes federais ocorrida em sete meses na cidade.

A primeira foi contra o juiz Jail Benites de Azambuja, que teve o carro baleado no dia 28 de fevereiro. Neste caso, contudo, há a suspeita de que ele mandou balear o próprio carro para simular o atentado. Com base nessa informação, a Justiça Federal da 4ª Região decidiu remover o juiz. Antes da remoção, a casa de Canalli foi metralhada.

Há muitas hipóteses e poucas certezas. Uma das certezas é de que o atentado não foi externo. A dúvida é se Jail Benites de Azambuja teria se vingado do colega que participou da investigação que concluiu que o atentando de fevereiro teria sido simulado.

O conselheiro federal da OAB, Alberto Zacharias Toron, comentou a prisão. Para ele, “é muito grave um juiz ter participado de um atentado contra outro juiz e tal fato merece uma investigação rigorosa”. Toron elogiou a posição do TRF-4 de manter o sigilo sobre o nome do juiz, até que as suspeitas sejam comprovadas. “Louvo o Tribunal Regional Federal por manter tal posição.”

Luiz Flávio Borges D´Urso, presidente da OAB paulista, também considera grave a acusação. “A simples suspeita já é extremamente séria e reclama uma investigação absolutamente isenta, profunda e criteriosa a fazer com que a verdade surja. É claro que a esse juiz também se aplica o princípio da presunção de inocência”, defende D´Urso. Segundo ele, se comprovada a suspeita, “é preocupante saber que um juiz usou o seu poder de Estado para atentar contra a vida de outro juiz, que tem o mesmo poder. O que se vê aí é um atentado contra a sociedade”, diz.

O juiz aposentado Luiz Flávio Gomes afirmou ser “eticamente chocante” a acusação. “Juiz não pode ser criminoso.”

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